Investigação atingirá 28 servidores, além de licitações e contratos no HU
Com previsão de serem publicados ainda nesta terça-feira pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), os oitos PADs (Procedimentos Administrativos Disciplinares) vão investigar 28 servidores sobre indícios de irregularidades no HU (Hospital Universitário) Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande.
De acordo com a presidente da comissão de sindicância administrativa e chefe da auditoria interna da UFMS, Zenilda Cintra, os procedimentos serão sobre oito temas, que derivam de dois eixos centrais: licitação e contratações.
A comissão, cujo relatório foi entregue ontem à reitora Célia Maria Silva Côrrea Oliveira, teve acesso ao relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) e às escutas da PF (Polícia Federal). Em março deste ano, foi realizada a operação Sangue Frio, relacionando a o HU à Máfia do Câncer, suspeita de desmontar a rede pública de radioterapia para privilegiar o setor privado.
“Qualificamos os envolvidos e mostramos o nexo causal”, afirma Zenilda Cintra. Ou seja, o relatório mostra os indícios da participação dos investigados nas irregularidades.
Serão apuradas dispensa de licitação, elegibilidade de licitação, adesão a pregão para realização de obras (a chamada carona), contratação de serviços de apoio técnico nas áreas de hemodinâmica e cardiologia, contratação em caráter emergencial, contratação de empresa especializada em manutenção de equipamentos médicos, contratação de empresa especializada em procedimentos médicos/cirúrgicos nas áreas de cardiologia, intervencionista e hemodinâmica, além de contratação de empresa em serviço de perfusionista (que opera máquina extracorpórea em cirurgias torácicas e cardíacas).
No ano passado, relatório parcial da CGU, divulgado pelo Campo Grande News, alertou que o hospital pegava “carona” nas licitações de outros órgãos federais. A auditoria apontou adesões irregulares a atas de registro de preços, caracterizando dispensa de licitação indevida.
Conforme a presidente da comissão, os procedimentos podem durar até 90 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período. As punições possíveis são suspensão, multa e demissão.
Envolvidos – A ação resultou na saída de José Carlos Dorsa Vieira Pontes da direção do HU. Primeiro, ele foi afastado pela Justiça e depois pediu para sair. O HU entrou na mira do MPF (Ministério Público Federal) depois de recusar equipamentos do governo federal para o setor de radioterapia.
O atendimento nesta modalidade de tratamento contra o câncer estava fechado há cinco anos. O setor foi reaberto no começo de abril. Em junho, voltou a suspender os atendimentos. De acordo com o novo diretor do HU, o médico Claudio Wanderley Luz Saab, documento pela Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) obrigou o fechamento imediato do setor.
A operação também apreendeu documentos no Hospital do Câncer, na clínica Neorad e na casa do médico Adalberto Abrão Siufi, então diretor-geral do hospital.