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Capital

"Internados" nos corredores, pacientes aguardam vagas no HU

Hospital afirma que há demanda excessiva de pacientes encaminhados pela regulação

Liana Feitosa e Cleber Gellio | 10/05/2022 15:55



Espera nos corredores e noites em cadeiras tem sido a realidade de pacientes à espera de atendimento no HU (Hospital Universitário) de Campo Grande. Segundo a administração da unidade de saúde, há demanda excessiva de pacientes encaminhados pela regulação municipal.

A aposentada Irene Alves de Lima, de 76 anos, moradora da região do Bairro Bálsamo, está internada na unidade desde a segunda-feira da semana passada (2). Ela foi até o local para uma consulta e o médico decidiu interná-la para a colocação de um stent, um tubo muito pequeno que é inserido na corrente sanguínea para impedir a obstrução total da passagem de sangue causada por entupimento das artérias. O procedimento não aconteceu até agora e ela aguarda no corredor para passar pela intervenção. O hospital comunicou que a unidade não tem vaga em quarto ou enfermaria disponível no momento.

Outras informações fornecidas por leitores ao Campo Grande News apontam que pelo menos 25 leitos de enfermaria foram desativados recentemente no HU, mas a informação foi negada pelo hospital. No vídeo divulgado nesta reportagem é possível ver várias salas vazias, mas, de acordo com o hospital, os espaços são destinados a pacientes da ala de cirurgia, que tem 20 vagas, e que está desativado por falta de profissionais para atendimento.

Outro lado - Ainda segundo o hospital, o local está “hiper lotado”. “Não temos mais leitos, já fizemos inúmeros documentos relatando e ainda assim continuamos recebendo pacientes. Nós somos contratados para atender um número X, mas recebemos X, Y… E não é só uma questão de ter leitos, tem outras coisas que envolvem uma internação: leitos, medicamentos, alimentação e equipe. É preciso um número determinado de profissionais para atender um número X de pacientes”, afirma o hospital.

Pacientes estão no corredor do HU aguardando vaga. (Foto: Direto das Ruas)
Pacientes estão no corredor do HU aguardando vaga. (Foto: Direto das Ruas)

A paciente Irene está acompanhada da nora, Irineia, de 42 anos, que consegue estar com a sogra porque está de férias do trabalho. No entanto, Irineia precisa ficar em uma cadeira enquanto aguarda o atendimento da sogra.

“A gente estava em uma cadeira de escritório, daí uma moça foi embora e me deu a de fio”, conta. Ela reveza o acompanhamento com o marido e outro neto da Irene. “A gente não pode ir pra casa porque ela corre o risco de ter um infarto”, explica nora.

Mais um - Outro paciente que está na unidade de saúde, que preferiu não se identificar, conta que também passou a noite, de domingo (8) para segunda (9), em uma cadeira enquanto aguardava atendimento. Ontem (9) foi finalmente acomodado em uma cama, mas no corredor do hospital.

Ele trabalha com transporte e estava em cima de um caminhão preparando uma carga de couro para levar ao Sul do País, quando caiu da carroceria, fraturando a perna esquerda. No sábado foi levado para a UPA (unidade de Pronto Atendimento) Santa Mônica, que o encaminhou para exame de raio X, que constatou fratura no calcanhar. Ele não ficou internado na UPA, mas foi liberado para aguardar vaga em hospital em casa.

No domingo, foi contatado pelo HU avisando que ele poderia ir ao hospital que teria vaga para passar por procedimento de reparo na fratura. Ao chegar no local, notou que não havia vaga e acabou passando a noite na portaria da unidade, em uma cadeira. Só ontem colocaram ele na cama, no corredor.

Ao Campo Grande News, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirmou que "os encaminhamentos de pacientes regulados pela Sesau estão dentro do pactuado em contrato entre a secretaria." O órgão ainda disse que "ainda nesta semana a Sesau se reunirá com representantes do hospital. A secretaria reforça ainda que estão sendo transferidos para o HUMAP apenas os pacientes que necessitam de atendimento em que o local é referência no tratamento."

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