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Capital

Em semana chuvosa, travessia em ruas no Noroeste é missão quase impossível

"Piscinas de lama" são comuns depois das chuvas e moradores relatam os problemas que passam no local

Por Silvia Frias e Idaicy Solano | 10/04/2024 10:24
Nivaldo diz que já caiu na rua ao tentar passar a pé ou de bicicleta (Foto: Paulo Francis)
Nivaldo diz que já caiu na rua ao tentar passar a pé ou de bicicleta (Foto: Paulo Francis)

Nivaldo Cordeiro Gomes, 36 anos, já perdeu as contas de quantas vezes já caiu na rua Martim de Sá, no Jardim Noroeste, ao tentar vencer os buracos, a pé ou de bicicleta. A situação é agravada pelo fato de ele usar uma prótese na perna e ter convulsões, precisando de cuidados médicos, socorro que é sempre incerteza se a ambulância consegue passar ou não pela via.

“Como é que vem o Samu, como é que entra um carro? Aqui é muito complicado, motorista de aplicativo aqui é a coisa mais difícil do mundo, não entra”, diz a aposentada Edeltrude Cordeiro, 69 anos, mãe de Nivaldo, que mora na casa vizinha do filho, que fica entre as ruas Senador Vergueiro e Osasco, no Jardim Noroeste. As convulsões fazem parte de sequela de acidente de moto, ocorrido em 2009 e que provocou também a amputação de uma das pernas.

Carro enfrenta lama e poça para passar por rua no Jardim Noroeste (Foto: Paulo Francis)
Carro enfrenta lama e poça para passar por rua no Jardim Noroeste (Foto: Paulo Francis)

A aposentada diz que, apesar da obra em andamento, se sente esquecida, pois as ruas no bairro estão “cheias de crateras”. "São as valas abertas para instalação das manilhas no projeto de drenagem. Já dei entrevista, há seis meses, e nada mudou."

“As ruas, é tudo muito difícil, cheia de barro, tudo bagunçado, abandonaram a gente”, lamentou Nivaldo. Ele contou que, há algum tempo, um carro funerário atolou quando saía do bairro, levando o corpo de uma moradora da região.

O atoleiro, aliás, é situação recorrente, segundo o repositor Anselmo Pereira, que mora na Rua Urupês, linha de ônibus e onde, por dois dias seguidos, o coletivo atolou.

Depois que as obras começaram, diz que a situação piorou por conta da combinação das valas abertas, chuva e lama. “Passar de moto é passar para cair”, diz. Um colchão velho foi colocado no meio da via para ajudar na travessia de pedestres.

Rua Três Poderes, no Bairro Vivendas do Parque, é "piscina de lama" (Foto: Paulo Francis)
Rua Três Poderes, no Bairro Vivendas do Parque, é "piscina de lama" (Foto: Paulo Francis)

O motorista de aplicativo Vitor Rafael Cordeiro Inácio, 32 anos, mora no Jardim Noroeste e diz que evita fazer corridas no bairro. “A gente tenta sair, pegar viagem ou sai daqui sem viagem mesmo. Lá para baixo [Urupês], está pior ainda”.

Vitor diz que o prejuízo é grande e já gastou cerca de R$ 300,00 depois que “arregaçou o para-choque”. “Em um mês, sete carros já atolaram aqui”, contou. “Isso é linha de ônibus, um absurdo estar assim”.

A reportagem deu volta nas ruas do Jardim Noroeste e na região próxima, no Chácara dos Poderes. O cenário é semelhante: ruas sem asfalto, com valas abertas por conta da obra, fundas o que impossibilita a passagem de carros. Onde não há previsão dos trabalhos, tem lama e terra fofa, fazendo com que o pedestre afunde. Até a repórter do Campo Grande News atolou e precisou de ajuda do repórter fotográfico para ser “içada”.

Colchão foi colocado para ajudar na travessia de pedestres onde atoleiro é comum (Foto: Paulo Francis)
Colchão foi colocado para ajudar na travessia de pedestres onde atoleiro é comum (Foto: Paulo Francis)

Conforme a assessoria da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), o Jardim Noroeste passa por grande obra de drenagem e pavimentação na Rua Urupês, que irá amenizar os problemas de alagamentos em períodos de chuva nos bairros vizinhos, como o Jardim Veraneio e a Chácara dos Poderes. Além disso, está sendo realizada manutenção nas Ruas Indianápolis, Bruxelas e Esmeraldo Maluf.

A informação é que a chuva atrapalha o cronograma e é preciso esperar o solo secar para a retomada da obra.

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