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Capital

'Me sinto injustiçada', diz aluna excluída depois de 2 anos cursando Medicina

Acadêmica ingressou no curso de medicina da UFMS em 2017 e poderá perder 4 semestres caso não consiga reaver a matrícula; ela foi reprovada na avaliação do sistema de cotas

Kerolyn Araújo | 20/02/2019 14:17
Cartazes registrando protesto de alunos quanto a suposta fraude denunciada à Polícia Federal. (Foto: Izabela Sanches/Arquivo)
Cartazes registrando protesto de alunos quanto a suposta fraude denunciada à Polícia Federal. (Foto: Izabela Sanches/Arquivo)

Injustiça. Esse é o sentimento de uma estudante de medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) que foi excluída do curso após não conseguir comprovar a condição de cotista pelo sistema racial. Além dela, outros 17 acadêmicos perderam as vagas.

Ao Campo Grande News, a estudante do 5º semestre contou que ingressou na faculdade em 2017 por meio de cota, se autodeclarando parda. Depois de dois anos dedicados do curso, agora a acadêmica vê escorrendo pelas mãos o sonho de ser médica. ''Eu me sinto muito injustiçada. Não tem como não acreditar que sou parda. Minha matrícula foi indeferida e não deram explicações", explicou.

Segundo a estudante, a maneira que a avaliação da banca foi realizada foi mal feita. De acordo com ela, um dos examinadores que assinou o documento chegou atrasado, depois que ela já havia sido avaliada. ''Ele nem chegou a olhar na minha cara para alegar que eu não sou parda", disse.

Os métodos avaliados também são motivo de indignação dos 18 estudantes excluídos do curso. ''Diversas questões não foram bem formuladas no edital, as características exigidas são nariz, boca, cabelo e cor. Eu tenho as características de cor e cabelo", disse. Segundo a acadêmica, a comissão não explicou quais as exigências que ela deveria preencher para se enquadrar no sistema de cotas. ''Não falaram quais e quantas características eu deveria ter'', contou.

Agora, para não perder o sonho de ser médica e os dois anos dedicados ao curso, a estudante entrará na Justiça para tentar reaver a vaga. ''Vou acionar a Justiça porque é um direito meu. Sou parda", ressaltou. Conforme a acadêmica, dar prosseguimento à graduação em uma universidade particular está fora da realidade financeira e não é cogitada.

O caso - A UFMS excluiu18 acadêmicos do curso de Medicina que não conseguiram comprovar a condição de cotista pelo sistema racial, social ou PCD (pessoa com deficiência). O caso veio à tona em novembro de 2018, após denúncia à Polícia Federal.

A Proaes (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis) e a Prograd (Pró-Reitoria de Graduação) analisaram juntas o caso por meio da Banca de Verificação da Veracidade da Condição de Cotista no ingresso na Famed (Faculdade de Medicina). Dos 23 casos comunicados em novembro à PF, 21 foram convertidos em procedimentos de averiguação.

Em três casos, porém, os recursos apresentados pelos estudantes foram deferidos, considerando-os enquadrados nos sistemas de cotas. Já outros 18 estudantes não conseguiram atender aos critérios de cotistas e perderam as vagas, um deles na reserva para PCDs.

Por meio de nota, a UFMS informou que após o período de recurso, os acadêmicos que continuam como indeferidos no resultado final da Banca de Verificação da Veracidade da Condição de Cotista perdem o direito à vaga e têm às matrículas cancelada.

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