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Capital

Manifestante vira 'profissão' no 2º dia de acampamento em avenida

Ricardo Campos Jr. e Natália Yahn | 19/03/2016 08:18
Homens, mulheres, idosos, crianças, famílias dormem na Avenida Afonso Pena desde quinta (Foto: Fernando Antunes)
Homens, mulheres, idosos, crianças, famílias dormem na Avenida Afonso Pena desde quinta (Foto: Fernando Antunes)
Idosa diz que sua profissão agora é de manifestante (Foto: Fernando Antunes)
Idosa diz que sua profissão agora é de manifestante (Foto: Fernando Antunes)

Grupo de 12 pessoas do movimento antipetista Chega de Impostos passou a segunda noite acampado no canteiro da Avenida Afonso Pena, em frente ao MPF (Ministério Público Federal). Homens, mulheres, crianças e idosos recebem ajuda da população e há quem diga ter adotado uma nova profissão: a de manifestante.

É o caso de Maria Rita Murano Garcia, 69 anos. “Fui advogada por muitos anos, hoje sou chacareira, mas agora pode colocar aí, sou manifestante”, disse ao Campo Grande News na manhã deste sábado (19).

A idosa promete resistir e ficar no local até a queda da presidente Dilma Rousseff (PT), “essa é a intenção”, pontua.

Mirian Gimenez, 52 anos, tem praticamente transformado a Afonso Pena em lar nos últimos dois dias. Ela é servidora pública e só deixa o acampamento para trabalhar, retornando ao fim do expediente para se unir aos demais manifestantes.

Ela afirma que a maioria dos que passam pelo local demonstram apoio ao movimento. Os condutores, por exemplo, buzinam e fazem sinais solidários ao ato. “É raro, mas a gente escuta pessoas que são contra. Eu ouvi um xingamento dias atrás, me chamaram de vagabunda e eu fiquei assustada, porque ninguém tinha me chamado assim na vida”, afirma.

Rafaela da Silva Cardoso, 30 anos, participa do movimento para mostrar que não há adesão apenas pela elite, como muitos dizem. “Eu sou trabalhadora, só acho que a gente não tem que ficar insatisfeito reclamando dentro de casa, temos que demonstrar que não estamos contentes com o governo”, afirma.

Ela vive na Vila Piratininga com o marido, que trabalha como motorista de ônibus; o enteado de 14 anos; a filha caçula de 1 ano e Maria Eduarda, a mais velha, de 8 anos, que já sabe o motivo da manifestação. “A gente quer que a Dilma e o Lula saiam do governo”.

O servidor Adriano Coelho, 35 anos, está vinte e quatro horas no acampamento aproveitando que está de férias. Ele afirma que há muita receptividade dos comerciantes locais e da população ao movimento, uma vez que eles cedem banheiros e fazem doações de comida e até de dinheiro para o grupo.

“As pessoas passam, trazem água, café, pão de queijo, marmitex como forma de apoio”, pontua. Segundo ele, isso ajuda a manter o ato organizado.

O grupo acampa em frente ao MPF desde a manifestação de quinta-feira realizada no local. Eles pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ontem, conforme a organização, 300 pessoas chegaram a participar do protesto, que chegou a fechar a Avenida Afonso Pena. Com a dispersão, restaram apenas os que têm dormido no local.

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