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Capital

Mãe de 3 filhos e na miséria, jovem diz que há 4 anos tenta fugir das drogas

Viviane Oliveira e Nadyenka Castro | 25/05/2011 08:05

O conselho tutelar foi acionado

Enquanto Laurilê dava entrevista seus olhos enchiam de lágrimas. (Fotos: Viviane Oliveira)
Enquanto Laurilê dava entrevista seus olhos enchiam de lágrimas. (Fotos: Viviane Oliveira)

Há quatro anos a dependente química Laurilê da Silva, 26 anos, mãe de três crianças diz que vive na miséria. De bermuda jeans, camiseta larga, pés descalços e com um olhar triste, a mulher ainda sob efeito da droga recebeu a reportagem do Campo Grande News, com o bebê de três meses no colo.

Ontem, por volta das 14 horas, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender uma ocorrência de possíveis maus-tratos. Quando chegaram ao local, se deparam com um lugar insalubre e o bebê chorando.

O vizinho que não se identificou conta que chamou os militares após ouvir a criança chorar muito. “Comecei a bater na janela do quarto e ela não acordava de jeito nenhum, acho que o bebê chorava de fome”, afirma o homem. Segundo ele, isso se repete quase todos os dias.

No momento da entrevista o marido de Laurilê, Sandro de Campos, 33 anos, estava trabalhando – fazendo bicos. Ela conta que ele também é dependente químico e está desempregado.

Na casa de três cômodos moram Laurilê, o marido, a criança de quatro anos que estava na creche e o bebê. O filho mais velho do casal, de 10 anos, mora com a sogra dela. Na geladeira tinha apenas uma caixa de leite que o vizinho deu e água.

Na residência não há fogão muito menos botijão de gás, na pia da cozinha restos de comida estragada e louças sujas.

Dependente de pasta base de cocaína, ela conta que não “cheira” todos os dias, mas não consegue ficar uma semana sem. “Eu queria largar esse vício, mas não consigo, não sei o futuro que eu vau dar para as minhas filhas”, lamenta.

Enquanto Laurilê dava entrevista seus olhos enchiam de lágrimas. Ao ser perguntada se estava triste, ela respondeu: “Não, estou com vergonha”.

Na residência não há fogão muito menos botijão de gás.
Na residência não há fogão muito menos botijão de gás.
Na pia da cozinha restos de comida estragada e louças sujas.
Na pia da cozinha restos de comida estragada e louças sujas.

Ela conta que há uns três anos atrás o Conselho Tutelar recolheu as crianças e só devolveu com a promessa de que iria se tratar. “Eu estava fazendo tratamento no Hospital Regional Rosa Pedrossian, mas com os remédios eu só dormia foi até que desisti,diz.

Há casos em que usuárias chegam a deixar o filho em boca de fumo como garantia de pagamento. “Nunca nem em pensamento, jamais faria isso com as minhas filhas. Pretendo cuidá-las mesmo nessas condições”, afirma.

Hoje no final da tarde o Conselho tutelar foi na casa de Laurilê, mas ela havia saído com a criança.

De acordo com o conselheiro, João Eudociak Filho, amanhã vai novamente com uma assistente social fazer um relatório do lugar. “Imediatamente vou encaminhar para a Juíza da Vara da Infância e Juventude e do Idoso para tirar essas crianças de lá e conseguir um tratamento para essa mãe”, explica.

Caso recente - O juiz Danilo Burim, em substituição no início do mês na Vara da Infância, Juventude e do Idoso, conta que se deparou com um caso parecido de Laurilê.

Uma jovem também usuária de droga teve o terceiro filho eu um hospital público da cidade encaminhada pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel).

Pelo fato de ser dependente químico, havia risco a criança e o juiz precisou decidir o destino do recém-nascido. O bebê foi encaminhado para avó materna.

O magistrado explica que casos como estes não são raros, mas também não acontece constantemente.

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