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Capital

Maníaco da Cruz pode ir fazer companhia a Champinha em unidade de SP

Aline dos Santos e Luciana Brazil | 20/06/2013 12:27
Maníaco da Cruz permanecerá na Santa Casa. (Foto: Marcos Ermínio)
Maníaco da Cruz permanecerá na Santa Casa. (Foto: Marcos Ermínio)

A Justiça cogita transferir Dionathan Celestrino, de 21 anos, o Maníaco da Cruz, para a unidade experimental de saúde da Vila Maria, em São Paulo. O local é conhecido como a Guantanámo brasileira, em alusão à prisão mantida pelos Estados Unidos em Cuba.

A unidade foi criada em 2006 e o primeiro atendido foi Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha. A exemplo do maníaco, ele cometeu crimes quando era menor de idade e foi interditado judicialmente. Em 2003, Champinha matou o casal Liana Friedenbach, 16, e Felipe Caffé.

De acordo com o procurador-geral do Estado, Rafael Coldibelli Francisco, a Justiça enviou ofício a São Paulo em fevereiro, que não teve resposta. Agora, a solicitação foi refeita pelo juiz da 1ª Vara Cível de Ponta Porã, Adriano da Rosa Bastos. O magistrado determinou que o maníaco ficasse em local adequado. No entanto, por enquanto, ele vai permanecer na Santa Casa de Campo Grande, para onde foi levado em 3 de maio.

Hoje, foi realizada uma reunião para discutir a situação de Dionathan. Segundo o procurador, foi início do diálogo e uma nova reunião será realizada. Nesta quinta-feira, o encontro foi entre Coldibelli, o procurador-adjunto José Aparecido Barcelo de Lima; o coordenador da secretaria estadual de Saúde, Ivanildo Silva da Costa; e a coordenadora da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Claudilane Novais Assumpçao Paniago. A próxima reunião será com os titulares das pastas. A Defensoria Pública vai tentar que o maníaco seja posto em liberdade.

A internação de Dionathan, que isolou uma enfermaria destinada a três pacientes, custa R$ 4.500 por dia. Ele teve alta médica em 23 de maio. “Quem tem que ficar no hospital? Doentes que precisem de cuidado. Ele não precisa ficar internado, não tem remédio para ele”, afirma o psiquiatra Luiz Salvador Miranda de Sá Júnior, que deu alta por não considera o jovem um doente mental.

Presidente da Associação de Psiquiatria de Mato Grosso do Sul, o médico Kleber Francisco Meneghel Vargas explica que, diferente do senso comum, a psiquiatria faz distinção entre doente mental e psicopata.

De acordo com o procurador-geral do Estado, Rafael Coldibelli Francisco, a Justiça enviou ofício a São Paulo em fevereiro, que não teve resposta. (Foto: Simão Nogueira)
De acordo com o procurador-geral do Estado, Rafael Coldibelli Francisco, a Justiça enviou ofício a São Paulo em fevereiro, que não teve resposta. (Foto: Simão Nogueira)

Em tese, Kleber Vargas avalia que o maníaco tem transtorno de personalidade antissocial grave. “É o indivíduo que não consegue respeitar normas, leis sociais, não consegue se colocar no lugar dos outros. Sabe o que está fazendo errado, mas não se importa”, explica, sobre o comportamento de um psicopata.

O maníaco foi para a Unei (Unidade Educacional de Internação) de Ponta Porã em 2008, após três assassinatos em Rio Brilhante. As vítimas eram sempre deixadas em formato de cruz. Em 2011, conforme o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), ele deveria ser posto em liberdade por ter cumprindo o tempo máximo de pena: três anos.

Neste meio-tempo, veio a interdição e ordem para internação compulsória em hospital psiquiátrico. O governo não encontrou local que o recebesse e o maníaco permaneceu na Unei até março deste ano, quando fugiu.

Ele foi localizado no dia 29 de abril na cidade paraguaia de Horqueta. Extraditado, permaneceu numa delegacia de Ponta Porã até o dia primeiro de maio. Nesta data, após um incidente com disparo de arma de fogo na cela onde estava, veio para a 7ª delegacia de Campo Grande. Depois, foi internado na Santa Casa.

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