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Capital

Índios Terena temem pandemia e querem 3 médicos para atender as aldeias

Hoje único médico que atende polo base em Aquidauana está afastado e caciques bloquearam prédio da Sesai em protesto

Izabela Sanchez e Marcos Maluf | 18/05/2020 12:03
De máscara, caciques foram até a Dsei pedir contratação emergencial de 3 médicos (Foto: Silas Lima)
De máscara, caciques foram até a Dsei pedir contratação emergencial de 3 médicos (Foto: Silas Lima)

Cerca de 50 caciques e representantes de aldeias indígenas Terena de Aquidauana, a 135 km de Campo Grande, bloqueiam o prédio do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) na manhã desta segunda-feira (18) em protesto contra a falta de estrutura do polo base que atende a região em meio à pandemia de covid-19. Temendo contágio do novo coronavírus, eles pedem a contratação de três médicos.

Os caciques entregaram documento à coordenação do Dsei e pedem, além dos médicos, a contratação emergencial de 1 assistente social, 2 técnicos de enfermagem e 1 agente de saúde indígena.

De máscara, mas sem deixar de lado a indumentária tradicional dos Terena (Foto: Silas Lima)
De máscara, mas sem deixar de lado a indumentária tradicional dos Terena (Foto: Silas Lima)

Hoje, o polo base de Aquidauana conta com apenas 1 médico para atender 11 aldeias e 7,9 mil pessoas. Doente, ele está afastado do trabalho e os Terena temem que peça demissão pela sobrecarga de trabalho.

Representante da Terra Indígena Taunay Ipegue, Paulo César, 47 conta que a distância de 60 km entre as aldeias e a cidade não é a única dificuldade. Ele cita o preconceito no atendimento da saúde local.

 “A nossa reivindicação não é coisa grande, é o básico, é saúde, é o nosso direito, já foi repassado muito dinheiro [pandemia] e para nós nada”, diz Paulo César.

O representante cita 1 mil moradores apenas na aldeia onde vive e que pequenas patologias, como gripes e resfriados, têm sido tratadas com “remédios caseiros” sem a presença de agentes de saúde ou técnicos em enfermagem.

Cacique da aldeia Limão Verde, Antônio dos Santos, 53, comenta que 40% dos moradores da aldeia fazem parte do grupo de risco da covid-19 por serem diabéticos e hipertensos e teme contágio grave no local.

Cacique Célio Fialho mostra documento apresentado pelos caciques à coordenação do Dsei (Foto: Silas Lima)
Cacique Célio Fialho mostra documento apresentado pelos caciques à coordenação do Dsei (Foto: Silas Lima)

“Na minha aldeia tem diabetes e hipertensão, é grupo de risco da pandemia, além de não ter médico na aldeia”, disse ele, que afirma que estar distante 50 km da cidade e contar apenas com um técnico de enfermagem.

É o que também comentou o cacique da aldeia Bananal Célio Fialho. “Na minha aldeia os técnicos [em enfermagem] estão fazendo trabalho de médicos”, diz ele, que cita a distância de 70 km entre aldeia e perímetro urbano.

A reportagem tentou contato no local com o coordenador do Dsei, e depois tentou novamente por telefone, mas foi informada de que ele está em uma reunião.

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