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Capital

No ranking dos golpes, o que bomba entre estelionatários é o “nude”

"Noventa por cento das vítimas de estelionato querem se dar bem", afirma o delegado Mateus Zampieri, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos

Geisy Garnes e Viviane Oliveira | 27/04/2019 12:44
 Delegado Mateus Zampieri, da Derf (Foto: Viviane Oliveira)
Delegado Mateus Zampieri, da Derf (Foto: Viviane Oliveira)

Todos os dias, alguém perde dinheiro em golpes aplicados por estelionatários. Abusando cada vez mais da internet, eles tentam explorar o lado mais “ingênuo” das vítimas. Na lista dos crimes do tipo mais comuns, um em especial tem liderado os registros policiais e chamado à atenção pela organização: o “golpe do nude”.

O crime começa com uma solicitação de amizade no Facebook. As vítimas, em sua maioria homens, são atraídas pelo perfil de uma mulher bonita que logo começa a conversar e mandar fotos íntimas. Atendendo ao pedido da “nova amiga”, os alvos devolvem as fotos, produzem vídeos nus e imediatamente começam a ser extorquidos.

Para não ter as imagens íntimas divulgadas para amigos, familiares e nas redes sociais, o usuário paga. Segundo o delegado Mateus Zampieri, da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), por trás da mulher bonita, na verdade, está uma quadrilha especializada, que muitas das vezes nem é do Brasil.

“Em um dos casos registrado aqui na Derf descobrimos que a quadrilha era de outro país. O golpista usava o Google tradutor para conversar com a vítima e pedia que o dinheiro fosse depositado em uma casa de câmbio”, explicou o delegado.

As orientações são, nas palavras do delegado, cuidados básicos quando de trata de redes sociais. “Não aceitar pessoas desconhecidas e principalmente não mandar fotos íntimas para pessoas que nunca viu”.

Intermediário – Outro golpe cada dia mais comum, conforme o delegado, é do carro em sites de venda. Nesse caso o estelionatário copia um anúncio original e oferece o mesmo veículo por um preço muito abaixo do mercado. O comprador se interessa pelo valor e ao invés de entrar em contato com o verdadeiro dono, fala com o golpista.

A partir daí, o estelionatário passa a ser o “intermediário” da compra. Conversando e enganado os dois interessados no negócio, ele faz com que o comprador deposite o dinheiro na conta de laranjas, e com o comprovante, cobre o verdadeiro dono do veículo. Em seguida some, sem deixar rastros. “Já tive casos do vendedor se negar a entregar o carro porque não recebeu o dinheiro e o comprador estar com o comprovante de depósito na mão”.

Não aceitar intermediários, falar direto com o dono, fazer a transferência dos documentos do veículo e verificar a conta para depósito e sempre guardar o comprovante, são alguns dos cuidados necessários em compras pela internet. “90% das vítimas de estelionato querem se dar bem. Se o carro está muito abaixo do mercado, precisa acender uma luz de alerta”.

WhatsApp É também pelas redes sociais que acontece o terceiro golpe na lista dos “mais famosos”, o da clonagem do WhatsApp. Nesse, as quadrilhas contam com ajuda de funcionários de operadoras para clonar e desabilitar o chip das vítimas. Com isso, os autores conseguem acesso à lista de contatos da pessoa e passam a pedir dinheiro para amigos e parentes dela.

Com o chip desabilitado, a vítima não recebe ligações e fica incomunicável. “A orientação é para mesmo que seja parente, fazer contato pessoal antes de depositar qualquer valor”, reforçou Zampieri. Ainda conforme o delegado, na maioria das vezes as vítimas expõe dados pessoais, por isso nunca se deve repassar informações como CPF e até nome completo por telefone.

A exposição de dados, é também, base para o quarto golpe da lista. Ele começa, geralmente, com o pedido de ajuda para encontrar veículos roubados e furtados. Pouco depois, a vítima recebe a ligação de uma pessoa que pede dinheiro para contar onde a moto, ou o carro, está. Ao Campo Grande News, o delegado afirma que o ideal é evitar esse tipo de post, mas se for necessário, a vítima deve repassar as informações recebidas para a polícia, imediatamente.

Em baixa - Se golpes pela internet ganham cada dia mais força, velhos conhecidos se tornam mais raros. Como o caso do falso sequestro, feito de dentro dos presídios brasileiros até hoje.

“O autor do golpe liga aleatoriamente para o telefone das vítimas, diz que está com o filho e exige o dinheiro do resgate. Com ameaças de morte e o nervosismo das vítimas, acabam convencendo que está com alguém da família”. Manter a calma e fazer perguntas que só ao parente saiba é a saída para esse tipo de crime.

“Historicamente não há registro desse tipo de crime (sequestro mediante pagamento) aqui no Estado”, reforçou o delegado.

Sobre rodas – Também feito de dentro dos presídios e por telefone, o golpe do carro quebrado garantia crédito nos celulares dos presos.

Nesse golpe, o estelionatário se passa, geralmente, por um sobrinho da vítima, conta que está na beira da rodovia e precisa ligar para um guincho, ou mecânico, para isso pede ajuda da “tia”. O falso bilhete premiado também já fez muitas vítimas, a maioria delas idosos e com pouca instrução.

A compra de veículos também é alvo dos estelionatários no golpe do envelope falso. Nesse caso, os autores depositavam envelopes vazios nas contas dos vendedores, que ao receber o comprovante, entregavam o carro. A descoberta de que o dinheiro não havia caído só vinha depois, quando os suspeitos já haviam fugido. “Ainda acontece, mas com menos frequência”.

O delegado lembra ainda que apesar da redução nos registros, idosos continuam sendo vítimas dos golpistas dentro das próprias agências bancárias. Eles se aproximam “querendo ajudar” mas aproveitam a distração das vítimas para trocar os cartões. Os cuidados vão de pedir ajuda só para funcionários do banco, a não deixar a senha junto com o cartão.

Segundo Zampieri, a migração desses golpes para a internet mostra que os estelionatários evoluem junto com as vítimas e as tecnologias. “Os golpes vão evoluindo conforme a mudança da sociedade. Não existe almoço de graça. Se o negócio for muito bom, desconfie. Tome toda a precaução”, orienta.

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