Maria Aparecida Pedrossian falou sobre vida após a morte horas antes de infartar
No velório, família relembrou feitos realizados por ela e Pedrossian Neto, da última conversa
Ativa, trabalhadora, engajada com assistência social e saúde e mais que uma primeira-dama “decorativa”. Essas são as características que foram atribuídas à Maria Aparecida Pedrossian, que morreu na manhã desta sexta-feira (23), aos 88 anos, em Campo Grande.
Ela estava intubada no Proncor, desde a última quarta-feira (21), após ter sofrido infarto. Ela era viúva de Pedro Pedrossian, ex-governador de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que morreu em 2017, aos 89 anos. Os dois foram casados por 69 anos.
Filha de Maria, Regina Maura Pedrossian, 65, declara que sente “uma saudade muito grande”, já que a matriarca era muito presente enquanto mãe, avó e bisavó. “Uma mulher fantástica, que deu muito exemplo de vida e trabalhou muito. Trabalhou muito pelo social - a paixão dela era o social, cuidou muito das crianças do Estado”.
Um dos diversos legados, segundo a filha, foram jardins e áreas de arborização feitas nos municípios sul-mato-grossenses.
Maria Aparecida - que dá nome ao Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) -, era tida pelos familiares como muito preocupada em relação à saúde enquanto o marido foi governador. “Muito preocupada com a saúde, com assistência, já que os pacientes tinham que ir para fora. Por isso, o papai [Pedro Pedrossian] investiu muito em hospitais”, diz Regina.
Outras ações foram feitas, como instituições de amparo a usuários de drogas, crianças e adolescentes, que perduraram por décadas.
Ela foi primeira-dama de Pedrossian, governador por três vezes - em 1966 até 1971, depois em 1980, quando foi nomeado, e em 1991, quando foi eleito nas urnas. Segundo as filhas, Maria incentivava o marido a investir na saúde sul-mato-grossense e em projetos sociais. Ela também dá nome ao Bairro Maria Aparecida Pedrossian.
Últimos anos - Em relação aos seus últimos anos de vida, Regina comenta que ela era uma idosa muito ativa. “A gente brinca que ela era espaçosa, adorava cozinhar e era louca pelos netos. Adorava tomar um bom vinho. Ela foi uma mãe super presente e avó fantástica. Tenho boas lembranças dela e do papai na fazenda recebendo as pessoas”.
Ela viveu muito bem, era muito ativa. Ela tinha muita saúde e foi um infarto fulminante. Não sofreu, graças a Deus. Sofreu uma intervenção cirúrgica, mas não se recuperou, porque foi muito sério o infarto. Ela ia para fazenda, passava temporada lá e ajudava a recuperar árvores, a cozinhar”, recorda a filha.
Vida após a morte - Eleito deputado estadual em 2022, Pedro Pedrossian Neto (PSD) relata que encontrou a Maria na quarta-feira, horas antes da avó ser internada por conta do problema cardíaco, e se surpreendeu quando a avó falou sobre “vida após a morte”. “Antes de ontem, fui almoçar na casa da minha irmã e, por coincidência, minha avó foi almoçar lá também. Eu a encontrei, estavam tios, amigos, parentes, e ela super bem, sorridente, comeu churrasco com todo mundo, feliz da vida”.
“Coincidentemente, a gente estava conversando e, no meio da mesa, ela disse: ‘você sabia que eu acredito muito em vida após a morte?”, disse o neto. “Ela tinha 88 anos e vivia plenamente, sem nenhum problema de saúde. Quatro horas depois de encontrá-la, ela se sentiu mal. Foi logo para o Proncor, entrou para cirurgia e em menos de uma hora, já tinha feito cateterismo e outros procedimentos. Foi super bem atendida.”
A filha mais velha, Rosa Maria Pedrossian, 66, descreve um “profundo vazio” após a morte da mãe. “Ela era uma pessoa cheia de vida, entusiasmada com todas as tarefas do dia a dia. Ela estava cuidando mais da família da casa, mas era a pessoa que acordava cedo, fazia café, molhava o jardim, fazia de tudo”.
“Ela fez um trabalho muito importante nos dois estados. Mamãe, no prédio do governo, tinha uma sala ao lado da moradia do governador, atendendo todos os doentes. Virava a esquina e estava a mamãe trabalhando. Ela ajudou a cuidar dos hospitais desde aquela época, da arborização das cidades. A mamãe criou e ajudou a implementar creches do Estado, hortas comunitárias, serviço para educação especial”.
Rosa Maria, que leva também o nome da avó, ressalta que a mãe conseguia achar tempo em trabalhar com ações sociais e cuidar da família. “Ela tinha uma energia muito semelhante a do meu pai. Não era só ele que tinha aquela energia criativa e determinação para trabalhar. Era uma parceria muito criativa”, descreve.
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