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Capital

No Guanandi, “Gordão” servia mais que lanches e tinha jogatina no cardápio

Fachada anuncia x-salada e x-bagunça, mas lucro de estabelecimento também vinha de caça-níqueis

Por Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 29/05/2024 19:20
sViaturas da PM em frente ao "Gordão Lanches", onde máquinas caça-níqueis foram apreendidas (Foto: Juliano Almeida)
Viaturas da PM em frente ao "Gordão Lanches", onde máquinas caça-níqueis foram apreendidas (Foto: Juliano Almeida)

No Guanandi, bairro da região sul de Campo Grande, a lanchonete do “Gordão” também servia diversão ilegal. O estabelecimento, cuja fachada anuncia porções, caldos, pastel, x-salada e x-bagunça, além do “copão” a R$ 10 e vodka com energético, também lucrava com jogos de azar.

No fim de tarde desta quarta-feira (29), cassino foi descoberto no local - que funciona ainda como buffet para eventos, conforme letreiro. Após denúncia anônima, policiais militares apreenderam 16 máquinas caça-níqueis e levaram quatro pessoas do endereço. Policiais também saíram do imóvel com dois cadernos apreendidos.

Conforme apurou o Campo Grande News, um policial penal aposentado foi preso. Só não está claro ainda o motivo - se ele é, por exemplo, o dono da casa de apostas. Quando a PM chegou ao local, três mulheres estavam jogando nas máquinas.

Mesa de sinuca, jogo que não é ilegal, também é oferta de diversão para clientes (Foto: Juliano Almeida)
Mesa de sinuca, jogo que não é ilegal, também é oferta de diversão para clientes (Foto: Juliano Almeida)

Esta é a segunda casa de jogos ilegais fechada esta semana em Campo Grande após a polícia ser comunicada por fonte anônima. Na noite de segunda-feira (27), policiais da Força Tática da 6ª Companhia Independente da Polícia Militar flagraram um cassino funcionando na calma Rua Luiz Dodero, no Jardim São Bento, em Campo Grande. No local, 14 equipamentos eletrônicos foram encontrados.

Conforme apurado pela reportagem, a equipe policial recebeu uma denúncia dizendo que duas pessoas, supostamente armadas, estariam discutindo em frente ao local. A guarnição foi averiguar a situação e, ao chegar à residência, encontrou um funcionário que disse apenas zelar pelo espaço.

O jovem, que não foi identificado, alegou ter sido contratado há quatro semanas por uma mulher, também funcionária durante o período matutino. À polícia, ele confirmou que a casa funcionava há dois meses e era alugada para atender um grande fluxo de apostadores.

A reportagem teve acesso ao ambiente. As máquinas, avaliadas entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, acompanhadas de cadeiras almofadadas, em um ambiente escuro, equipavam o cassino, instalado em área nobre, na rua que conecta o São Bento com a Avenida Eduardo Elias Zahran.

Máquinas para jogatina instaladas em casa do São Bento (Foto: Juliano Almeida)
Máquinas para jogatina instaladas em casa do São Bento (Foto: Juliano Almeida)

O que diz a lei? - Cassinos ou qualquer atividade que inclua jogos de fortuna ou azar não são autorizados no Brasil. Os anos anteriores a 1946 são considerados “era de ouro” da jogatina no País, quando o presidente Getúlio Vargas legalizou a prática para fomentar o turismo.

O artigo 50 da Lei de Contravenções Penais, restaurado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra, em 46, proíbe “estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele” e prevê pena de prisão para quem descumprir essa regra.

Até 1993, apostas ficaram totalmente proibidas no Brasil até que, durante o governo Itamar Franco, a Lei nº 8.672, conhecida como “Lei Zico”, autorizou o retorno dos bingos promovidos por entidades esportivas, apenas para arrecadar recursos para fomentar os esportes no País. A liberação foi derrubada em 1998.

Desde então, várias tentativas de legalizar os cassinos passaram pelo Congresso Nacional.

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