Moradores veem desperdício em serviço de tapa-buraco emergencial
Moradores e comerciantes da Avenida Marquês de Pombal, uma das principais vias de acesso ao Bairro Tiradentes, leste da cidade, contestam a eficácia do serviço emergencial feito pela Prefeitura de Campo Grande na via e acreditam que o dinheiro gasto no tapa-buracos é "um desperdício."
Desde o início do ano, a Prefeitura vem agindo em pontos esporádicos da avenida. Na manhã desta sexta-feira (17), os trabalhos aconteceram em um trecho de aproximadamente 650 metros entre a as ruas Cândida Lima de Barros e Marquês de Lavradio, no sentido bairro. À tarde, já não havia atividades no local em toda a extensão da via.
“Estou aqui há um ano e já vi, só neste trecho, umas trêz vezes eles vindo tapar buracdo. Não adianta nada colocar essas ‘cascas de ovo’ que eles põem. É trabalho de enxugar gelo, desperdício de dinheiro”, disse Ricardo Silva, 36 anos, vendedor de uma loja de massas italianas em frente de um dos buracos tampados. “Assim que eles foram embora eu fui lá pisar. Já está afundando”, sacramentou. A reportagem não detectou o problema.
Morador há 35 anos da mesma casa, exatamente no outro sentido da via, o garagista Manoel Silva, 37, atenta para outro detalhe: buracos abertos exatamente ao lado de outros antigos que foram tampados. Ali, no sentido centro, no mesmo trecho, o mutirão municipal passou há cerca de 15 dias. E Silva já pede a sua volta.
“Presta atenção aqui (diz apontando para um buraco tampado), olhe para o lado, está vendo do lado? O problema é o asfalto. Ou a Prefeitura cria vergonha na cara e faz o recapeamento completo ou não tem jeito. Mas parece que só pensam nisso em avenida de rico”, indagou Silva.
“Isso aqui foi asfaltado em 1997. O asfalto já era ruim, está vencido. Nem eu que tenho estudo completo sei disso, os engenheiros não sabem”, completou.
Nem tudo no Tiradentes, no entanto, são críticas. O borracheiro William Cesara, 29 anos, nascido e criado no bairro, diz que os vizinhos precisam ter ponderação na hora das críticas.
“Pessoal não entende que não para de chover, Campo Grande tem mais carro. Como vai fazer? Tem que se entender. Eu, particularmente, nunca vi um trabalho tão bem feito como o que estão fazendo agora. Antes era de qualquer jeito”, explicou.
Para deixar claro que sua opinião não tem conotação política, contudo, ele alerta para o fato de que nunca faturou agora como antes. “Todo dia tem cliente com pneu estourado em buraco. Estou faturando com a desgraça dos outros. E quero o bem da cidade. Poderia criticar por criticar e seguir ganhando muito”, disse.
Histórico – Há pelo nove meses os moradores do Tiradentes convivem com tapas buracos na Marquês de Pombal. Só neste ano, desde que o prefeito Marquinhos Trad (PSD) assumiu a gestão, as ações emergencial começaram logo no dia 4 de janeiro.
E de emergência em emergência, a via consome boa parte das verbas destinadas aos multirões tapa buracos. Primeiro, os R$ 3,2 milhões de janeiro. E agora os contratos de R$ 20 milhões na parceria com o Governo do Estado.
Em nota, a Prefeitura afirma que está revisando o projeto de recapeamento da avenida e as obras serão retomadas conforme a disponibilidade financeira.
Projeto esse que foi formulado na gestão anterior de Alcides Bernal (PP), em junho do ano passado. Na ocasião, foi aberta licitação de R$ 479,9 mil exclusivamente para as obras de “requalificação de vias e drenagem”, como disse o edital, mas o projeto não saiu do papel.
O Campo Grande News não conseguiu até a conclusão desta reportagem contato com a assessoria do ex-prefeito para comentar as declarações da atual gestão.
OBS: Matéria editada às 17h41 para correção de informações referentes à licitação de recapeamento da Marquês de Pombal na gestão de Alcides Bernal.
