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Capital

No "Abril Vermelho", MST reivindica novos assentamentos e recursos

Na Capital, manifestação pede por linhas de crédito para produção de alimentos; ato ocorre no Incra

Por Natália Olliver e Idaicy Solano | 17/04/2024 12:38
Assentados pedem crédito bancário para produzir alimentos e cestas básicas (Foto: Marcos Maluf)
Assentados pedem crédito bancário para produzir alimentos e cestas básicas (Foto: Marcos Maluf)

Manifestantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) estão na frente da sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e da Reforma Agrária), em Campo Grande, para pedir que o Instituto dê cestas básicas às famílias que estão nos acampamentos do Estado. Ao todo, são 200 manifestantes que, além dos alimentos básicos, pedem linhas de crédito bancário para produção deles.

A ação faz parte de uma mobilização nacional em defesa do avanço da reforma agrária e memória das vítimas do massacre de Eldorado do Carajás. Nesta terça-feira (16), os manifestantes do MPL (Movimento Popular de Luta) ficaram 10 horas acampados em frente à sede. Eles desistiram após promessa do superintendente do Incra em MS, Paulo Roberto da Silva, que assegurou que o Estado terá a reforma agrária.

De acordo com Paulo, o primeiro passo será a atualização de cadastro das famílias acampadas no Estado, algo que já tem sido feito pelo Incra. Laura dos Santos, de 54 anos, é da direção nacional do MST e trabalhadora rural. Ela mora no assentamento Andalucia, em Nioaque, a 183 quilômetros da Capital.

Laura dos Santos, direção nacional do MST, durante manifestação (Foto: Marcos Maluf)
Laura dos Santos, direção nacional do MST, durante manifestação (Foto: Marcos Maluf)

“A nível nacional, o MST tá em lutas, que é o Abril Vermelho, que foi 17 de abril, o Massacre do Eldorado dos Carajás. Abril é o mês de jornada nacional em luta e defesa da reforma agrária, onde o MST é organizado, nós estamos realizando mobilizações de várias formas: ocupações, ações de solidariedade, cursos de formação, ocupação de órgãos que são responsáveis para avançar a luta pela reforma agrária.”

Segundo ela, as ações enfatizam a importância da reforma agrária, com o quantitativo de pessoas necessárias para a produção de alimentos saudáveis. "Tanto para nós do campo, que estamos lá na roça, mas também para a população urbana, para a classe trabalhadora urbana. E assim nós vamos combater a fome e avançar o desenvolvimento no nosso país, no contexto agrário, econômico, político e social”.

Entre os manifestantes, pessoas de várias regiões da cidade, de 14 acabamentos, como Regional Fronteira, Reginal Vale do Ivinhema, Regional Norte, e Regional Pantaneiro.

“Queremos infraestrutura nos assentamentos, que concretem as casas, as estradas, para depois vir a titularização, e que a regularização continue e seja feita”, diz Laura.

Cleiton Alexandre Pereira, produtor rural, em protesto desta quarta-feira (Foto: Marcos Maluf)
Cleiton Alexandre Pereira, produtor rural, em protesto desta quarta-feira (Foto: Marcos Maluf)

Produção - Cleiton Alexandre Pereira Valença, de 47, é agricultor, do assentamento Itamarati em Ponta Porã. Ele conta que mora no local com a esposa e dois filhos. Ele também pede pela liberação de crédito para produção de alimentos. .

“É necessário porque no assentamento Itamarati e tantos outros assentamentos do estado, a seca foi muito grande, então perdemos muita lavoura, tanta parte de milho, tanta parte de arroz, feijão. Então, não produz leite porque o pasto não veio. Nós precisamos que o governo federal libere recursos imediatamente para os assentamentos.”

Além disso, ele explica que os produtores também precisam que o recursos para as cooperativas sejam liberados. “Nós precisamos de crédito, que tenham juros, que nem os agronegócios têm. Nós precisamos ter acesso a esses créditos que nós não temos. Então, nós precisamos fazer agroindústria nos assentamentos”.

Ato também acontece em memória do Massacre de Eldorado do Carajás (Foto: Marcos Maluf)
Ato também acontece em memória do Massacre de Eldorado do Carajás (Foto: Marcos Maluf)

Reivindicações - De acordo com o MST, a mobilização busca pressionar os órgãos responsáveis pela distribuição de terras para Reforma Agrária em áreas que já estão em negociação, que possuem ocupações ou cujos proprietários possuem irregularidades com a União.

O movimento reivindica assentamentos em áreas localizadas em Sidrolândia, Ponta Porã, Nova Andradina, Corguinho, Itaquiraí, Japorã, Batayporã e Dourados, além de elencar uma lista de fazendas com denúncias de trabalho escravo em Anastácio, Antônio João, Nioaque, Iguatemi, Naviraí e Jardim.

“A Constituição Federal de 1988 prevê a realização de Reforma Agrária em terras improdutivas, ou seja, onde não há utilização pelos proprietários. Ela também pode ser realizada em localidades que possuam irregularidades”, diz o Movimento.

Massacre de Eldorado do Carajás - O nome ficou conhecido após a polícia ter assassinato 19 sem-terra, em 17 de abril de 1996, no município de Eldorado do Carajás, no sul do Pará.

O comando da operação estava a cargo do coronel Mário Colares Pantoja, que foi afastado, no mesmo dia. Ele chegou a ficar 30 dias em prisão domiciliar e depois foi liberado. Na época, o ministro da Agricultura, Andrade Vieira, encarregado da reforma agrária, pediu demissão na mesma noite, sendo substituído, dias depois, pelo senador Arlindo Porto.

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