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Capital

Falha humana em dia específico é apontada como causa de mortes na Santa Casa

Alan Diógenes | 06/10/2014 20:25
Técnica de enfermagem chegou acompanhada do advogado e não quis falar com a imprensa. (Foto: Marcelo Calazans)
Técnica de enfermagem chegou acompanhada do advogado e não quis falar com a imprensa. (Foto: Marcelo Calazans)
A outra funcionária ouvida pela delegada também não quis comentar o caso. (Foto: Marcelo Calazans)
A outra funcionária ouvida pela delegada também não quis comentar o caso. (Foto: Marcelo Calazans)

A delegada Ana Claúdia Medina, responsável pela investigação das três mortes que ocorreram no setor de oncologia da Santa Casa em julho deste ano, afirmou na noite desta segunda-feira (6), que a hipótese de erro na medicação está praticamente descartada. A principal suspeita é de que tenha havido falha humana durante o tratamento de quimioterapia em um dia específico que as pacientes se encontraram no setor.

As técnicas de enfermagem Elaine Maria da Costa, de 50 anos, e Célia Vasques, 56, prestaram depoimento na 1ª Delegacia de Polícia durante 4h30 na tarde de hoje. Elas foram responsáveis pela infusão do medicamento nas vítimas.

Conforme a delegada, as funcionárias disseram que não houveram problemas na semana em que as pacientes morreram. Célia falou que percebeu feridas na vítima Maria Glória Guimarães, 61 anos e avisou a reação adversa ao tratamento de quimioterapia para os médicos.

Segundo o depoimento de Célia, na mesma semana ela foi visitar a outra vítima, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, que já estava em estado grave. Foi neste momento, ainda na leito onde Norotilde se encontrava, que ela ficou sabendo da morte de Carmen Insfran Bernard, 48 anos. De acordo com a delegada, após os fatos, as técnicas de enfermagem perceberam que algo estava errado e ficaram desesperadas.

A delegada voltou a mencionar as falhas nos registros como principais indícios das mortes. Ela informou ainda que no período de cinco dias, em que as pacientes estavam no setor de oncologia para receber a medicação, não houve a anotação da entrada de Carmem, que também tinha passado por lá, por exemplo.

“Estamos trabalhando com datas, horários, prescrições de medicamentos, quais remédios foram aplicados nas vítimas, ou seja, tudo o que possa nos ajudar a elucidar o caso”, comentou Ana Cláudia.

As técnicas de enfermagem ouvidas nesta tarde também falaram que conheciam os farmacêuticos que faziam a manipulação dos medicamentos. Inclusive, um delas, a Célia, já tinha feito o procedimento de manipulação anteriormente, quando ainda era permitido por lei.

“Elas alegaram ter bastante conhecimento sobre o setor. A Célia trabalhava lá desde quando a empresa terceirizada assumiu o setor. Elaine também já havia trabalhado em outro setor na Santa Casa e em uma clínica particular de oncologia. No período de férias de outras técnicas de enfermagem ela cobria o horário dessas pessoas no setor onde as mortes aconteceram”, explicou a delegada.

Durante as investigações, os corpos das três vítimas foram exumados para que fossem feitos exames necroscópicos com objetivo de saber a real causa das mortes. Por serem exames complexos, a delegada teve que pedir auxilio de peritos criminais do Estado de São Paulo e até mesmo de fora no país, no Texas (EUA). Para isso, ele deve pedir a prorrogação do inquérito.

Nesta terça-feira (7), às 16h outra técnica de enfermagem será ouvida pela delegada. Ela também vai ouvir nos próximos dias outros pacientes que passaram pelo setor na semana em que as mulheres morreram.

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