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Capital

“Não é estuprador”: irmã nega que denúncia de estupro tenha motivado execução

Delegada que apurou a acusação contra o rapaz afirma que abuso contra menina de 4 anos foi descartado

Anahi Zurutuza e Mirian Machado | 25/07/2022 16:12
À esquerda (com tatuagem no braço), a mulher de Rogério, Juliana, e à direita, a irmã do rapaz (Foto: Mirian Machado)
À esquerda (com tatuagem no braço), a mulher de Rogério, Juliana, e à direita, a irmã do rapaz (Foto: Mirian Machado)

A família saiu em defesa de Rogério Baez Fernandes, de 19 anos, executado a tiros, na tarde desta segunda-feira (25), no Jardim Noroeste, em Campo Grande. A suspeita dos parentes é que dívida de drogas tenha motivado o assassinato e não a acusação de estupro de vulnerável contra o rapaz, registrada menos de 24 horas antes do assassinato.

“Minha mãe estava lavando roupa. Os caras chegaram e invadiram a casa dela. Meu irmão com um prato de comida na mão, atiraram nele. Minha mãe tentou brecar eles, mas não conseguiu”, relatou a irmã do rapaz Fernanda Baez Fernandes.

Ela também afirma que o irmão jamais abusaria de uma criança, como foi relatado em boletim de ocorrência, registrado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), por volta das 16h deste domingo (25). “Meu irmão não é estuprador. Meu irmão é usuário de drogas e eu acho que devia essas pessoas que mataram ele”, garantiu.

Questionada sobre a denúncia de estupro, Fernanda chamou a cunhada, que tinha relacionamento há 9 meses com Rogério e disse acreditar que o registro da ocorrência tenha sido feito para despistar a polícia dos verdadeiros executores do crime. “Pegaram minha filha na terça-feira para passear com a tia e não me devolveram mais, acusando ele desse negócio aí [estuprar a menina de 4 anos]. Mas, meu marido não fez isso, não fez, não foi provado. Não consegui pegar minha filha de volta até agora, mas isso aí é só para despistar esses vagabundos. Foi feito um boletim de ocorrência, mas nada foi provado. Sempre tentaram tirar a minha filha de mim. Mas, ele não fez isso, ele amava a minha filha, minha filha até chamava ele de pai”, disse Juliane à imprensa, contando que tem mais 3 filhos, além d a garotinha que teria sido abusada.

Ao Campo Grande News, a delegada Anne Karine Sanches Trevizan, da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), confirma a informação dada pela mãe da menina. "Não houve abuso".

Carro da funerária deixa local do crime e família acompanha, bastante abalada (Foto: Mirian Machado)
Carro da funerária deixa local do crime e família acompanha, bastante abalada (Foto: Mirian Machado)

A acusação de estupro – Quem procurou a polícia ontem foi uma tia da menina, depois que a criança reclamou de dores nas partes íntimas durante o banho. A denunciante, de 28 anos, narra que questionou a sobrinha porque estava doendo e a garotinha respondeu que o padrasto a teria tocado com o dedo e que “doeu muito”. A tia afirmou ainda que a mãe da vítima soube do ocorrido, mas não deu queixa.

Rogério Baez Fernandes tinha 19 anos (Foto: Reprodução das redes sociais)
Rogério Baez Fernandes tinha 19 anos (Foto: Reprodução das redes sociais)

A execução – Na tarde de hoje, por volta das 13h, o rapaz estava almoçando em casa, numa cama, quando dois homens entraram na residência e o mataram com vários tiros na cabeça. O pai e a mãe de Rogério estavam em casa.

“Ouvi pelo menos 10 tiros”, afirmou uma vizinha, que por medo, pediu para não ter nenhum detalhe sobre a sua identidade revelado. Essa testemunha conta que após ouvir os disparos foi até a rua e chegou a ver dois homens saírem da residência da vítima. Em seguida, o VW Gol preto e uma motocicleta passaram pela via em alta velocidade.

A mulher relata que entrou na casa do vizinho e encontrou o jovem, chamado por ela de Rogerinho, já morto. “Foi tudo na cabeça. Nenhum tiro no corpo”.

Logo após o assassinato, o boato na vizinhança já era de que a ordem para a execução havia saído de dentro de presídio, porque o avô da criança estuprada seria um detento.

A casa onde aconteceu a morte fica na Rua da Conquista a uma quadra do Complexo Penal de Campo Grande. O crime mobilizou o Corpo de Bombeiros e equipes da PM (Polícia Militar), Batalhão de Choque, GOI (Grupo de Operações e Investigações) da Polícia Civil e a perícia.

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