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Capital

Fluxo intenso e perigo: quem pedala cobra ciclovias em avenidas

Apesar de importantes acessos aos bairros, nenhuma tem ciclovia para proteger trabalhador que vai de bicicleta

Por Jéssica Fernandes e Antonio Bispo | 13/07/2024 10:18
Ciclista pedala próximo a carros estacionados na Avenida Gunter Hans. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ciclista pedala próximo a carros estacionados na Avenida Gunter Hans. (Foto: Henrique Kawaminami)

Quem só tem a bicicleta como meio de transporte precisa encarar o trânsito no mesmo nível dos motoristas e motociclistas que circulam diariamente pela Avenidas Gunter Hans e Guaicurus. Sem ciclovia, nestas duas vias da cidade, os ciclistas lidam com "fechadas" e o perigo de entrar para as estatísticas de acidentes de trânsito na Capital.

Com a falta de espaço próprio para transitar em segurança tem ciclista que recorre a Deus para a proteção de segunda a segunda. É o caso de Edinaldo Faustino de Sousa, de 45 anos, que quando questionado se já sofreu algum acidente responde que não. “Graças a Deus”, diz.

Por conta do trabalho, o pedreiro enfrenta o trânsito na Avenida Guaicurus sempre no horário de maior movimento. “Eu ando aqui todos os dias às 7h e às 17h e são os piores horários, é muito perigoso”, afirma.

Edinaldo Faustino relata perigo de enfrentar trânsito no horário de 'pico'. (Foto: Henrique Kawaminami)
Edinaldo Faustino relata perigo de enfrentar trânsito no horário de 'pico'. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele expõe que além do fluxo maior precisa lidar com o desrespeito dos condutores que parecem não se importar com a presença dele e de outros que estão pedalando.  Por conta disso, o pedreiro vê na ciclovia uma solução eficaz e segura. “Se colocassem uma ciclovia aqui a gente sai dos bairros, pega ela e vai embora. Seria muito mais fácil”, fala.

A Avenida Guaicurus serve de acesso para pelo menos 18 bairros de Campo Grande, entre eles o Jardim Centenário, Jardim Itamaracá, Colibri e Alves Pereira. Em toda a extensão, ela não tem espaço direcionado para a circulação dos ciclistas.

Olinda Dolores, de 47 anos, mora no Bairro Campo Nobre e trabalha em uma empresa localizada na Avenida Guaicurus. No trajeto entre casa e trabalho, a diarista já presenciou um pedestre com deficiência visual ser atropelado. Por essas e outras situações, a ciclista não esconde o receio que sente em relação à avenida. “Aqui é muito perigoso e precisa mesmo de uma ciclovia”, comenta.

(Foto: Barbara Campiteli)
(Foto: Barbara Campiteli)

Apesar de ter a opção de usar o transporte público para ir ao trabalho, ela ainda vê na bicicleta uma saída prática. “Eu não compro um carro ou moto porque agora não tenho dinheiro. Às vezes ando de ônibus, mas como esse serviço fica perto da minha casa é mais fácil ir de bicicleta. Mas, eu tenho muito medo de sofrer acidente aqui”, completa.

Na avenida a cena de ciclistas e veículos andando lado a lado é comum. Alguns ciclistas até tentam andar próximo ao meio-fio, porém devido aos veículos estacionados são obrigados a encarar uma das faixas da avenida.

Olinda carrega a bicicleta em parte do trecho da Avenida Guaicurus. (Foto: Henrique Kawaminami)
Olinda carrega a bicicleta em parte do trecho da Avenida Guaicurus. (Foto: Henrique Kawaminami)

Nesse movimento para seguir adiante, Valdecir Valdez, de 66 anos, já sofreu pequenos acidentes de bicicleta. Além dos acidentes, o pedreiro contabiliza na conta as ‘fechadas’ que ganhou de motoristas. A visão reduzida em um dos olhos dificulta ainda mais a pedalada para o trabalhador, que relata como foi um dos acidentes que sofreu em janeiro deste ano.

“Por conta desse meu problema do olho eu preciso virar toda minha cabeça para trás para saber se tem alguém vindo e eu não ser atropelado. Em uma dessas não vi que tinha um ônibus parado na minha frente e bati na traseira”, recorda.

Valdecir Valdez relembra acidente de bicicleta que sofreu em janeiro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Valdecir Valdez relembra acidente de bicicleta que sofreu em janeiro. (Foto: Henrique Kawaminami)

Por sorte, o pedreiro não estava correndo e não teve nenhum machucado sério. Já a bicicleta foi parar embaixo do ônibus. Para Valdecir é ‘importantíssimo’ a instalação de uma ciclovia. “O canteiro central é bem grande, tem todo esse gramado aí, dá pra colocar uma ciclovia aqui e facilitar a nossa vida”, declara.

Avenida Gunter Hans - Enquanto os ciclistas que cruzam a Guaicurus encaram a avenida igual os demais veículos, o comportamento é um pouco diferente na Avenida Gunter Hans. A reportagem observou que alguns preferem ir pedalando pela calçada ao invés de seguir na via, que diferente da outra é mais estreita.

A Avenida Gunter Hans é trajeto que dá acesso para bairros, como Coophamat, Tijuca, Guanandi e Jardim Tarumã. Por ela é possível chegar, por exemplo, ao Hospital Adventista do Pênfigo. Esse era o destino de Roberto José dos Santos, de 72 anos, que saiu do Bairro Oliveira II para fazer uma consulta na manhã desta sexta-feira (12).

Trecho da Avenida Gunter Hans passa pelo Guanandi e outros bairros. (Foto: Lennon Almeida)
Trecho da Avenida Gunter Hans passa pelo Guanandi e outros bairros. (Foto: Lennon Almeida)

Por morar em outra região da cidade, o aposentado não precisa transitar pela Gunter Hans com frequência. Para evitar a avenida, ele escolhe seguir o caminho entre os bairros. “Prefiro entrar no Coophavila e sair na Lúdio Martins Coelho do que seguir pela Gunter que vai ficando mais estreita e perigosa ali na frente”, explica.

Roberto critica que foi feita alteração na via para criação do corredor de ônibus, sendo que a mudança não ajudou em nada. “Se colocasse uma ciclovia aqui seria muito bom. Espaço tem, eles até fizeram aquele negócio com o ponto de ônibus que não deu em nada e só atrapalha todo mundo”, fala.

Júlio Soares, de 53 anos, mora na região e diz que tenta evitar ao máximo não passar pela Gunter Hans. Há cinco anos, o pintor trocou a bicicleta pelo carro por achar o primeiro meio de transporte perigoso. Devido a um problema, ele precisou deixar o veículo na oficina e como precisa trabalhar tem usado a bicicleta.

Júlio Soares voltou a andar de bicicleta após carro parar na oficina. (Foto: Henrique Kawaminami)
Júlio Soares voltou a andar de bicicleta após carro parar na oficina. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Tive que voltar a andar de bicicleta e não gosto muito, mas não tenho o que fazer. [...] Ser ciclista é tão perigoso quanto ser motociclista, a gente tem dificuldades”, diz. Enquanto pedala, o sentimento de medo não abandona Júlio que vê na ciclovia algo positivo para a sociedade “Vai ser uma benfeitoria para toda população”, pontua.

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