“Estou praticamente acabado”, diz namorado de jovem morta a tiros no Itamaracá
Ewerton foi à delegacia ao lado do advogado e da mãe, falar sobre morte de Bruna Moraes Aquino
Dez dias depois de ver a namorada ser morta a tiros, Ewerton Fernandes da Silva, de 34 anos, foi a sede da 4ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, na Moreninha II, contar sua versão sobre o dia em que ele e Bruna Moraes Aquino, de 22 anos foram alvo de pistoleiro, no Jardim Itamaracá. Na saída, falou sobre a dificuldade de se recuperar diante do trauma. “Estou praticamente acabado”.
Ewerton foi à delegacia ao lado do advogado e da mãe. Com o braço imobilizado, contou que o “tiro de raspão”, que levou durante o atentado que matou Bruna, não foi tão leve assim. “Passei por duas cirurgias, a bala entrou em mim, rompeu ligamento”, contou.
Ao Campo Grande News, o vendedor de 34 anos afirmou que lembra pouca coisa do momento dos tiros e garante que não conseguiu reconhecer o assassino da namorada, que teria chegado a pé. “Lembro apenas que veio uma pessoa do lado da janela e efetuou os disparos”.
Daquele dia, Ewerton também lembra de ter feito o mesmo caminho de todos os dias. Acompanhado de Bruna, ele passou em casa para buscar uma muda de roupa, que usaria mais tarde, no aniversário de um amigo e saiu em direção ao Bairro Tiradentes, onde ele e Bruna pagariam dívidas "de agiota" e também receberiam dinheiro de um cliente. Ewerton é vendedor de roupas.
Estavam na rua de trás da casa de Ewerton, quando o suspeito se aproximou. “Não era uma rua nada a ver, era atrás da minha casa, a gente fazia esse caminho todo dia”. Segundo Ewerton, a escolha de “mudar a rotina”, como narrou a família da jovem, naquele dia, foi de Bruna. Eles primeiro pagariam as contas do mês e depois, buscariam os filhos.
O vendedor também rebateu as acusações de que o relacionamento não era aceito pela família e amigos da vítima, como relatado no velório de Bruna. “Eu era de dentro da casa deles, assava carne e tomava cerveja com eles, como não aceitavam? Ia na casa da avó dela quase todo dia”, reforça o rapaz, que desde criança, conhecia a namorada.
Além de lidar com os comentários sobre a morte de Bruna, Ewerton tenta superar o medo que ficou após o crime. “Eu tô mal até agora, eu escuto barulho e fico em choque, eu olho moto, eu olho tudo. Estou praticamente acabado”, relatou.
Hoje, Ewerton afirmou não saber quem matou Bruna. Lembrou que o desentendimento na casa noturna dias antes, não passou de uma “encarada”. “Eles encararam e eu encarei de volta. Não briguei aquele dia”.
O crime – De acordo com o registro policial, Bruna estava com o namorado Ewerton no Gol prata, quando um homem, ainda não identificado, usando roupas escuras e capacete, se aproximou do veículo a pé, no Bairro Itamaracá. O suspeito parou do lado da porta do passageiro e disparou contra o casal.
O namorado de Bruna contou à polícia que percebeu que havia sido atingido de raspão no braço e, logo em seguida, viu a jovem inconsciente, sangrando muito, por isso, acelerou o carro e foi para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário. Segundo o depoimento de Ewerton, foram três ou quatro disparos.
Bruna chegou sem vida na unidade de saúde e a polícia foi chamada pelos funcionários da UPA.
No primeiro depoimento na delegacia, Ewerton disse aos policiais que não sabia quem seria o autor dos disparos, mas contou que três dias atrás, entre os dias 29 e 30 de agosto, ele e Bruna foram perseguidos por dois homens em uma moto, que atiraram contra o carro, depois de confusão em casa noturna na Av. Ernesto Geisel com a Av. Salgado Filho.
A polícia também apura se o crime tem ligação com a extensa ficha criminal de Ewerton e se teria sido motivado por vingança.