No portão do hospital, ordem foi salvar vida de paciente, alegam bombeiros
Equipe relata que ficou 20 minutos esperando para entrar em pronto-socorro; confusão na noite de sábado terminou com a prisão de dois funcionários da Santa Casa
Após 20 minutos de espera para fora Santa Casa de Campo Grande, a equipe do Corpo de Bombeiros, que havia socorrido um homem de 31 anos com múltiplas fraturas e sinais de estar sofrendo um choque hemorrágico, decidiu forçar a abertura do portão do pronto-socorro e prender dois funcionários do hospital por desobediência. É o que relataram à Polícia Civil os militares sobre na confusão na entrada da emergência, na noite deste sábado (5).
Consta no boletim de ocorrência que a Central de Regulação de Vagas determinou o envio do paciente para a Santa Casa.
Conforme informaram os bombeiros na delegacia, o homem tinha fraturas expostas na tíbia e fíbulas – ossos abaixo do joelho –, um dedo do pé direito amputado e trauma de tórax. Devido aos ferimentos, o paciente estava com “nível rebaixado de consciência” e sinais de que sofria um choque hemorrágico.
A equipe, formada por três militares, disse que apesar da gravidade do caso e de ter informado no portão do pronto-socorro – que está fechado desde quinta-feira (3) – a senha emitida pela regulação para a entrega do paciente, o porteiro não autorizou que a ambulância entrasse.
O funcionário teria dito que estava tentando confirmar a existência de vaga e também o encaminhamento da Central de Regulação.
Passados 20 minutos, o porteiro informou aos socorristas que o paciente não estava autorizado.
Bombeiros observaram que durante a espera o portão foi aberto para a entrada de outras duas ambulâncias e ao perceberem a piora do paciente, a equipe fez contato com o Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) que determinou a entrada da equipe no hospital. A ordem era para salvar a vida do paciente.
Foi neste momento que os militares pediram apoio, deram voz de prisão ao porteiro e outro funcionário que interveio, pularam os portões e decidiram romper as travas para conseguirem acesso às rampa de acesso ao pronto-socorro por conta própria.
Só assim, a vítima finalmente foi atendida.
Na delegacia, os funcionários informaram apenas que receberem ordens para não permitir que nenhum paciente sem regulação de vagas entrasse pela emergência.
Investigação – O secretário municipal de Saúde Pública, Marcelo Vilela, disse apenas que uma investigação será aberta para verificar se houve falha na regulação, que é de responsabilidade do município.
Por meio da assessoria de imprensa, o Corpo de Bombeiros também informou que vai apurar os fatos, mas garantiu que a equipe estava apenas no “estava no exercício legal do dever”.
Já a assessoria de imprensada Santa Casa disse que a direção solicitou as gravações das conversas da equipe dos bombeiros com a Central de Regulação e que depois de apurar a ocorrido dará um posicionamento formal.
Pela Polícia Civil, o caso é investigado como omissão de socorro.
Superlotação - Alegando superlotação, a Santa Casa de Campo Grande está desde a última quarta-feira (3) com os portões fechados e somente pacientes enviados pela regulação são atendidos. O hospital estaria operando com 60% acima de sua capacidade.
Salas do centro cirúrgico sendo usadas como leitos por pacientes e desde o dia 1º de agosto. O hospital também não está agendando cirurgias eletivas e as que estavam marcadas, estão sendo realizadas conforme disponibilidade dos centros cirúrgicos.
Na manhã deste domingo (6), o portão estava escorado por uma pedra. Segundo o funcionário que deu informações ao Campo Grande News, o motor estragou e agora ele só abre manualmente.