Empresa de energia diz que remoção de favela é para proteção de moradores
A Energisa, concessionária de energia elétrica em Mato Grosso do Sul, justificou o pedido de reintegração de posse de uma área, onde há uma favela, na Avenida Marechal Mallet, no Jardim Noroeste, alegando que a comunidade, onde vivem 650 pessoas, fica próxima a estruturas energizadas de alta tensão, e que estas estariam correndo risco de morte.
O despacho do juiz de direito Daniel Della Mea Ribeiro, da 6ª Vara Cível, entregue aos moradores, mostra que eles têm 15 dias para sair do local espontâneamente. Caso contrário já está autorizado o uso de força policial para cumprir a decisão.
A ordem de despejo da área foi recebida pelos moradores, na manhã desta quinta-feira, o que revoltou os populares e motivou um protesto que interditou a BR-163, no macroanel viário, próximo à saída para Três Lagoas. Um grupo de 65 pessoas pôs fogo em pedaços de madeira e até latas de tintas, impedindo o tráfego.
A interdição no local está em meia-pista, com a presença de equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da CCR MSVias. Eles alegam que não tem para onde ir e que a prefeitura precisa tomar providências.
Ainda segundo a Energisa, as residências estão em uma área chamada de "faixa de servidão de linha de transmissão", o que causa risco de morte a quem convive próximo a elas.
Outra alegação da empresa, enviada por meio de sua assessoria de imprensa, é que a população como um todo pode ter o fornecimento de energia comprometido em caso de ocorrências na linha.
Também foi informado que as equipes da concessionária estiveram no local, por diversas vezes, orientando os moradores sobre os "sérios riscos de acidentes que a que estão expostos no terreno".
Moradores da comunidade questionaram o fato de que a rede de energia também passa por cima de uma revendedora de caminhões, e que esta não foi retidada do local.
Segundo o assessoria da Prefeitura Municipal de Campo Grande, Antônio Jesus, uma comissão formada por 5 moradores do bairro tem encontro agendado como prefeito Alcides Bernal, na tarde de hoje. Ainda segundo o funcionário do executivo, a ordem de despejo não poderia ser pedida pela empresa de energia, já que o terreno pertence a prefeitura.
Ainda conforme informado pelo presidente da Associação dos Moradores do Jardim Noroeste, Renan Ferreira Rodrigues, se as reinvindicações não forem atendidas, eles voltarão a bloquear a rodovia.