Mais cuidadosa com a vida e com a morte, mulher é maioria em cemitérios
O carinho durante a vida permanece depois da morte. Todo mês, a dona de casa Vandete Aparecida da Silva Soares, 54, visita a mãe, morta há sete anos em consequência de câncer no estômago. O cuidado de Vandete, que extrapola a fronteira entre a vida e morte, também é notado em outras mulheres, que representam a maioria das pessoas, que neste Dia dos Finados, visitam amigos e familiares já falecidos.
"Ela ficou nove meses internada. Fez muitas cirurgias, que não adiantaram nada", lembra a dona de casa, com os olhos majorados, o tempo em que a mãe lutava e era vencida, aos poucos, pela doença. Ela conta ainda que desde morte da mãe a visita com frequência, pelo menos uma vez por mês. "Era muito apegada a ela", acrescenta com a voz embargada.
Mais cuidadosas com a vida e com a morte, as mulheres, assim como a Vandete, destacam-se nos cemitérios. "Acho que a mulher é mais sentimental. O homem já mais durão", comenta Vandete em seu jeito simples de enxergar as diferenças entre os gêneros.
Morando em uma casa, onde só há mulheres, a estagiária de Pedagogia, Cristaine Pereira Gonçalves, 22 anos, também foi ao cemitério Santo Amaro na manhã desta quinta-feira. Entre os familiares sepultados no local, está o tio da estudante, morto há dois meses. "Também estão enterrados meu pai, meu primo e minha vó", acrescenta.
Quanto à maior presença das mulheres, Cristaine considera que elas são mais cuidadosas. "Os homens não ligam muito. As mulheres são diferentes", opina.
Visão semelhante tem a dona de casa, Luzia da Cruz, 48 anos. "Os homens se importam menos. Não gostam muito de cemitério. Até mesmo para ir ao médico, eles são mais descuidados", afirmou.
E é justamente um homem que Luzia visita todo o ano no Dia dos Finados e em outras ocasiões diversas. "É meu pai. Ele morreu há cinco anos. A gente vem no Dia dos Finados, no Dia dos Pais e sempre que pode", detalha.