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Capital

Na região mais fria da cidade, moradores saem "da toca" em busca do sol

Nem os casacos foram suficientes para aguentar as baixas temperaturas desta sexta-feira (30)

Geisy Garnes e Bruna Marques | 30/07/2021 10:18
Dona Judith serviu o café e sentou na varanda para aproveitar o sol (Foto: Henrique Kawaminami)
Dona Judith serviu o café e sentou na varanda para aproveitar o sol (Foto: Henrique Kawaminami)

Mesmo com os avisos da meteorologia, o frio dos últimos dois dias surpreendeu muitos campo-grandenses. Na região norte da Capital, a mais gelada da cidade, nem os casacos foram suficientes para aguentar as baixas temperaturas desta sexta-feira (30), e o jeito foi sair de casa para aproveitar as horas de sol da manhã.

Para aproveitar o solzinho e conseguir manter o hábito da caminhada com o cachorro Tobi, Cledison Ortiz, de 46 anos, mudou o horário do exercício. Nos dias quentes, sai de casa às 6h30, mas com o frio, passou a fazer isso às 8 horas. "Tá bem frio, essa região aqui sem dúvida é muito gelada mesmo, não sei se por ser uma região mais alta, ou por causa do parque. Mesmo no frio, não deixei de caminhar, mas mudei o horário, esperando sair um solzinho”.

Ortiz e o parceiro de caminhada Tobi no Parque do Sóter (Foto: Henrique Kawaminami)
Ortiz e o parceiro de caminhada Tobi no Parque do Sóter (Foto: Henrique Kawaminami)

Ainda assim, as várias camadas de roupa são a única opção possível para a caminhada no Parque Ecológico do Sóter. Não só para Ortiz, mas para o companheiro Tobi também.

“Para sair, só com muito casaco, sempre com alguma peça de lã por baixo da roupa. Eu moro aqui há 22 anos e esse é o primeiro frio mais forte que enfrentei, nunca passei tanto frio, muito gelado. Não gosto do inverno, prefiro o verão. O jeito é não ficar parado, se movimentar. Dentro de casa é muito frio, porque não tem sol e lá a gente acaba ficando parado, é pior”.

O sol também levou o aposentado Ademir Zanon de Oliveira, de 71 anos, para a rua. O frio fez com que ele largasse a programação das Olimpíadas de Tóquio, que assistia pela televisão, levantasse do sofá e fosse para frente de casa em busca de calor. “Saí para tomar um solzinho agora, estava no sofá assistindo as Olimpíadas, mas lá dentro de casa estava muito gelado. De noite, é lógico que dentro de casa é menos gelado, mas de dia, o sol é melhor”.

Morador da Mata do Jacinto há três anos, o idoso conta que o mais difícil de aguentar nos dias frios é o vento. “Porque quando não tem o vento, o frio a gente suporta se agasalhando, mas o vento é cortante. O frio é ruim, mas é passageiro e neste ano, ele se superou”. Para aguentar as temperaturas quase negativas, Ademir apostou nas roupas: vários casacos, dois pijamas para dormir e touca.

“Banho às três horas da tarde, bem quente e um só por dia. Eu tomava dois, agora eu tomo só um. Quem gosta de frio é pinguim, eu gosto é de calor”, brinca Ademir.

Ademir saiu do safá e foi para rua aproveitar o solzinho (Foto: Henrique Karaminami)
Ademir saiu do safá e foi para rua aproveitar o solzinho (Foto: Henrique Karaminami)

No Bairro Nova Bahia, Judith Maria Ribeiro pegou seu copo de café e sentou na frente de casa, o lugar em que mais pegava sol nesta manhã. “Me agasalho, fico dentro de casa, lá dentro é quentinho, mas peguei meu café e sentei aqui para pegar sol nas costas”, conta a aposentada de 79 anos.

Ao lado do companheiro Cani, que também ganhou agasalho, Judith conta que mora há 20 anos no bairro e já gostou do frio que faz na região, mas com a idade, as dores nessa época do ano fizeram com que a graça do inverno acabasse. “Já gostei muito do frio, mas não gosto mais. Agora sinto muita dor e muito frio. Quando eu era jovem, não sentia tanto. Esse ano então, tá muito frio, no ano passado não fez muito frio, foi bem passageiro”.

Dona Judith e o companheito Cani (Foto: Henrique Kawaminami)
Dona Judith e o companheito Cani (Foto: Henrique Kawaminami)

Judith conta que o tempo seco e frio a deixou resfriada recentemente e até teste de covid-19 precisou fazer. O tempo ideal, afirma, é o de chuva. “Muito calor, eu também não gosto, passo mal da pressão. Gosto da chuva, prefiro sair na chuva do que no sol”.

A explicação para frio mais intenso na região está na altitude, que segundo o meteorologista Natálio Abraão, é um dos pontos que mais influencia na sensação térmica. “Quanto mais alto o lugar, mais baixas podem ser as temperaturas.

A onda de frio intensa, que chegou a Mato Grosso do Sul nesta semana, só deve ir embora a partir do dia 1º de agosto. Até lá, muitos casacos e os minutos no sol continuam sendo a melhor maneira de lidar com as baixas temperaturas.



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