Mudanças nas linhas tiram passageiros "empurrados" para terminais
Pesquisa que determinou alteração em trajetos mostra que 40% dos passageiros da Capital não precisariam passar por terminais
As mudanças nas linhas do transporte coletivo de Campo Grande foram baseadas em pesquisa que detectou que 40% dos passageiros são “empurrados” de terminal para o outro, sem necessidade, sendo obrigados a passar até 3 horas em trajeto até chegar ao destino.
O resultado da pesquisa foi mostrado hoje, na Câmara Municipal de Vereadores, durante a palavra livre da sessão, atendendo ofício da vereadora Cida Amaral (Pros).
A responsável pelo estudo, Maria de Fátima da Silva, da Pait Consultoria, explicou que o levantamento começou entre novembro e dezembro de 2019, em que foram ouvidas 62 mil pessoas que utilizam os sete terminais e nos dois de integração em funcionamento na cidade.
A partir do questionário as mudanças começaram pelo Terminal Guaicurus, o mais movimentado, com 25 mil passageiros por dia (ou “catracadas”, já que uma pessoa passa pelo local mais de uma vez ao dia). O levantamento mostrou que há casos em que é necessário usar de três a quatro linhas para chegar ao destino final, passando de terminal em terminal, mais de 3 horas de trajeto.
As alterações já impactaram, diretamente, a circulação no segundo maior, o Terminal Morenão, com 24 mil passageiros. “O Morenão é como uma panela de pressão, uma linha que atrasava para chegar lá empacava na logística do terminal”, disse Maria de Fátima, fazendo paralelo de quando uma pessoa que queria viajar até a região Norte e obrigatoriamente tinha de passar pela rodoviária de Brasília.
Entre as alterações, a linha 075, que saía do Morenão até o terminal de integração Hércules Mayomone e, agora, tem trajeto similar ao 070 (Bandeirantes/General Osório), porém, saindo do Guaicurus, não passa no Morenão, passa no Hércules Maymone e até o General Osório. “Isso desafogou o 070”, disse Maria de Fátima sobre a linha mais movimentada, com cerca de 2 mil passageiros/dia.
Outra linha beneficiada, segundo ela, foi a 061 (Moreninha/Shopping Campo Grande), em que a solução anteriormente adotada era aumentar o número de horários, mas que nunca resolvia a superlotação. "O 61 era uma das linhas mais complicadas e nós não mexemos nela, antes nós estavamos dando o remédio errado", disse o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende.
Outras linhas foram criadas para desafogar estes terminais, como a do Los Angeles e Paulo Coelho Machado direto ao centro da cidade. A pesquisa indicou que três mil passageiros iam para os terminais, com que tinham como destino final a região central de Campo Grande.
Com a mudança, segundo a pesquisadora, o passageiro que levava até 1h30 do Los Angeles até o centro da cidade, “empurrado” de terminal para o outro até chegar ao destino, agora leva no trajeto cerca de 15 a 20 minutos, fora o tempo de espera no ponto de saída.
A pesquisa continua, mas várias mudanças ainda serão feitas com base no levantamento já feito em outros terminais. Para Rezende, as alterações vão “desidratar” os terminais, tirando o passageiro que não precisa passar por lá e terá outro trajeto, com menor tempo dentro do coletivo.
Pesquisa continua em todos os terminais (já ouviram) vão fazer mudança por terminal. Começaram por Guaicurus e Morenão pq impacta mais gente e reflete nos outros.
A lotação em horário de pico e demora na chegada dos ônibus sempre foi reclamação entre usuários do sistema público. Ao longo dos anos, com a criação de alternativas de transporte, como mototáxi e, mais recentemente, os aplicativos, o sistema sentiu o impacto: de 1995 para 2019 o número de passageiros caiu 50%, passando de 84 milhões/ano para 42 milhões/ano, segundo o Consórcio.