Manifestação levanta bandeiras de homofobia à aprovação do código florestal
A diversidade de manifestantes ganhou às ruas lutando por causas de demarcação indígena a violência
Homofobia, demarcação de terras indígenas, violência contra travestis, aumento de verba para cultura e aprovação do código florestal foram algumas das bandeiras levantadas na Marcha pela Liberdade, que ganhou aderência de mais de 200 pessoas, nas ruas da Capital na manhã de hoje.
Formado na maioria por jovens, o manifesto não passou despercebido aos olhos do aposentado Martim Cavalheiro, 72 anos. Ele passava pela Praça Ari Coelho e resolveu dar um tempo e observar o movimento. Para quem viveu no período da ditadura militar percorrendo por todo o país, devido o trabalho como motorista, “seo” Martim admira a iniciativa.
“Nós não temos ainda a liberdade de expressão, a ditadura é disfarçada. Esses políticos corruptos oprimem e nos obrigam a pagar altos impostos. Antigamente era declarada, hoje ela é disfarçada e é pior, porque engana o povo”, comenta.
O aposentado explica que aos poucos a democracia está entrando no país “a gente vê que está criando coragem” relaciona com a manifestação.
Mesmo com vários temas tratados, o foco não se perdeu, garantem os participantes, até mesmo porque elas se entrelaçam, acrescenta “seo” Martim “os problemas surgem por falta de escola, de cultura, precisa se investir em colégios. As coisas que eu vejo por aí, Meu Deus do céu, é por falta de cultura, educação”.
O ator teatral Levi Ramos, 48 anos acredita que se a reivindicação é pelo direito de ir e vir, o foco não será deixado de lado. “Estamos em pleno século XXI e temos tanta desigualdade social, precisa acabar com isso. Aqui não tem nada a ver com a maconha, são as pessoas pedindo pelo direito da paz e da liberdade, adere quem quer”, relata.
Concentrados na Praça Ari Coelho, os participantes seguiram abraçaram o chafariz da Praça e foram em direção às ruas 14 de Julho, Barão do Rio Branco, 13 de Maio e Avenida Afonso Pena. Munidos da voz de liberdade de expressão, faixas, cartazes e apitos, os defensores das diversas causas saíram às ruas entregando panfletos em prol da liberdade.
“Em casa somos um, juntos, somos todos nós” - Pelas ruas, com gritos “quem quer censura não pula” e “vem pra rua vem, conta a censura” a manifestação ganhou as vias da Capital.
O pecuarista João Melo, 46 anos, disse que o manifesto é válido, mas sentiu-se prejudicado em relação ao trânsito. “Porque você vê aí que o povo em si, não está interessado, tem pressa, quer passar” diz sobre os motoristas.
Por outro lado acredita que as pessoas tem que ir às ruas, embora nunca tenha participado de um protesto assim, avalia que problemas como saúde são deixados de lado. “As políticas públicas nacionais da saúde estão um caos. Precisa ser mudado e tudo isso é válido”, completa.
De curioso, o policial militar disse que veio a manifestação só para olhar. Cleiton Lima, 37 anos, é instrutor do programa Antidrogas da Polícia Militar e indignado pela liberação da marcha por parte do Judiciário Federal, quis conferir o que foi passado a sociedade.
“Os valores estão se perdendo, eu estou tentando entender, pelo que parece, as coisas de juntaram. O movimento é pela liberdade de expressão, mas a gente percebe que é um início para outros movimentos pela liberação da maconha”, argumenta.
Segundo ele, o intuito da marcha é pela liberação da droga, embora tenha com cautela.
“Daqui a pouco vamos fazer o que? Marcha para roubo, furto, homicídio? Isso é crime como a maconha e agora querem discriminalizar?” questiona.
Falando em Polícia, a marcha seguiu com policiamento da Patrulha Comunitária. A orientação, segundo os policiais que faziam o serviço era apenas para manter a ordem. Deixando a farda de lado, particularmente o policial Ivan Carlos é contra.
“Cadê o ECA [Estatuto da Criança e Adolescente] aqui? O movimento pode instruir as crianças a usar drogas. Estão aí com cartazes pedindo a liberação, mas nem sabem o que estão fazendo. Mas isso é opinião minha, como pessoa”, esclarece.
A liberdade foi posta em prática a todo momento. Com microfone aberto para quem quisesse tomar a frente, líderes de diversos movimentos subiram e foram aplaudidos. O espaço aberto chamou atenção da aposentada Maria de Lourdes Carvalho Valeriano. Ela que só estava de passagem pela Praça Ari Coelho, viu a movimentação e gostou.
“Eu vim falar da cultura. Ela deve ser valorizada, eu sou escritora e não consigo patrocínio para lançar meu livro. Eu estava passando, vi e vim aqui para falar alguma coisa. Nós que estamos trabalhando, pagando impostos e não somos livres. Dizem, mas é mentira”, finaliza.