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Capital

Há um ano, empresa que substituiu táxis mexia com asfalto e construção

Rodar Transportes Personalizados tinha outro nome e exercia atividades diferentes até agosto de 2018

Jones Mário | 04/09/2019 13:10
Rodar agora administra ponto no desembarque do aeroporto; táxis têm direito a uma vaga (Foto: Paulo Francis)
Rodar agora administra ponto no desembarque do aeroporto; táxis têm direito a uma vaga (Foto: Paulo Francis)

Até agosto do ano passado, a nova empresa responsável pelo serviço de transporte de passageiros no desembarque do aeroporto de Campo Grande tinha outro nome e exercia atividades diferentes da atual. Hoje chamada Rodar Serviços de Táxi e Transportes Personalizados, ela trabalhava como representante comercial de massa asfáltica, materiais de construção e ferragens.

A Rodar venceu licitação, aberta em maio deste ano pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), para assumir o ponto no terminal de Campo Grande antes ocupado por taxistas. Os 44 motoristas que se revezavam no local alegam que o certame foi pouco divulgado.

Conforme documentos consultados pelo Campo Grande News na Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul), a Rodar foi fundada como JPK Representação Comercial Ltda, em maio de 2012. A empresa foi constituída por dois sócios, com capital social de R$ 20 mil.

De sua fundação até agosto de 2018, a atividade da JPK envolvia “representação comercial de restaurador para pavimento asfáltico (restaurador para tapar buracos, preenchimento de travessias em pistas asfálticas e pisos de concreto), representação comercial de material de construção e ferragens”.

Empresa foi fundada em 2012 para exercer atividades distintas das atuais (Foto: Reprodução)
Empresa foi fundada em 2012 para exercer atividades distintas das atuais (Foto: Reprodução)

Um dos sócios da empresa foi substituído em outubro de 2013. O capital social foi mantido. Em junho de 2016, a JPK promove nova alteração contratual para atualizar seu endereço. A sede deixa o bairro Carandá Bosque, na região norte da Capital, e vai para a Chácara Cachoeira, na área central.

Até que, em agosto de 2018, os antigos sócios deixam a empresa e Flávio Alves de Morais assume a iniciativa. É quando a JPK passa a se chamar Rodar Transportes Personalizados e seu objeto social é alterado.

Saem as atividades de representação comercial e entram “transporte rodoviário privado de passageiros; transporte rodoviário de passageiros por aplicativo; aluguel e locação de automóveis com motorista, municipal; empresa de táxi e serviços de táxi”. O escritório da empresa muda novamente de lugar, agora para edifício comercial nos altos da Avenida Afonso Pena, bairro Santa Fé.

Com novo nome, empresa foi assumida por Flávio Alves de Morais em agosto de 2018 (Foto: Paulo Francis)
Com novo nome, empresa foi assumida por Flávio Alves de Morais em agosto de 2018 (Foto: Paulo Francis)

Passados dois meses, outra alteração no contrato social da agora Rodar altera o capital social de R$ 20 mil para R$ 115.690,00, fruto de anexo de um veículo Hyundai Creta, ano 2017, no valor de R$ 95.690,00. Conforme movimentação na Jucems, o carro é de Flávio Morais.

O balanço de 2018 da Rodar, protocolado na junta em junho de 2019 – portanto, já após abertura da licitação pela Infraero –, mostra que a empresa fechou o ano com lucro de R$ 128,97, resultado de receita líquida de R$ 1.036,47 e despesas que somaram R$ 907,50.

Em maio de 2019, a Rodar deixa de ser uma sociedade limitada e se transforma em empresa individual de responsabilidade limitada, a popular Eireli.

A reportagem tentou contato com Flávio Morais, que não atendeu ou retornou as ligações até a publicação da matéria.

Taxistas foram removidos para ponto na Avenida Duque de Caxias (Foto: Paulo Francis)
Taxistas foram removidos para ponto na Avenida Duque de Caxias (Foto: Paulo Francis)

Despejo – Os taxistas que ficavam no aeroporto até o fim de agosto foram transferidos para duas paradas na Avenida Duque de Caxias. Os motoristas têm direito a apenas uma vaga fixa no terminal.

De 2012 até então, o grupo pagava cerca de R$ 6 mil por mês à Infraero, valor cotizado entre os 44 taxistas do aeroporto. O contrato era de responsabilidade do Sintáxi/MS (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul).

O grupo de motoristas aponta para série de irregularidades no processo para contratar o serviço e ajuizou ação na Justiça Federal pedindo anulação da licitação. Os taxistas ainda promoveram buzinaço e foram ao MPF (Ministério Público Federal), que abriu investigação preliminar para investigar o caso.

A licitação que resultou na contratação da Rodar foi aberta para disputa em junho. Única interessada, a empresa apresentou lance de R$ 6.650,00 por mês (R$ 418,5 mil em cinco anos), valor acima do estimado no edital, de R$ 6.500,00. O contrato para a prestação do serviço é válido até 2024.

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