Ilhados a cada chuva, moradores da Chácara dos Poderes cobram prefeitura
Grupo de proprietários de imóveis na região pede à Sisep rede de drenagem e cuidados para evitar o assoreamento do Córrego Pedregulho
A ocupação é diferente da maioria da zona urbana de Campo Grande, sendo ainda dominada pelo verde e a falta de infraestrutura como iluminação pública, asfalto e, a maior queixa dos moradores, sistema de drenagem. Ainda assim, quem é dono de uma das 1,5 mil propriedades da Chácara dos Poderes e no Jardim Veraneio –região norte da Capital– afirma pagar IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) em valores entre R$ 3 mil e R$ 6 mil e sofrer, a cada chuva mais forte, com constantes alagamentos das estradas.
Na terça-feira (26), os bairros novamente foram tomados por enxurradas que, literalmente, impediram famílias de entrar e sair de seus imóveis, estopim para que um grupo formado por cerca de dez moradores fosse à Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura de Transporte) na tarde desta sexta-feira (1º) pedir ao titular da pasta, Rudi Fiorese, providências para dar fim a um problema que se arrasta por décadas.
O relato das dificuldades já foi decorado: a enxurrada se forma no Jardim Noroeste, concentra-se na Rua Urupês e causa alagamentos e enxurradas nas Estradas EW2, EW3, NE2 e SE1 (Bolicho da Curva), chegando ao Córrego Pedregulho –que está ameaçado de assoreamento– e impedindo o tráfego de veículos.
O pedido inicial, frisam, é para que a prefeitura implante um sistema de escoamento de águas pluviais eficiente para os dois bairros. A situação já levou mãe a filha a trocarem o bairro pelo Carandá Bosque. “Não moramos mais lá, mesmo tendo casa, justamente por causa das chuvas. Quando acontecia ficávamos ilhadas”, disse uma moradora.
Ela ainda relatou que já chegou a ficar cinco horas com o neto dentro de um carro porque “não tinha como voltar ou sair”. Além de uma chácara, a família ainda tem um lote não construído sobre o qual afirma pagar R$ 2 mil entre IPTU e taxa para coleta de lixo “mesmo não tendo nada lá”.
“Ontem ficamos uma hora e meia parados por causa da chuva”, afirmou a também moradora Tatiane Ota. Ela levava consigo um vídeo que mostra, além dela e da mãe “ilhadas”, a dificuldade para uma caminhonete passar pelas ruas em meio as enxurradas. “Alagamento lá tem desde 2002”, afirmou ela.
Pedregulho – Os moradores contabilizam nos dois bairros 1.510 chácaras e propriedades menores, a grande maioria sem construção. Um deles apresentou, para uma propriedade de 600 metros quadrados, um carnê de IPTU no valor de R$ 6 mil.
Há sete anos proprietária de uma chácara na região, a empresária e artista plástica Rosane Bonamigo faz outro alerta, referente à conservação ambiental: segundo ela, em sua propriedade está a nascente do Córrego Pedregulho, “que está morrendo aos poucos”. O curso d’água, conforme já apontaram reportagens do Campo Grande News a partir de denúncias da comunidade, tem seu leito danificado a cada enxurrada e corre risco de assoreamento.
Rosane ainda afirma que os reparos realizados pelo município ao longo dos anos são insuficientes. “Passa um tempo e acontece tudo de novo”.
De Fiorese, os reclamantes esperam o compromisso de que, já que o bairro recolhe IPTU, tenha serviços previstos para a zona urbana –como unidades de saúde, coleta de lixo, ponto de ônibus, calçamento e melhorias na iluminação pública, hoje existentes a cerca de 14 km dali, no Jardim Noroeste. Outra sugestão é da instituição do IPTU Verde, que garantiria descontos para quem mantiver áreas de preservação em suas propriedades.
O vereador Eduardo Romero (Rede) acompanha as reivindicações dos moradores. Confira, abaixo, vídeo feito por moradora mostrando momento em que rua foi tomada por enxurradas na última chuva.