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Capital

Falta de estrutura ainda afeta pacientes da Santa Casa de Campo Grande

Ana Paula Carvalho | 15/06/2011 22:47
Tony Vilmar dos Santos Oliveira ficou quatro dias sem o colete (Foto: Marcelo Victor)
Tony Vilmar dos Santos Oliveira ficou quatro dias sem o colete (Foto: Marcelo Victor)

Após perder a esposa em um acidente na avenida Interlagos, no último sábado (11), o motociclista Tony Vilmar dos Santos Oliveira, de 47 anos, foi internado na Santa Casa com fraturas no joelho, costela e clavícula.

Devido a um ferimento nas costas não foi possível engessar a clavícula de Tony. Para diminuir a dor e evitar que o ferimento se cicatrize sem nenhum cuidado é necessário colocar um tipo de colete, mas ele está em falta no hospital.

Na terça-feira (14) quando a equipe do Campo Grande News esteve na Santa Casa para entrevistá-lo, ele mal conseguia erguer um pouco o braço, por isso o primeiro pedido foi que ligássemos para a escola onde ele estuda e segurássemos o telefone celular encostado a orelha dele. "Não consigo erguer o braço, porque estou com a clavícula quebrada", relatou.

Para tentar amenizar a situação, Tony pediu que amigos conseguissem um colete para ele ir utilizando enquanto não era engessado. Hoje, durante a visita o colete chegou, um pouco apertado, mas ajuda. "Meus amigos trouxeram para mim. É um pouco apertado, mas dá para usar e está ajudando. Só é um pouco incomodo", diz.

Hoje, por telefone, Toby disse já conseguir atender e fazer ligações sozinho. Isto porque, o colete ameniza a dor.

Outro caso- No mesmo quarto onde Tony está, Luiz Gomes de Farias, 41 anos, espera por uma cirurgia de hérnia de disco há 37 dias.

Deitado na cama do canto esquerdo do quarto, ele olha várias meses para o celular, com a esperança de receber uma ligação da esposa ou dos três filhos que estão em Iguatemi, onde mora com a família.

Há aproximadamente cinco meses, ele caiu sentado enquanto trabalhava em uma fábrica de ração. Após a queda, as dores começaram a ficar intensas até que ele mal conseguia andar de tanta dor na coluna. Luiz foi internado no Hospital de Iguatemi, onde ficou por 36 dias até ser transferido para a Santa Casa de Campo Grande.

"Eu não aguento mais ficar em uma cama de hospital. É da cama para o banheiro e do banheiro para cama. Se eu ando um pouquinho já sinto dor. Não aguento mais isso", diz .

Luiz tem três filhos, um de 9, outro de 6 e o mais novo 3 anos. Os filhos ligam para ele todas as tardes, pedindo que ele volte para casa. "Eles falam que estão com saudade e pedem para eu voltar logo. Faz mais de 60 dias que eu não os vejo. Também estou com saudade", relata.

Segundo o trabalhador, todas as semanas desde que ele deu entrada no hospital, o médico diz que ele vai fazer a cirurgia, mas eles sempre adiam para a semana seguinte. Dessa vez, foi dito, que até semana que vem ele será atendido. Ele diz que não sabe porque está demorando tanto tempo para o procedimento ser feito. "Teve gente que chegou depois e já foi. Eu só fico vendo as pessoas irem embora e eu nada", afirma.

Internado a tanto tempo sem poder trabalhar, a família de Luiz está sobrevivendo com a renda de uma pequena chácara na cidade onde eles moram, mas a situação não está fácil. "Minha mulher me liga chorando, diz que não aguenta mais, mas o que eu posso fazer", questiona.

Santa Casa- Segundo o hospital, realmente o colete mencionado no caso do Tony está em falta e, por isso foi dito que se ele conseguisse um, poderia utilizar. Não há previsão de quando esse problema será solucionado.

Quanto a longa espera de Luiz por uma cirurgia. A assessoria do hospital informou que por se tratar de uma cirurgia eletiva e de haver uma grande demanda de cirurgias, eles priorizam as cirurgias de urgência. Ainda da de acordo com eles, há a possibilidade da cirurgia dele acontecer até sexta-feira.

Tragédia- No acidente, a mulher de Tony, Seila Maria de Oliveira Alfonso, de 55 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu.Ela estava na garupa da moto conduzida por ele, na avenida Interlagos, em Campo Grande.A motocicleta foi atingida pela Caravan, conduzida por Emerson Gonçalves Bureman, de 22 anos.

Tony estava pilotando a moto no sentido shopping Campo Grande, levando a mulher que iria pagar uma conta.

Ele conta que olhou pelo retrovisor e viu carro em alta velocidade, mas que não teve tempo para sair do caminho do veículo. Tony tem certeza que se tratava de racha. "Passo ali 5 horas da manhã e vejo, tem motoqueiro apostando racha".

Com 3 acidentes graves já no histórico, ele diz que "é muita irresponsabilidade disputar racha, ainda mais em uma avenida tão movimentada".

Depois de ver a mulher morrer, Tony ainda deve ficar pelo menos 1 ano até pode caminhar normalmente, na avaliação dos médicos.

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