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Capital

Nova ala pediátrica de hospital fará uma cirurgia cardíaca por semana

Com uma demanda de 300 crianças que necessitam de cirurgia cardíaca, nova ala será opção para pacientes de MS

Por Mylena Fraiha | 29/05/2024 20:04
Vindo de São Paulo, Dr. Marcelo Jatene inaugura ala de cirurgia cardíaca pediátrica do Hospital da Cassems, em Campo Grande (Foto: Divulgação).
Vindo de São Paulo, Dr. Marcelo Jatene inaugura ala de cirurgia cardíaca pediátrica do Hospital da Cassems, em Campo Grande (Foto: Divulgação).

A nova ala de cirurgia cardíaca pediátrica do Hospital da Cassems de Campo Grande realizará uma cirurgia por semana. É o que adianta o cirurgião cardíaco pediátrico Guilherme Viotto, um dos responsáveis técnicos do serviço, inaugurado nesta quarta-feira (29).

De acordo com Guilherme, Mato Grosso do Sul tem uma demanda de 300 crianças que necessitam de cirurgia cardíaca. Com essa alta demanda, muitos pacientes acabam se deslocando para outros estados que oferecem os procedimentos. “Houve crianças que, quando não tínhamos o serviço aqui, precisaram ir para fora para operar. Já fazia um ano que precisavam da cirurgia e ainda não tinham sido operadas”, explica.

Durante a inauguração, o cirurgião cardiovascular e responsável pelo setor de Cirurgia Cardiopediátrica do HCor (Hospital do Coração) em São Paulo, Dr. Marcelo Jatene, trouxe um panorama da cirurgia cardíaca pediátrica no Brasil.

Dr. Marcelo explica que o déficit no setor de cirurgias cardíacas pediátricas é generalizado no país (Foto: Paulo Francis)
Dr. Marcelo explica que o déficit no setor de cirurgias cardíacas pediátricas é generalizado no país (Foto: Paulo Francis)

Segundo ele, o déficit na área é generalizado no país. "Em todas as regiões do Brasil, nós temos um déficit nessa área. Algumas regiões mais, outras menos. Mas esse é um problema que estamos sempre tentando equacionar".

Dr. Marcelo também ressaltou que não há um único motivo para essa deficiência e que, embora existam várias iniciativas para buscar uma solução, a resposta não será imediata. "Até mesmo os hospitais podem não ter leitos de UTI suficientes, não terem estrutura adequada, ou enfrentarem problemas de financiamento. É uma série de detalhes que afetam todo esse processo. Existem várias iniciativas para buscar uma solução, mas ela não será imediata, nem será implementada em um mês ou um ano. É um processo longo, que precisa de trabalho persistente."

Segundo o Ministério da Saúde, a cardiopatia congênita está entre as malformações que mais matam na infância e é a terceira causa de óbitos de crianças recém-nascidas. O órgão estima que, a cada mil bebês, 10 nascem com algum tipo de cardiopatia congênita e aproximadamente 80% vão necessitar de cirurgia cardíaca corretiva, cerca de metade deles ainda no primeiro ano de vida, o que representa 12 mil pacientes.

O “Diagnóstico Situacional dos Serviços de Cirurgia Cardíaca Pediátrica, habilitados no Sistema Único de Saúde no território nacional”, desenvolvido em 2018, aponta que, no Brasil, 67 hospitais, distribuídos em 21 estados, estão habilitados para realizar cirurgia cardíaca pediátrica.

Em apresentação, Dr. Marcelo trouxe um panorama da cirurgia cardíaca pediátrica no Brasil (Foto: Paulo Francis)
Em apresentação, Dr. Marcelo trouxe um panorama da cirurgia cardíaca pediátrica no Brasil (Foto: Paulo Francis)

Anteriormente, o único hospital de MS que realizava esse tipo de cirurgia era a Santa Casa de Campo Grande. Com a inauguração da ala no Hospital da Cassems, o objetivo é oferecer uma opção a mais para os moradores.

“Hoje estamos oferecendo essa estrutura ímpar para o MS, não só para os beneficiários da Cassems, mas para toda a saúde complementar que é atendida dentro do nosso hospital. Também atendemos vários outros convênios. Isso é um ganho enorme para a população de Mato Grosso do Sul, que agora pode contar com essa estrutura nova e de última geração que estamos trazendo para nossa cidade e para nosso Estado”, comenta o Dr. Guilherme.

Como funcionará - De acordo com responsável pelo setor, as cirurgias serão realizadas em crianças portadoras de cardiopatias congênitas. Para isso, a estrutura do hospital passou por uma criação de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com suporte de assistência circulatória mecânica (ECMO).

“Temos uma estrutura ímpar em Mato Grosso do Sul que pode ser comparada à de hospitais de ponta como o HCor, o Albert Einstein, e o Sírio Libanês, que são hospitais de referência para realizar cirurgia cardíaca pediátrica. Além do aparato, temos uma equipe multidisciplinar treinada”, reforça Guilherme.

Dr. Guilherme explica que Mato Grosso do Sul tem uma demanda de 300 crianças que necessitam de cirurgia cardíaca (Foto: Paulo Francis)
Dr. Guilherme explica que Mato Grosso do Sul tem uma demanda de 300 crianças que necessitam de cirurgia cardíaca (Foto: Paulo Francis)

Ele também relatou que um dos diferenciais do atendimento oferecido pela Cassems é a UTI estruturada para receber o pós-operatório e que prioriza o bem-estar e a humanização do atendimento.

“A criança que estiver na UTI pós-operatória pode ser acompanhada pelos familiares. Outro ponto importante é o acompanhamento cardiológico pediátrico diário, durante toda a internação, principalmente durante as horas mais críticas do pós-operatório, onde a criança será assistida por um médico cardiologista pediátrico plantonista na UTI”, explica Guilherme.

Os responsáveis técnicos pelo serviço de cirurgia cardíaca pediátrica da Cassems são o cirurgião cardíaco pediátrico Guilherme Viotto e a cardiologista pediátrica e ecocardiografista pediátrica Camila Lino Martins.

Treinamento - Para aprimorar o cuidado oferecido na UTI Pediátrica do Hospital Cassems de Campo Grande, a equipe multidisciplinar realizou treinamento presencial no HCor (Hospital do Coração), referência nacional no atendimento a crianças cardiopatas.

“Receber os profissionais lá é uma parte do processo de formação do serviço. Eles puderam treinar in loco em um serviço que já está funcionando e tem uma rotina estabelecida. Isso é algo favorável nesse processo. Tudo se cumpriu da melhor forma possível”, comenta o Dr. Marcelo Jatene, que recebeu os profissionais de MS no HCor.

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