Moradores se cansam de bancar melhoria na rua, levada a cada chuva
Desgastados por tirar dinheiro do próprio bolso para amenizar a erosão, empresários e moradores exigem providências
Moradores e empresários do bairro Nova Lima, região norte de Campo Grande, se dizem cansados de bancar com o próprio dinheiro serviços de cascalhamento para amenizar a erosão de ruas na vizinhança. Em dias de chuva, toda a terra é levada e são formadas crateras enormes, o que vem provocando acidentes e prejuízos a quem precisa lidar diariamente com o problema.
A cada 8 meses, o empresário George da Silva Vieira diz que desembolsa de R$ 5 mil a R$ a 6 mil para cascalhar ruas e trocar lâmpadas dos postes de iluminação pública do entorno da Avenida Cândido Garcia de Lima.
Proprietário de uma pizzaria, ele investiu cerca de R$ 1 milhão no negócio e levou mais de 10 anos, entre a construção e inauguração, para montar o que ele chama de “árdua conquista”.
“Batalhei muito para construir a pizzaria aqui. A rede grega não queria liberar a franquia por conta da localização e da precariedade do lugar. Eles achavam muito distante, com bastante violência, sem asfalto. Eles não acreditavam na clientela”, recorda.
Para conseguir melhorar as condições do bairro e obter a liberação da franquia, ele decidiu contratar serviços por conta, já que, segundo ele, nunca recebeu retorno da Prefeitura às suas solicitações.
A inauguração aconteceu há 4 anos e, desde lá, não houve mudança na situação. “Continuo pagando para cascalhar e em período de chuva gasto até mais, por causa da erosão. Também troco lâmpadas queimadas aqui na frente da pizzaria. Faço isso porque tenho um movimento muito bom, e não quero perder minha clientela”, justifica
Quando chove, tudo piora. Depois de um temporal, que levou o cascalhamento que o empresário havia contratado, uma motorista gestante que estava estacionando perto da pizzaria não viu um buraco tampado com água. “O carro caiu no buraco. Ela ficou nervosa e o veículo não ficou danificado. Mas foi um baita susto. Para mim, foi a gota d´agua”, lembra.
O comerciário Jorge Dias, que mora no Nova Lima há 30 anos, disse que a situação sempre foi assim. “Desde quando foi construído, na década de 70, o bairro tem problemas. Precisamos de tudo aqui. Parece que está previsto asfaltamento em uma primeira etapa a partir da Rua Zulmira Borba, mas lá quase não tem casa”, disse.
Eles também acreditam que essas deficiências estão prejudicando o desenvolvimento do bairro, pois muitos negócios em construção “estão parados ou em ritmo muito lento porque os investidores estão receosos com o bairro”. Segundo eles, outros moradores também já compraram terra para amenizar os buracos das ruas.
Falta de iluminação – Os moradores relatam também o aumento da violência na região. A dona de casa Rosa Maria de Jesus, 44 anos, que reside no bairro há 18 anos, acredita que a falta de iluminação está favorecendo a ação de bandidos.
“Já tivemos casos de sequestros, roubos, assaltos. Nesses dias invadiram a casa de uma senhora aqui perto. Dá medo.”, disse.
De acordo com a dona de casa Cássia Laryssa Araújo, 23, ela sente receio por conta da filha, de 3 anos. “Fico com medo de sair de casa com ela, principalmente. No ponto de ônibus está tudo escuro”, aponta.
Por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Campo Grande informou que "em relação a iluminação pública, a Secretaria de Infraestrutura atende a demanda encaminhada pelo teleatendimento".
Obras previstas - Em agosto do ano passado, a Prefeitura anunciou que a empresa Equipe Engenharia Ltda será responsável pela execução das obras de pavimentação do Nova Lima. Via e-mail, a assessoria informou ao Campo Grande News que a primeira etapa das obras deve começar nos próximos meses.
Serão destinados R$ 20,9 milhões, provenientes de contrato de financiamento feito com a Caixa Econômica Federal. Estão previstos manejo de águas pluviais, pavimentação asfáltica, obras de mobilidade e acessibilidade e sinalização viária da região.
O Nova Lima, que fica na região do Segredo, é um dos bairros mais antigos e populosos da cidade morena, com 35 mil habitantes.