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Capital

Manifestantes pedem justiça após morte de Joca, cachorro extraviado em voo

Golden retriever morreu depois de ser transportado em compartimento de carga de avião errado

Por Ana Paula Chuva e Clara Farias | 28/04/2024 09:59
Cachorros e donos durante manifestação em frente ao Aeroporto Internacional de Campo Grande (Foto: Alex Machado)
Cachorros e donos durante manifestação em frente ao Aeroporto Internacional de Campo Grande (Foto: Alex Machado)

Pedindo justiça por Joca, manifestantes com seus cachorros se reuniram na manhã deste domingo (28) em frente ao Aeroporto de Campo Grande, Vila Serradinho. O animal morreu na segunda-feira (22), após ser transportado no compartimento de carga em um voo da Gol Linhas Aéreas  e ser extraviado para Fortaleza, no Ceará.

Ao menos 20 cachorros, em sua maioria das raças golden retriever e labrador, se reuniram às 8h em frente ao local com seus donos vestidos de preto. Além de pedir justiça por Joca, o grupo também pede que os animais não sejam mais transportados no compartimento de carga.

Heloísa Andrea Veras, 61 anos, arquiteta e protetora de animais, contou que mora em uma chácara e já teve um cachorro esquecido no aeroporto. Para ela, os animais devem ser tratados como seres humanos nos voos e não como objetos e malas. Ela foi até o local com o Tobias, de seis meses.

“Há dois anos ia mandar um cachorro para o Rio de Janeiro, mas esqueceram ele no pátio do aeroporto daqui. Quando a dona foi buscar ele lá, me ligou avisando que ele não tinha chegado. Ai que eu descobri que nem embarcaram ele. O que a gente reivindica é que as empresas parem de tratar os nossos animais como carga. Poderiam fazer uma área especial dentro do avião para eles, assim como tem a primeira classe. A gente paga caro por esse transporte”, disse a arquiteta.

Juliana e Loki pedem justiça por Joca e melhor tratamento para os animais (Foto: Alex Machado)
Juliana e Loki pedem justiça por Joca e melhor tratamento para os animais (Foto: Alex Machado)

Assim como ela, a analista de sistemas Juliana Medina, 40 anos, esteve no local com o Loki de 8 anos. Para ela, os cachorros devem ser transportados em melhores condições porque são seres vivos e que a maioria dos acidentes é antes ou depois do embarque, não durante o voo e, por isso, ela tem receio de viajar com o seu pet.

“Nós queremos que eles tratem nossos animais como seres vivos. São feitos por Deus, assim como os seres humanos. A maioria dos acidentes com eles que já aconteceu foi antes ou depois do embarque, por falta de treinamento ou negligência dos funcionários”, pontuou Juliana.

A administradora Marli Ribeiro, 53 anos, relatou que nunca viajou de avião com o cachorro da filha que tem 2 anos e quatro meses, por ter medo de como ele seria tratado durante o voo. “O que aconteceu com o Joca poderia ter acontecido com qualquer um. Estamos aqui em prol de todos os animais, independente da raça. O Urias é meu netinho, tenho um amor imenso por ele. Ele é meu amor”, explicou.

O protesto acontece também em outros estados do país, em Brasília, por exemplo, a manifestação foi promovida pelo Clube Golden no aeroporto da cidade .  A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a Polícia Civil de São Paulo investigam o caso. A Gol suspendeu por 30 dias o transporte aéreo de animais.

Marli e Urias durante a manisfestação neste domingo (Foto: Alex Machado)
Marli e Urias durante a manisfestação neste domingo (Foto: Alex Machado)

Morte – De acordo com a imprensa nacional, Joca saiu segunda-feira do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com destino ao Aeroporto Municipal de Sinop, no Mato Grosso. O cachorro estava em uma caixa de transporte e foi colocado no compartimento de carga do avião e acabou sendo embarcado em uma aeronave que seguia para Fortaleza, no Ceará.

O dono de Joca só soube do erro quando chegou no Mato Grosso. A companhia aérea perguntou se ele queria retornar a São Paulo para buscar o cachorro e ao chegar no local, recebeu o golden retriever sem vida. O caso ganhou tanta repercussão que até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou.

“O cachorro morreu porque ficou oito horas sem tomar água, preso, dentro do avião. Eu acho que a Gol tem que prestar contas. Eu acho que a Anac tem que fiscalizar isso, e acho que a gente não pode permitir que isso continue acontecendo no Brasil”, afirmou Lula.

Já a empresa Gol Linhas Aéreas disse em nota que lamenta a morte do cachorro e se solidariza com a dor de seu dono. A companhia admitiu a falha operacional  e que a apuração dos detalhes está sendo conduzida com “prioridade total”.

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