Na "boca do povo": buracos garantem "renda inédita" a borracheiros
O que é prejuízo para a maioria para alguns está sendo uma forma de melhorar os negócios. Os buracos, que tomaram conta das ruas de Campo Grande, viraram assunto do cotidiano dos campo-grandenses e se transformaram em um “presente” para os borracheiros da Capital. O movimento nas borracharias aumentou 40%.
É o que explica o proprietário de uma borracharia, localizada na Avenida Lúdio Martins Coelho. “Depois que os buracos começaram a surgir o movimento aumentou 40% no meu negócio. Toda hora chega cliente com pneu furado ou cortado. Por dia, estou tirando cerca de R$ 100 a mais do que tirava antes”, explicou Marcos Silva de Albuquerque.
O valor é referente a troca de pneus e câmeras. “Por conta da crise financeira, os clientes estão optando pelos pneus ressolados e câmeras com qualidade menor. Estão rodando no improviso mesmo. Tem cliente que chega a roda empenada e acaba comprando outra menos empenada que tenho aqui para rodar, é aí que estou tendo lucro”, comentou Marcos.
A movimentação grande na borracharia é porque em frente ao estabelecimento existe quatro buracos grandes. A todo momento um motorista desatento não consegue desviar dos obstáculos. A borracharia também é única em quase toda a extensão da avenida.
O movimento também cresceu 40% na borracharia de Jonílson Sandim, 33, na Avenida Cônsul Assaf Trad. Ele contou que antes dos buracos aparecerem dois a três clientes apareciam com pneus cortados ou com rodas amassadas, mas agora o número dobrou durante a semana. “Não foi um aumento gritante, mas senti que aumentou sim”, destacou.
Na borracharia, o remendo para pneus de carros ou motocicletas não passa de R$ 15. Mas quando há corte no pneu é preciso fazer o procedimento de vulcanização, que dura quatro horas, e custa R$ 45. No caso das motocicletas, se houve corte no pneu é preciso fazer a troca; o pneu novo custa de R$ 100 a R4 150.
A borracharia do Valdevino Antunes Batista, 56, localizada na Avenida Senhor do Bonfim, também teve um aumento significativo no movimento: 25%. Valdevino falou que trabalha há 21 anos na área e nunca tinha visto a cidade cheia de buracos como está.
“Já tinha visto com buracos sim, mas do jeito que está agora nunca. O pior é que cada dia que passa aumenta mais. O que a gente mais escuta de cliente é: os buracos do Bernal, os buracos do Olarte. Sempre está chegando alguém com pneu cortado ou roda amassada, quando é roda de ferro a gente consegue recuperar, mas a roda esportiva só comprando outra mesmo”, apontou.
O prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP) iniciou o serviço de tapa buracos no dia 11 deste mês. Cinco empresas devem receber R$ 2 milhões por mês e concluir a "Operação Chega de Buracos e Lama" em 90 dias, segundo o secretário municipal de Infraestrutura, Amilton Cândido.