Motoristas desconfiam de campanha e denunciam falta de fiscalização
Motoristas e pedestres estão céticos quanto aos resultados da campanha "Maio Amarelo", iniciada domingo para reduzir as mortes em acidentes de trânsito em Campo Grande. Eles apontam falta de agentes de trânsito nas ruas e cobram maior fiscalização na Capital. Também sugerem maior rigor nas autoescolas na formação de novos condutores como uma das medidas para frear a violência nas ruas.
“Eu acho que tem que ter mesmo, por que em Campo Grande há muitos acidentes”, comentou Ieda Shirado, 51 anos. Em abril deste ano, foram 10 óbitos contra oito no mesmo período do ano passado. No entanto, os motoristas não ficaram satisfeitos com a campanha. Eles alegaram que não houve divulgação do movimento. “Não teve panfletagem, não teve aviso. Ficou um mês vago. Assim não valerá nada”, reclamou o mototáxista Miguel Martinez, 37.
A falta de fiscalização é uma das principais queixas. Eles comentaram que muitos motoristas usam o aparelho celular enquanto dirigem e ficam impunes por causa da falta de fiscalização. "Falta gente para fiscalizar. A PM (Polícia Militar) ainda faz blitz, mas não vejo agentes da Agetran na cidade", relatou o Miguel.
Eles afirmaram que é preciso fazer uma reeducação no condutor da Capital, para depois fazer algum tipo de campanha. “Deveriam ser dadas aulas nas escolas sobre educação no trânsito e legislação, para que ele aprenda desde cedo”, completou o mototáxista.
O fiscal de prevenção Bruno Sander, 22, conseguiu a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) no ano passado. Ele disse que muitas coisas que aprendeu na autoescola não podem ser colocadas em prática nas ruas da Capital e foi obrigado a se adaptar ao “jeitinho” campo-grandense de dirigir.
“Eu tive que me adaptar e andar do jeito que o motorista de Campo Grande dirige, mas tentando não errar. Quando nós andamos certo, eles dizem que somos errados”, analisou Bruno.
Ele recomendou que as autoescolas fossem mais rígidas ao permitir que os alunos tirassem CNH. Bruno alegou que há poucas aulas e que os alunos acabam não tendo experiência para dirigir.
Para Roberto Malves, 43, falta fiscalização e leis mais rígidas no trânsito da cidade. “Não adiantar só ficar punindo, eles precisam ensinar o motorista. Deveriam cuidar mais e para isso precisam ter mais agentes”.
Maio Amarelo - A campanha mundial visa chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortos e feridos no trânsito e organizar ações, entre o poder público e a sociedade civil, para educar e conscientizar os usuários do trânsito. Ela reune 39 órgãos governamentais, coordenados pelo sendo coordenadas pelo Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT).
Para sensibilizar o motorista, grupos teatrais também irão aos terminais de ônibus da Capital apresentar peças, destacando a necessidade de conscientização. A programação conta ainda com confecção de 10 mil fitas amarelas para serem colocadas nas antenas dos carros e retrovisores de motocicletas, durante as blitz e carreatas.
No dia 17, o Sindicato do Centro de Formação de Condutores, em parceria com o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) realizará, a partir das 9h até o meio-dia, na Avenida Afonso Pena com a Rua 13 de Maio, uma campanha educativa através de panfletos e carreata.