Ladrões invadem subsolo, furtam fios e deixam lojas da antiga rodoviária sem luz
Autores pularam o portão do estacionamento do subsolo, abriram o compartimento de energia e puxaram fios
A antiga rodoviária amanheceu no escuro. Os comerciantes que continuam no prédio foram forçados a permanecerem com as portas fechadas em plena quarta-feira (1°), depois que bandidos invadiram o estacionamento e furtaram metros de fio do subsolo do prédio, que já foi ponto de chegada e saída de Campo Grande.
Para quem trabalha todos os dias no local, a situação é reflexo do abandono da região e do grande número de usuário de drogas que cerca o prédio da antiga rodoviária. Nem as câmeras de segurança intimidaram os autores, que pularam o portão do estacionamento do subsolo, abriram o compartimento de energia e puxaram metros de fio para terem acesso ao cobre.
Ainda não se sabe quanto da fiação foi levada, mas o prejuízo ultrapassa R$ 7 mil e foi suficiente para deixar todas as lojas do lado da Rua Dom Aquino sem energia.
Osmarina Ferreira, de 51 anos, trabalha no prédio há 20 anos. Dona de uma loja de cosméticos, se viu obrigada a mandar uma cliente agendada embora nesta manhã. Dentro da sala, mostra parte da divisória que serve de parede arrebentada, consequência de um fruto no dia 12 do mês passado.
“Entraram por dentro do prédio, abriram um buraco na parede e levaram todos meus produtos. Por sorte, eu tinha estoque, se não sequer ia conseguir pagar o aluguel”, contou. Diante de mais um dia de prejuízo causado pelo crime, Osmarina apela para a polícia tomar atitude contra os bandidos.
Dona de um salão de beleza, Benedita Maria Cunha, de 56 anos, também precisou mandar clientes para casa. Mesmo antes de sair da casa, já sabia que o prédio estava sem luz, mas preferiu ir receber as pessoas e tentar atender pelo menos os cortes com tesoura.
O primeiro cliente que chegou ao local, no entanto, se negou. “Preferem usar a máquina, é mais prático e mais rápido”, explicou a empresária que, há 21 anos, trabalha no prédio. Outras duas pessoas também saíram do salão sem atendimento. “Já ligamos na Energisa, mas falaram que não são eles que resolvem o problema, já que foi interno”.
A síndica do prédio, Rosane Mely de Lima, explicou que um eletricista já faz os levantamentos necessários no local para reposição dos fios. As imagens do crime também são recolhidas e devem ser entregues a polícia para ajudarem nas investigações. “A polícia e a guarda estão fazendo sua parte, mas a Polícia Civil precisa investigar quem está fazendo a compra desse material, para frear esse crime que não acontece só aqui, mas em toda a cidade”.
Para a síndica, o crime é consequência da quantidade de usuários de drogas na região. “Esses dias, eu vi um preso de tornozeleira vendendo drogas na esquina”. Duas situações preocupam os comerciantes da região: os prédios abandonados, que servem de abrigo para os suspeitos, e a aproximação do fim do ano, quando acontece a “saidinha de natal” dos presos.
Segundo Rosane, uma ação da prefeitura e da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana) ficou de lacrar os imóveis vazios, mas um deles permanece aberto e reúne vários usuários todo dia – localizado no cruzamento da Rua Barão do Rio Branco com a Vasconcelos Fernandes.
“Também estamos preocupados com a saidinha do Natal, com certeza, vai ter aumento do tráfico na região, vai piorar”. O furto desta madruga é investigado pela polícia.