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Capital

Mesmo preso, Beira-Mar comanda esquema de lavagem de dinheiro

Francisco Júnior | 01/12/2011 11:59

O traficante mantinha empresas para o esquema fazer a lavagem de dinheiro do tráfico

Beira-Mar durante julgamento no Tribunal do Júri, em Campo Grande. (Foto: Marcelo Victor)
Beira-Mar durante julgamento no Tribunal do Júri, em Campo Grande. (Foto: Marcelo Victor)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu que mesmo preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, o traficante Fernandinho Beira-Mar comanda um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em pelo menos cinco Estados, entre eles Mato Grosso do Sul.

O esquema foi descoberto a partir da análise de 14 retalhos de papel pautado, com manuscritos do traficante, apreendidos durante a ocupação do Alemão há um ano. De acordo com a polícia, os agentes descobriram que o esquema era responsável pela obtenção de grande parte das armas e drogas para a comunidade.

De acordo com a polícia, em Campo Grande, o traficante utilizava agências de automóveis, locadores e lan houses para fazer a lavagem do dinheiro do tráfico.

Além da Capital, o esquema matinha empresas com sedes em Foz do Iguaçu (PR) e Belo Horizonte (MG). O dinheiro arrecadado era depositado, fracionado, em contas bancárias das empresas e seus sócios. Uma das firmas, com sede em Foz do Iguaçu, movimentou R$ 10,7 milhões entre maio e julho de 2010. O valor é resultado da soma de dezenas de pequenos depósitos feitos em espécie em agências nos arredores do Alemão.

Para se comunicar com comparsas , Beira-Mar enviava os bilhetes por meio de pessoas cadastradas para visitá-lo na prisão, entre elas advogados. Exames grafotécnicos comprovaram que a letra dos bilhetes é mesmo de Beira-Mar. A conta da empresa mantida pelo traficante em Campo Grande, em apenas dois dias do mês de junho de 2010, recebeu R$ 500 mil.

Na manhã desta quinta-feira (1), a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou a operação Scriptus com o objetivo de demantelar o esquema chefiado pelo traficante. Os policias tentatam cumprir 20 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão. De acordo com a assessora da Polícia do Rio, sete pessoas foram presas. Em Campo Grande não ocorreram prisões.

O traficante está há 10 presos em Penitenciárias Federais. Na de Campo Grande, ele permaneceu por três anos, de 2007 a 2010. Foi transferido em 18 de dezembro o ano passado, após descoberta de um plano de sequestro de autoridades que teria sido arquitetado de dentro da unidade da Capital.

No começo deste ano foi descoberto um plano traçado por Beira-Mar em 2007. O traficante queria sequestrar o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o empresário Luís Claudio Lula da Silva. O sequestro foi frustrado quando o narcotraficante, Juan Carlos Abadía, líder do tráfico colombiano, entregou o esquema para acelerar sua extradição do Brasil para os Estados Unidos. (Com informações do jornal O Globo)

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