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Capital

Empresa de alvo de operação levou R$ 7,7 milhões e é “faz-tudo” em 39 atividades

Mamed Dib Rahim representa a Engenex Construções em contratos com a prefeitura

Aline dos Santos | 16/06/2023 11:52
Mamed Dib Rahim durante depoimento na CPI do Calote, em julho de 2013. (Foto: Câmara Municipal)
Mamed Dib Rahim durante depoimento na CPI do Calote, em julho de 2013. (Foto: Câmara Municipal)

Alvo pela segunda vez do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o empresário Mamed Dib Rahim depôs contra o prefeito Alcides Bernal (PP) na CPI do Calote, levou R$ 7,7 milhões em contratos com a prefeitura de Campo Grande (entre 2018 e 2020) e é investigado por fraude no fornecimento de cestas básicas na pandemia de covid.

Na quinta-feira (dia 15), Rahim, de 52 anos, voltou a ser alvo de operação, desta vez da ação batizada de Cascalho de Areias, em que o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) investiga contratos de R$ 300 milhões da prefeitura de Campo Grande.

A apuração é sobre crimes de peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, relativos a contratos para manutenção de vias não pavimentadas e locação de maquinário de veículos.

Mamed Dib Rahim assina contratos com a administração municipal em nome da Engenex Construções e Serviços Eireli. Em outubro de 2020, a empresa foi contratada pela prefeitura para manutenção de vias públicas não pavimentadas (estradas vicinais). O valor foi de R$ 1.977.973,67.

Na data de 23 de agosto de 2018, mais dois contratos com a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos): R$ 3.448.107,58 para execução de manutenção de vias não pavimentadas, com revestimento primário, na região urbana do Lagoa; e de R$ 2.331.229,37 para manutenção de vias não pavimentadas na região do Imbirussú.

Trinta e nove serviços - Na Receita Federal, os donos da Engenex são Edcarlos Jesus Silva e Paulo Henrique Silva Maciel. A empresa foi aberta em 2011 e tem capital social de R$ 950 mil. A principal atividade é a construção de prédios. A empresa tem 38 atividades secundárias, como paisagismo, limpeza, locação de mão de obra, aluguel de máquinas, coleta de resíduos e construção de rodovias.

Já em processo contra a empresa por acidente de trânsito, que tramita desde 2020, Mamed Dib Rahim surge em documentos, datados de 2016, como único dono da Engenex Construções e Serviços.

No ano de 2013, Mamed Dib Rahim também assinou contratos com a prefeitura, mas como representante da MDR Distribuidoras de Serviços (Mega Cestas Alimentos).

Há uma década, em 23 de julho daquele ano, Mamed foi ouvido na CPI da Inadimplência, que acabou resultado na cassação do mandato do prefeito Alcides Bernal. A empresa fornecia alimentos para as creches, mas rebebia com atraso.

No ano de 2020, ele foi um dos alvos da operação Penúria, também do Gaeco, que investigou superfaturamento de R$ 2 milhões em contrato de compra de cesta básica pela Sedhast (Secretaria Estadual de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho). Uma das empresas era a MD Rahim Comércios e Serviços, que atua no comércio de alimentos. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Mamed Dib Rahim.

Ariel Dittmar Raghiant é um dos donos da empresa Coletto Engenharia Ltda. (Foto: Reprodução/Facebook)
Ariel Dittmar Raghiant é um dos donos da empresa Coletto Engenharia Ltda. (Foto: Reprodução/Facebook)

Coletto Engenharia - Alvo da operação Cascalhos de Areia, o empresário Ariel Dittmar Raghiant é um dos donos da empresa Coletto Engenharia Ltda, que teve contratos com a prefeitura de Campo Grande entre 2004 e 2019.

Conforme levantamento no Diário Oficial do município, a primeira contratação foi em 14 de julho de 2004, quando a empresa firmou contrato de R$ 57.963 para construção do Centro Comunitário da Vila Marçal de Souza.

Já o último foi publicado em 25 de janeiro de 2019, quando houve rescisão amigável de contrato com a Sisep e a Semed (Secretaria Municipal de Educação).

O Portal da Transparência da Prefeitura não informa o valor pago para a empresa durante o período. A Coletto Engenharia fazia obras de escolas e postos de saúde. A empresa comandou, por certo período, o canteiro de obras do Hospital do Trauma, prédio anexo à Santa Casa de Campo Grande.

A Coletto Engenharia Ltda foi aberta em 1997 e informou à Receita Federal ter capital social de R$ 60 mil. Os sócios administradores são Ariel Dittmar Raghiant e Ricardo Teixeira Albanese.

No ano de 2016, Ariel Dittmar Raghiant foi investigado na operação Midas, cujo principal alvo foi André Luiz Scaff, que foi procurador da Câmara de Campo Grande e secretário municipal.

A reportagem entrou em contato com o escritório de advocacia que faz a defesa de Ariel Raghiant e aguarda retorno.

Oficial – A prefeitura de Campo Grande divulgou manifestação sucinta sobre a operação Cascalhos de Areia. “O Município permanece à disposição para qualquer esclarecimento ou fornecimento de informações necessárias aos entes do processo”.

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