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Capital

“Loira golpista” também ficou com salário de merendeira e aposentadoria de idoso

Vítimas que registraram boletim de ocorrência, há mais de um mês, tentam rever prejuízo após estelionato

Liniker Ribeiro e Aletheya Alves | 17/06/2021 16:43
Helena Maria Pereira trabalha como merendendeira em escola pública e foi vítima de estelionatária do Uber (Foto: Paulo Francis)
Helena Maria Pereira trabalha como merendendeira em escola pública e foi vítima de estelionatária do Uber (Foto: Paulo Francis)

Após a prisão de Giovana Rodrigues Nakasato, de 34 anos, a motorista “loira e alta” presa por estelionato após aplicar golpes contra passageiros ao cobrar valores exorbitantes por corridas pequenas, pelo menos duas novas vítimas procuraram à Polícia Civil, na tarde desta quinta-feira (17). Só de uma funcionária de escola pública, na Capital, a suspeita levou todo o salário do mês, cerca de R$ 1,2 mil.

Da outra vítima, um aposentado, de 79 anos, que apresenta dificuldades para andar e, por isso, utiliza cadeira de rodas, a mulher roubou R$ 900.

Na primeira situação, a vítima foi a merendeira Helena Maria Pereira, de 48 anos. No dia 3 de maio, ao voltar para casa após manhã de trabalho e ter feito compras no Centro da cidade para o aniversário da filha e de uma sobrinha, a funcionária pública aguardava ônibus em ponto da Rua Maracaju, quando foi abordada pela motorista.

“A mulher parou e perguntou se eu estava esperando Uber? Falei que não, mas acabei soltando ‘bem que eu queria... chegaria mais rápido em casa, mas não tenho aplicativo’”, conta a vítima.

Prestativa e educada, a suspeita então afirmou não ter problema, garantindo que solicitaria a corrida pelo próprio celular. Confiando, a Helena aceitou a corrida. “Ela foi super simpática, no caminho, mas estava sem máscara, por isso, conseguiu visualizar bem ela. Ela chegou a dizer que estava muito apertada e queria ir ao banheiro, falei que, se ela não se importasse, já que eu tinha saído cedo, ela poderia ir na minha casa”, relata a vítima.

Porém, ao fim da corrida, a motorista acabou correndo para passar o valor no cartão da merendeira para deixar o local o mais rápido possível. “Nem do banheiro ela lembrou”, conta. Imagens de câmera de segurança mostra a movimentação em frente à casa da vítima, no dia do golpe. Veja:

Helena menciona ainda ter visto, na tela do celular da golpista, o valor a ser pago pela corrida. “Deu R$ 12, não sei se era print, ou o que, mas eu vi”. Como a máquina usada pela condutora era “pequena”, como se refere a vítima, a moradora acabou não conseguindo visualizar o valor que estava no visor.

No dia seguinte, ao deixar o cartão para que a irmã pagasse alguma de suas conta, a descoberta. Todo o salário de Helena havia “sumiu” após a transação de pagamento. “Entrei em desespero, eu só tinha comprado a comida e o básico. Precisava pagar água, luz e todas as contas, mas ela levou todo o meu salário”, recorda.

“Todo dia eu acordando, 4h30, para pegar ônibus e me esforçando muito, tendo muito suor, para ter esse salário. Dois dias depois, a minha filha, que só tem 5 anos, me pediu fruta e eu não tinha o dinheiro para comprar para ela. Então, não é só dinheiro, é mais do que isso”, relata emocionada. Foi a família de Helena que ajudou com os gastos, no último mês. “Se não fosse minha família, eu não sei o que teria acontecido”, diz.

Manoel José tem dificuldades para andar e, por isso, sempre recorre à corridas por aplicativo (Foto: Paulo Francis)
Manoel José tem dificuldades para andar e, por isso, sempre recorre à corridas por aplicativo (Foto: Paulo Francis)

Mais R$ 900 – Para o aposentado Manoel José Fonseca, de 79 anos, o prejuízo foi de quase R$ 1 mil. Sem saber a data, ao certo, ele contou ao Campo Grande News ter sido abordado pela motorista, em meados de março, na porta do Hospital Regional, onde faz alguns tratamentos.

“Ela apareceu, ofereceu a corrida e só falou que não tinha dinheiro para troco, precisava ser no cartão. Quando chegamos em casa, ela tentou passar R$ 25 no cartão que tinha, mais ou menos, R$ 100 reais e disse que não dava. Achei estranho e pedi à minha esposa outro cartão. Não percebi o valor mais alto, somente depois, quando fomos tentar comprar medicamentos é que fui ver o extrato”, conta.

As duas vítimas procuraram à polícia após repercussão da prisão de Giovana e tentam recuperar os valores perdidos. As duas vítimas reconheceram a mulher, por foto. Presa em flagrante, na tarde de ontem, a mulher foi solta, nesta quinta, em audiência de custódia.

Expulsa - A empresa Uber de transporte de aplicativo comunicou, em nota, que baniu a motorista de aplicativo.

No comunicado, a empresa afirmou que não tolera nenhum comportamento criminoso. “A motorista foi banida da plataforma assim que a denúncia foi feita. A empresa está sempre à disposição para colaborar com as autoridades no curso de investigações ou processos judiciais, nos termos da lei. Estamos constantemente implementando novos processos e tecnologias para evitar fraudes e seguimos trabalhando para ficar à frente dos golpes”.

A empresa também faz alerta dizendo que os pagamentos utilizando cartão são feitos apenas pelo aplicativo. “Pagamentos por cartão (débito e crédito) só podem ser feitos pela plataforma. "Maquininha de cartão" não é aceita como meio de pagamento oficial. “Estamos continuamente reforçando que os usuários sempre façam o pagamento conforme informado no pedido”, informou a Uber.

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