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Capital

Na loja de fogos lotada, até trabalhador de pet shop compra rojão

Debate em torno da proteção aos animais, no período de festas, tem aumentado, mas tradição de soltar fogos e rojões ainda é mais forte

Izabela Sanchez e Bruna Kaspary | 31/12/2018 14:48
Loja de fogos de artifício, lotada na tarde desta segunda-feira (31), véspera de Réveillon (Foto: Bruna Kaspary)
Loja de fogos de artifício, lotada na tarde desta segunda-feira (31), véspera de Réveillon (Foto: Bruna Kaspary)

O ouvido canino é capaz de perceber sons com frequência entre 10 Hz – medida de frequência de uma onda – e 40 Hz, enquanto o ouvido humano só alcança 20 Hz. Além disso, os cães também conseguem detectar sons quatro vezes mais distantes que o ser humano. O ouvido aguçado dos bichinhos é o que motiva longo debate e até proibições, em algumas repartições públicas, dos fogos de artifício e rojões.

Em uma loja tradicional do centro, ainda assim, até profissionais de Pet Shop fazem fila para comprar rojão, em especial os modelos “de tiro”. É o que garante a filha do proprietário do estabelecimento, Irene Coutinho de Lima que afirma que a venda dos produtos continua forte, mesmo com a conscientização sobre os animais.

“É engraçado porque apesar da preocupação toda, tem gente que veio com uniforme de pet shop e comprou rojão de tiro”. “Aqui adoram esse rojão de tiro”, garantiu ela. Apesar do volume de vendas, parte desses artefatos é, sim, marcado pela consciência. Isso porque tem saído muito, ali, artefatos dos tipos luminosos, que não fazem barulho. É o que afirma Irene.

A expectativa da comerciante é vender mais de 1000 caixas de fogos de artifício. Ela garante que o movimento grande é, de fato, na véspera de ano novo, já que as pessoas sempre deixam para a última hora. “Em dezembro há um aumento de 80% em relação aos outros meses”, afirma.

Filas até do lado de fora para garantir fogos e rojões (Foto: Bruna Kaspary)
Filas até do lado de fora para garantir fogos e rojões (Foto: Bruna Kaspary)

No local, os preços variam de R$ 15, dos modelos mais simples, até R$ 3 mil, preço dos artefatos mais elaborados, que demoram até 5 minutos e apresentam modelos e cores diversas na hora que explodem.

“A minha vida toda tive cachorros e gatos. Para proteger coloco dentro do quarto. Tem que ter um cuidado especial com eles. Você não pode passar o seu medo para o cachorro. Eles brincam enquanto está acontecendo a festa, e na hora dos fogos vão para o quarto”, declara Irena.

O público dos fogos e rojões garante proteger os animais de casa, mas não deixa de soltar os fogos. Josilaine Mária Lemos, 62, só compra os coloridos, e não vai soltar em casa, e sim no CTG (Centro de Tradições Gaúchas). “Isso [não soltar em casa] é um consenso de quem está querendo fogos”, explicou. Ela afirma que sempre “solta fogos”. “Quando estou em casa e os fogos são perto de casa, sempre tem alguém junto com ele”, relata ela, que tem um cachorro da raça Dog Alemão.

O advogado Ricardo Correia Juniro, 41, veio a Campo Grande para passar as festas. Onde vive, sempre há fogos, mas ele explica que não tem costume de proteger o animal. “Sempre compro poucos fogos e nunca tive problema com os animais. Não tenho nenhum ritual porque nunca tive problema”, garante.

Maria Rosane Borges Sook, 56, também comprava fogos, mas afirma que onde vai passar o ano novo não há animais. “Por isso vamos para lá”, contou. “Na minha casa toda vez que tem fogos minha cadela vai para o meu quarto ou para o banheiro. Todo ano a família compra fogos de artifício”, comenta.

Fogos na Cidade do Natal, em Campo Grande. Decreto da Prefeitura proibiu fogos de artifício em eventos públicos (Foto: Divulgação/PMCG)
Fogos na Cidade do Natal, em Campo Grande. Decreto da Prefeitura proibiu fogos de artifício em eventos públicos (Foto: Divulgação/PMCG)

Decreto - A Prefeitura de Campo Grande publicou na tarde desta segunda-feira do dia 22 de dezembro, decreto que proíbe a utilização de fogos de artifício com efeitos sonoros e visuais em cerimônias do Executivo. Está vetado o uso dos fogos seja em lançamentos, comemorações e inaugurações de obras organizados pela administração pública.

Conforme o decreto, o prefeito considerou na decisão a necessidade de evitar prejuízos à saúde humana, principalmente de crianças, idosos, pessoas com transtornos mentais, com síndrome de down, autistas e que apresentam deficiência auditiva. Também levou em conta os riscos aos animais, quem podem se assustar apresentar distúrbios.

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