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Capital

Motorista vai parar na delegacia por abandonar cachorra ferida à própria sorte

Nesta tarde, a autora do crime se disse arrependida. "Tentei a fazer tudo certo e no final fiz tudo errado".

Geisy Garnes e Ana Beatriz Rodrigues | 23/12/2021 17:32
Malu foi resgatada em terreno baldio do bairro Vilas Boas (Foto: Reprodução Vídeo)
Malu foi resgatada em terreno baldio do bairro Vilas Boas (Foto: Reprodução Vídeo)

Mulher de 55 anos foi parar na delegacia após atropelar uma cachorrinha da raça Lhasa Apso e abandoná-la ferida em um terreno baldio às margens de uma rua de terra no Bairro Vilas Boas, em Campo Grande. Nesta quinta-feira (23) ela relatou a polícia que chegou a medicar o animal e só o deixou sozinho por acreditar que ele conseguira voltar para casa.

O atropelamento aconteceu na terça-feira (21). Segundo o delegado Maércio Alves Barbosa, a cachorrinha Malu fugiu quando o sogro da tutora abriu o portão para sair de casa. Andando pelo bairro, acabou atingida pelo Ford Courier na Rua Santana.

Toda a cena foi registrada por câmeras de segurança da região. Neste tempo, a família da Lhasa Apso percebeu o sumiço, começou as buscas e descobriu o atropelamento pela gravação. Nas imagens é possível ver que a motorista para o veículo e resgata Malu.

Depois disso, os tutores descobriram também que a mulher chegou a procurar uma clínica veterinária da região, mas não deixou a cachorra ferida lá.

Fotos de Malu começaram a ser compartilhada nas redes sociais, mas só na manhã desta quinta-feira (23) as buscas tiveram fim. Pelo rádio, a dona ouviu anunciar que moradora do Vilas Boas havia encontrado uma cachorrinha com as mesmas características em um terreno baldio. Logo ela foi ao endereço indicado e reconheceu a cadela.

Depois de resgatar Malu, a tutora procurou a Decat (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e Atendimento ao Turista), que em poucas horas identificou e intimou a mulher responsável pelo atropelamento. Nesta tarde, ela foi até a sede da delegacia prestar depoimento.

Ao delegado, a mulher contou que depois de atropelar a cachorra, a colocou dentro de uma caixa e fez um “tour” pelos pet shops do bairro. Foi em pelo menos dez, mas a maioria não atendia casos clínicos. No último, conseguiu o que procurava, fez um orçamento do atendimento, mas não tinha condições de pagar por ele.

Sem dinheiro, desistiu do tratamento de Malu, mas recebeu orientações para cuidar da cadela em casa. Foi o que fez, afirmou para o delegado. Assim que chegou, deu seis gotas de Novalgina para a cachorrinha e no dia seguinte percebeu que ela estava melhor, havia até voltado a andar.

Foi diante da melhora da cachorrinha, que decidiu voltar ao Vilas Boas e deixar ela em um terreno. “Ela falou que acreditava que por ser um cachorro, conseguiria voltar para casa sozinho”, detalhou Maércio. Malu, no entanto, ficou na área de mata, ferida, debilitada e rodeada por moscas, até ser encontrada por uma moradora da região.

“Não é crime atropelar. O crime está em não prestar o devido socorro e depois abandonar o animal ferido”, reforçou o delegado. Agora a mulher vai responder por maus-tratos, crime que prevê pena de 2 a 5 anos, mais multa. No entanto, ela responde ao inquérito e ao processo em liberdade.

Nesta tarde, a autora do crime se disse arrependida. Ela não quis conversar com a equipe de reportagem, se limitou a dizer que “tentou a fazer tudo certo e no final fez tudo errado”.

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