Imobiliária exige área e 153 famílias têm 3 dias para deixar casas
Com notificação judicial em mãos, a Imobiliária Correta exige de volta área, no Bairro Portal da Lagoa, em Campo Grande, e deixou em desespero 153 famílias. A maioria mora no local há um ano e dois meses e, a partir desta sexta-feira (2), tem três dias para procurar novo lar.
O clima é de tensão, muitos nem conseguem comer, nem dormir, com medo de ficar na rua e perder investimento, de em média de R$ 5 mil, para levantar pequenas casas de alvenaria.
Há uma semana, representantes da imobiliária foram até o terreno, acompanhados da política e de patrolas, para antecipar a necessidade de as famílias deixarem a área.
“Com medo de ver a patrola destruir minha casa, não durmo, nem me alimento direito”, contou o operador de máquina José Alcantara, de 57 anos. Ele mora com oito pessoas, entre filhos e netos.
“Estou desesperado, não tenho para onde ir”, completou. Segundo ele, a ocupação ocorreu na esperança de um dia negociar para comprar o terreno. “Conversamos uma vez com os proprietários, eles aceitaram vender o terreno, mas recuaram”, disse.
A doméstica Édna Alves Ferreira, 40 anos, é outra que está desesperada. “Não tenho para onde ir, vou ter que ir para a rua”, afirmou. “Investi e tenho como pagar o terreno, mas quero um contrato”, acrescentou.
O pedreiro Jucirlei da Silva, de 29 anos, mora com a mulher e três filhos no terreno da imobiliária. “Estou construindo minha casa, já gastei mais de R$ 3,5 mil”, revelou. “Vamos tentar negociar”, reforçou.
Impasse – Voluntário na causa dos moradores, o advogado Rhiad Abdulahad disse que a imobiliária só poderá vender o terreno se o Poder Público tornar a área urbana. “É preciso um movimento”, comentou.
Diante do problema, ele tenta pelo menos ganhar mais prazo para achar uma solução ao impasse. Também morador do loteamento, o pedreiro Jean Pauferro, 27 anos, disse que a empresa conseguiu de maneira irregular ganhar a notificação.
“Foram à Justiça com um documento supostamente assinado pelo morador Márcio da Silva Lima, dando a um advogado poder de representar todos os moradores, mas o Márcio, nem ninguém daqui assinou nada”, garantiu.