Há um ano, empresa que substituiu táxis mexia com asfalto e construção
Rodar Transportes Personalizados tinha outro nome e exercia atividades diferentes até agosto de 2018
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Até agosto do ano passado, a nova empresa responsável pelo serviço de transporte de passageiros no desembarque do aeroporto de Campo Grande tinha outro nome e exercia atividades diferentes da atual. Hoje chamada Rodar Serviços de Táxi e Transportes Personalizados, ela trabalhava como representante comercial de massa asfáltica, materiais de construção e ferragens.
A Rodar venceu licitação, aberta em maio deste ano pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), para assumir o ponto no terminal de Campo Grande antes ocupado por taxistas. Os 44 motoristas que se revezavam no local alegam que o certame foi pouco divulgado.
Conforme documentos consultados pelo Campo Grande News na Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul), a Rodar foi fundada como JPK Representação Comercial Ltda, em maio de 2012. A empresa foi constituída por dois sócios, com capital social de R$ 20 mil.
De sua fundação até agosto de 2018, a atividade da JPK envolvia “representação comercial de restaurador para pavimento asfáltico (restaurador para tapar buracos, preenchimento de travessias em pistas asfálticas e pisos de concreto), representação comercial de material de construção e ferragens”.
Um dos sócios da empresa foi substituído em outubro de 2013. O capital social foi mantido. Em junho de 2016, a JPK promove nova alteração contratual para atualizar seu endereço. A sede deixa o bairro Carandá Bosque, na região norte da Capital, e vai para a Chácara Cachoeira, na área central.
Até que, em agosto de 2018, os antigos sócios deixam a empresa e Flávio Alves de Morais assume a iniciativa. É quando a JPK passa a se chamar Rodar Transportes Personalizados e seu objeto social é alterado.
Saem as atividades de representação comercial e entram “transporte rodoviário privado de passageiros; transporte rodoviário de passageiros por aplicativo; aluguel e locação de automóveis com motorista, municipal; empresa de táxi e serviços de táxi”. O escritório da empresa muda novamente de lugar, agora para edifício comercial nos altos da Avenida Afonso Pena, bairro Santa Fé.
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Passados dois meses, outra alteração no contrato social da agora Rodar altera o capital social de R$ 20 mil para R$ 115.690,00, fruto de anexo de um veículo Hyundai Creta, ano 2017, no valor de R$ 95.690,00. Conforme movimentação na Jucems, o carro é de Flávio Morais.
O balanço de 2018 da Rodar, protocolado na junta em junho de 2019 – portanto, já após abertura da licitação pela Infraero –, mostra que a empresa fechou o ano com lucro de R$ 128,97, resultado de receita líquida de R$ 1.036,47 e despesas que somaram R$ 907,50.
Em maio de 2019, a Rodar deixa de ser uma sociedade limitada e se transforma em empresa individual de responsabilidade limitada, a popular Eireli.
A reportagem tentou contato com Flávio Morais, que não atendeu ou retornou as ligações até a publicação da matéria.
Despejo – Os taxistas que ficavam no aeroporto até o fim de agosto foram transferidos para duas paradas na Avenida Duque de Caxias. Os motoristas têm direito a apenas uma vaga fixa no terminal.
De 2012 até então, o grupo pagava cerca de R$ 6 mil por mês à Infraero, valor cotizado entre os 44 taxistas do aeroporto. O contrato era de responsabilidade do Sintáxi/MS (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul).
O grupo de motoristas aponta para série de irregularidades no processo para contratar o serviço e ajuizou ação na Justiça Federal pedindo anulação da licitação. Os taxistas ainda promoveram buzinaço e foram ao MPF (Ministério Público Federal), que abriu investigação preliminar para investigar o caso.
A licitação que resultou na contratação da Rodar foi aberta para disputa em junho. Única interessada, a empresa apresentou lance de R$ 6.650,00 por mês (R$ 418,5 mil em cinco anos), valor acima do estimado no edital, de R$ 6.500,00. O contrato para a prestação do serviço é válido até 2024.