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Capital

Mesmo com queda na taxa de furtos de veículos, pátio de delegacia segue lotado

Maior parte dos veículos são motocicletas que foram apreendidas em flagrante, explica o delegado da Defurv

Por Mylena Fraiha | 05/01/2024 08:32
Grande parte do veículos apreendidos pela Defurv são motocicletas (Foto: Mylena Fraiha)
Grande parte do veículos apreendidos pela Defurv são motocicletas (Foto: Mylena Fraiha)

Sem donos à vista, alguns veículos seguem “encalhados” no pátio de delegacias da Capital. Grande parte são motocicletas, apreendidas em flagrante, conforme explica o delegado titular da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos), Ricardo Meirelles Bernardinelli.

Em contrapartida, Campo Grande registrou uma redução de 25% nos furtos e 66% nos roubos de carros e motocicletas em 2023, os índices mais baixos dos últimos 10 anos, conforme declarado pelo delegado Ricardo.

Apesar de o pátio da delegacia estar cheio, o delegado explica que isso ocorreu devido ao aumento no número de flagrantes e na resolução de casos no último ano. "Tivemos progresso nas taxas de resolução, tanto para roubos quanto para furtos. Isso é um reflexo das nossas investigações. Também tivemos um aumento no número de flagrantes, foram mais de 40 casos nesse último ano, e isso gerou uma quantidade de veículos no pátio", explica.

Ricardo explica que uma parcela desses veículos é de baixo valor econômico, como motocicletas e carros populares. Alguns são recuperados pelos proprietários após a apreensão e devolução feita pela Polícia. Segundo o delegado, aproximadamente 150 veículos são recuperados mensalmente, sendo a maioria motocicletas.

Quando os veículos são recuperados, passam por um processo na delegacia especializada em roubos e furtos. É feito um cadastramento do veículo e a vítima é contatada. Se a pessoa não comprovar a propriedade do veículo no momento da restituição, o veículo pode ser encaminhado para o Detran. Além disso, veículos com irregularidades administrativas podem ser destinados ao leilão", explica Ricardo Meirelles.

Já os veículos sem identificação de proprietário ou com pendências administrativas são direcionados para o pátio do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul).

“Nesses casos, o proprietário deve se dirigir ao Detran para regularizar a situação e pagar as taxas necessárias. Ao dar entrada, é solicitada imediatamente uma perícia no veículo. Esse veículo passa por uma perícia para verificar se tem condições de voltar a circular”, orienta o delegado.

Conforme explicado por Ricardo, nos casos em que um veículo passa por múltiplas adulterações, ele pode ser leiloado como sucata. "Esses veículos são considerados inaptos para retornar à circulação e, portanto, são encaminhados à comissão de alienação do fórum. Lá, são submetidos ao processo de leilão e comercializados como material inservível, ou seja, sucata. Em seguida, é realizada a baixa no registro desses veículos".

Motos apreendidas e mantidas no pátio da Defurv (Foto: Mylena Fraiha)
Motos apreendidas e mantidas no pátio da Defurv (Foto: Mylena Fraiha)

Como recuperar - Caso alguém tenha seu veículo roubado ou furtado, a recomendação é registrar o boletim de ocorrência imediatamente, conforme orientação do delegado Ricardo. "Não espere que o tempo passe. Infelizmente, há pessoas que procrastinam. Em alguns casos, dias, semanas ou até meses se passam. Recentemente, um rapaz veio até aqui para registrar um boletim de ocorrência, sendo que o seu veículo foi furtado há anos".

O delegado da Defurv esclarece que a demora no registro do boletim de ocorrência também impacta na resolução do crime. "Quando as pessoas demoram para buscar e registrar o boletim de ocorrência, isso afeta todo o processo. Já tivemos casos de pessoas que esperaram até mesmo um mês ou dois meses para registrar o boletim. Isso realmente prejudica todo o andamento da investigação”.

Para recuperar, a orientação é ir à delegacia mais próxima de sua residência, com documentos que comprovem a compra e posse do veículo. “Sempre há um investigador pronto para coletar as informações necessárias, e hoje em dia, as comunicações são realizadas on-line. Conseguimos acessar isso imediatamente e temos investigadores fiscalizando durante todo o dia, adiantando essa coleta de informações”.

Apesar da opção de registro de boletim on-line, Ricardo orienta que as pessoas compareçam à delegacia mais próxima de sua residência. “Lá, um investigador estará disponível para fazer as indagações necessárias, abordando uma série de questões que serão cruciais para esclarecer a propriedade, o local e as circunstâncias dinâmicas do ocorrido”.

Para o delegado titular da Defurv, o principal objetivo das operações é recuperar os veículos furtados, frequentemente o bem material mais significativo para muitas famílias. "Um veículo muitas vezes é o ganha-pão de toda uma família ou para quem trabalha como entregador, motorista de aplicativo ou realiza serviços de entrega para restaurantes. Então nosso objetivo é agilizar ao máximo o processo para devolver o veículo o mais rápido possível".

Cuidados na hora de comprar - Outro ponto reforçado pelo delegado da Defurv, durante entrevista concedida ao Campo Grande News, é a necessidade de ter cautela na hora de comprar veículos usados.

Segundo Ricardo Meirelles, apesar da boa intenção, muitas pessoas correm riscos ao adquirir veículos por valores mais baixos e acabam negligenciando a importância de verificar a procedência. "Em algumas situações, esses veículos são vendidos informalmente em locais conhecidos como 'bobs', nos quais estão envolvidos em problemas de licenciamento, impostos atrasados ou dívidas financeiras".

Delegado titular da Defurv, Ricardo Meirelles, comenta casos de recuperação de veículos furtados (Foto: Mylena Fraiha)
Delegado titular da Defurv, Ricardo Meirelles, comenta casos de recuperação de veículos furtados (Foto: Mylena Fraiha)

O delegado da Defurv também destaca que alguns veículos vendidos de forma irregular podem ter origem criminosa e ter sofrido adulterações em placas, chassis e outras formas de identificação. A adulteração de sinal de identificação de veículo é um crime, conforme o Artigo 311, Parágrafo 1º do Código Penal.

Ele também destaca que, nesses casos, o comprador pode ser responsabilizado pelo crime de receptação culposa, caso tenha adquirido o veículo por negligência, ou dolosa, se tinha conhecimento da origem criminosa do veículo comprado.

Então se um veículo tem um valor de mercado de R$ 15 mil e está sendo vendido por R$ 5 mil, há algo errado. Além disso, algumas pessoas adquirem veículos e realizam alterações sem regularizar a situação nos órgãos de trânsito, o que pode resultar na apreensão do veículo”, explica Ricardo.

De acordo com o delegado, o combate ao comércio ilegal de veículos também deve ser feito com o apoio da população. “A população desempenha um papel fundamental na prevenção desses crimes, pois se os criminosos não encontrarem compradores para esses veículos, a cadeia criminosa pode ser quebrada", recomenda Ricardo.

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