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Marcar consulta pediátrica por planos de saúde demora semanas na Capital

Vagas disponíveis para exames e consultas começam a partir de maio nas clínicas particulares

Natália Olliver | 04/04/2023 13:55
Vagas disponíveis para exames e consultas começam a partir de maio nas clínicas particulares (Foto: Campo Grande News/ Aqruivo)
Vagas disponíveis para exames e consultas começam a partir de maio nas clínicas particulares (Foto: Campo Grande News/ Aqruivo)

Já é crônico o colapso de saúde no setor pediátrico em Campo Grande, tanto nos hospitais públicos quanto particulares. Marcar uma consulta médica da especialidade pode demorar mais de um mês em clínicas que atendem pelos convênios como Unimed, Cassems e da Santa Casa.

O Campo Grande News ligou em diversos estabelecimentos clínicos simulando a procura por uma consulta. Na maioria dos lugares a resposta foi a mesma, nem em casos urgentes os particulares atendem crianças: “Temos a partir de maio, mas se o caso for grave recomenda-se procurar um hospital”, orientou funcionárias em todos os locais procurados, como se fosse resposta de praxe. O número de médicos pediatras disponíveis nas clínicas pesquisadas varia de quatro a seis.

A conta não fecha e evidencia a fragilidade da situação, uma vez que os hospitais também vivem a superlotação das alas pediátricas. Nesta segunda-feira( 3), a Santa Casa da Capital decretou estado crítico por falta de leitos pediátricos. Até a tarde de ontem, o hospital contava com três leitos pediátricos e sete pacientes graves na área vermelha. Já na área verde o número ficou em dez pacientes, sendo sete internados e mais três em observação.

Consequências - Quem sofre com a situação, além das crianças, são os pais ou responsáveis. Regina Alves é mãe de Maria Cecília, de 2 anos e 10 meses. Ela conta que a menina passou três dias com febre, sendo monitorada em casa, porque as emergências estavam cheias e a recomendação do plano de saúde é que a busca por médicos aconteça primeiro pelo pediatra que acompanha a criança, ou seja, um clínico.

“Sem cessar a febre, passamos a buscar encaixe nas clínicas particulares e as respostas eram sempre as mesmas: não temos encaixe. No dia 18 de março, os sintomas se agravaram, mas, mesmo assim, conseguimos marcar consulta somente para 13 de abril”.

A mãe teve sorte, pois uma das clínicas retornou alegando que conseguiram uma vaga para Maria. “Justamente naquele dia ela amanheceu vomitando e na consulta foi diagnosticada com infecção no ouvido avançada", comentou.

Regina também é mãe de um menino de 1 ano e meio. No último sábado, 1° de abril, ele amanheceu gripado e mais uma vez não havia vaga de encaixe e de urgência. “Vamos aguardar a consulta do dia 13 de abril, tentando contornar a situação em casa mesmo”, finalizou.

Histórico - Conforme o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Sandro Benites, a superlotação dos postos e hospitais, tanto em leitos particulares como públicos, é fruto de uma epidemia do vírus sincicial respiratório. De acordo com ele, a orientação é para que os pais não levem os bebês a locais com aglomeração, como praças e shoppings, e nem recebam visitas em casa. Sandro falou sobre o assunto durante lançamento da vacinação contra a influenza, na UBS Doutor Pedro Felix de Souza, no Jardim Paradiso nesta segunda-feira (3).

Ele explicou que nos hospitais particulares, os médicos têm recomendado a mesma coisa, que as crianças sejam levadas diretamente à consulta com o pediatra em vez do pronto atendimento. A ideia é prevenir o contágio de mais pessoas com o vírus.

No setor público, o secretário disse que 15 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) estão com pediatras para atender sem agendamento e evitar que os bebês sejam levados às UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).

Briga - No dia 28 de março, a falta de pediatras na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino foi motivo de briga entre pacientes e funcionários da unidade de saúde. Para conter a confusão, a Guarda Civil Metropolitana precisou ser acionada. O desentendimento foi gravado por uma das mães que aguardava por atendimento. ”Olha o caos aqui, desumano e cruel”, disse.

No vídeo, uma das mulheres aponta o dedo na face da funcionária, que alega comportamento grosseiro por parte dos pacientes. Em seguida, os ânimos se exaltam e os enfermeiros precisam retirar a responsável pela unidade do local.

“Os funcionários pegaram ela na marra e ela só não partiu pra cima da mãe porque a afastaram”, contou Daniele Souza Fernandes, de 40 anos, que gravou as cenas.

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