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Capital

Mãe diz que só descobriu estupro de filho autista após irmão aprender a falar

“Avôdrasto” é réu após ser investigado por abuso sexual contra crianças de 4 e 10 anos, na época do crime

Liniker Ribeiro e Anahi Zurutuza | 02/02/2021 16:25
Na época do crime, em 2019, mãe de crianças procurou delegacia, onde filhos deram a mesma versão para abusos (Foto: Marcos Rivany/Arquivo)
Na época do crime, em 2019, mãe de crianças procurou delegacia, onde filhos deram a mesma versão para abusos (Foto: Marcos Rivany/Arquivo)

Mãe de duas crianças vítimas de abuso sexual, mulher, de 34 anos, que não será identificada, revelou ao Campo Grande News só ter descoberto que os filhos, um deles autista, haviam sido vítimas de estupro após o “avôdrasto” ser denunciado pelo mais novo, de 4 anos. Assim que o menino aprendeu a falar, graças a tratamento de fonoaudiologia, ele revelou o que vinha sofrendo.

“Tudo começou quando o meu filho, de 4 anos, na época, tinha um problema na fala. Ele começou um tratamento com fonoaudiólogo e aí ele começou a contar. Ele ficava mais lá que o meu mais velho”, revela a mulher que hoje mora com os filhos na região do Bairro Mário Covas.

A surpresa e o sentimento de indignação da mãe começou em 2019, quando o caso foi descoberto. Conforme disseram as crianças, em depoimento, os abusos aconteciam na casa da avó, na maioria das vezes quando os meninos entravam na piscina e eram acompanhados pelo suspeito, que hoje está com 34 anos.

Em depoimento especial, a vítima, à época com 10 anos e autista, afirmou ainda que o homem “passava a mão” em seu pênis, sempre que as crianças dormiam junto do casal, na mesma cama.

De acordo com a mãe, o filho mais velho sofria ameaças para não contar o que acontecia. “Foi o mais novo que falou primeiro, porque o meu mais velho era ameaçado, não contava. Ele [o suspeito] falava que ia me matar”, afirmou.

Somente após o irmão revelar os abusos, que o filho mais velho conseguiu contar o que havia sofrido. “Na época, primeiro levei no Conselho Tutelar e depois para a DEPCA [Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente]. Aí, eles que pediram para levar o mais velho, fizeram uma escuta especial, com psicóloga e tudo. Aí o meu mais velho também contou um monte de coisa”, afirmou.

Já o mais novo, ainda segundo a responsável pelas crianças, recebia “ameaças veladas” da avó para não contar nada, revela a mãe, indignada. “Ela falava para ele não me contar, dizia ‘não fala para a mamãe, a vovó vai brigar com ele [o avôdrasto]’”, mas nada era feito.

Conforme a mulher, o suspeito permanece casado com a avó das crianças. Ele está respondendo ao processo em liberdade, aguardando audiência, marcada para acontecer somente em 2022.

Caso - Na época dos abusos, os meninos eram deixados na casa da avó, enquanto a mãe saia para “fazer bicos ou ir à faculdade”. O mais novo também ficava com o casal nos dias que o menino mais velho levado para terapias. O suspeito também ajudava levando e buscando, vez ou outra, o filho mais novo para a creche.

Traumas – Dois anos após os abusos, os meninos ainda sentem reflexos do crime. O mais novo, por exemplo, sofre de obesidade infantil. “Ele descontava na comida porque, segundo os médicos, repugna o próprio corpo. Hoje, ele toma duas medicações, Fluoxetina e Sertralina [antidepressivos]”, destaca a mãe.

Já o filho autista, que antes tomava dois remédios, hoje toma ao menos cinco. Ele também tem recebido acompanhamento, psicológico e psiquiátrico, e até já tentou suicídio.

Vínculo familiar – Antes de finalizar, a mulher afirmou ainda, em entrevista, que deixou de ter contato com a mãe, esposa do suspeito, há quase dois anos. Segundo ela, a avó das crianças não acredita que os abusos tenham acontecido.

“Ele é casado com a minha mãe - minha mãe não, porque mãe não faz isso. Ela não acredita, falou um monte de coisas. Fala que é mentira, que jamais o marido dela ia fazer isso, que quero os bens dela. Não sei que bens são esses”, cita ao mencionar que a mãe é dona de duas lojas em prédios alugados, uma casa e um carro.

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