Para quem frequenta o Parque dos Poderes, projeto após 38 anos é bem vindo
A expectativa é começar ainda em dezembro o processo licitatório.
Quem frequenta a região do Parque dos Poderes, principalmente para aproveitar aos finais de semana, aprova as melhorias a serem feitas, anunciadas essa semana pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Entre elas, estão 110 mil m² de ruas recapeadas, além de 4 km de pista de caminhada e corrida implantadas, cuja expectativa é de começar ainda em dezembro o processo licitatório.
Em agosto, série de reportagens do Campo Grande News mostrou a atual situação do local. Calçadas quebradas, pontos de ônibus depredados, estacionamentos irregulares e iluminação precária foram algumas das reclamações levantadas por quem trabalha, caminha ou pedala pela região.
O economista Gilberto Carvalho de 73 anos, mora próximo da Rua do Poeta e conta que utiliza o espaço para caminhar todos os dias há mais de 20 anos e que há muito tempo precisava de uma transformação. “Eu já cheguei a cair e me machucar em uma dessas ondulações nas calçadas, tenho familiares que também já sofreram esse acidente. Precisava muito de melhorias. Essa questão de lugar pra sentar também é interessante já que muita gente toma tereré dentro do carro porque não tem onde ficar”, conta.
O economista ainda faz um alerta quanto a questão financeira. “Tudo que vem para beneficio da população é importante, mas é preciso também prestar contas. Temos que saber certinho em que está sendo gasto. Porque há obras em que só divulgam o valor e nós nem sabemos o que foi feito”, afirma.
O delegado de Polícia Mikaill Faria explica que gosta muito do lugar e que caminha com frequência por ali há um ano. “Eu já gosto do lugar e se é pra melhorar é bem-vindo”, conta. “Eu sou do interior, gosto do cheiro do mato, das árvores, por isso gosto de andar por aqui”, conclui.
Nesta manhã o médico veterinário André Luiz Toledo de 54 anos, caminhava enquanto a filha andava de bicicleta. “Sempre caminho aqui ou ali no Parque das Nações Indígenas. Essa região é um cartão de visita da cidade e se a revitalização for para beneficiar as pessoas que vem aqui é aprovada sim”, diz.
Um servidor público de 72 anos que não quis se identificar, passeava com a família, esposa, filha e genro próximo do prédio da Governadoria. Mesmo sem ver o projeto de como a região ficará ele já se sente satisfeito com as mudanças. “Vir aqui nos faz sentir bem. A região merece essas melhorias. Muitos turistas passam por aqui também e é interessante aperfeiçoar o espaço. Os bancos mesmo são muito interessantes porque se alguém precisa sentar, ou se sentir mal tem como se apoiar”, explica.
Há pelo menos quatro meses, a quantidade de pessoas que circulam pela região ampliou ainda mais. Isso porque, por meses, o local foi o único espaço verde aberto da Capital. Parques da cidade ficaram fechados após decreto da prefeitura de Campo Grande restringirem atividades em prevenção ao contágio pelo novo coronavírus. Com o movimento maior, a necessidade de investir em estrutura também cresceu.
A obra- O projeto do engenheiro Márcio Machado também inclui 4,2 quilômetros de ciclovia no canteiro central, acessibilidade, paisagismo, 70 bancos de descanso, três estações de ginástica, reforma dos estacionamentos e instalação de 41 abrigos nos pontos de ônibus e de lixeiras, além da construção de um Centro de Apoio ao Usuário com banheiros masculinos, femininos e adaptado para pessoas com deficiência.
“Há tempos nos pediram que fizessemos um projeto de revitalização de todo o Parque dos Poderes. Esse parque começou a funcionar em 1982. O saudoso governador Pedro Pedrossian mudou todas as estruturas governamentais aqui para dentro. De lá para cá nunca passou por uma revitalização”, destacou Reinaldo Azambuja, governador de Mato Grosso do Sul, durante apresentação do projeto.
Conforme Azambuja, para a revitalização do parque, diferentes opiniões foram levadas em consideração, respeitando ideias que não necessitem de supressão vetegal. É um parque de todos os sul-mato-grossenses e daqueles que nos visitam também. Idealizamos ouvindo alguns setores e vamos fazer com o menor impacto possível, respeitando o que existe. Será uma nova estrutura que além de embelezar, vai criar uma condição melhor para quem usa aqui para atividade de lazer, entretenimento, confraternização e prática esportiva”, pontuou.
História- Construído pelo ex-governador Pedro Pedrossian (1980/1983 e 1991/1995), o Parque dos Poderes foi planejado para facilitar o acesso da população aos serviços públicos em um só local, concentrando as sedes administrativas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
A primeira parte do parque foi entregue no início da década de 1980, com a concentração dos oito blocos que atualmente abrigam as secretarias estaduais. No fim da mesma década foram construídos os prédios do Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Assembleia Legislativa e o Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo.
De acordo com Plano Diretor do Parque dos Poderes, a reserva florestal ecológica possui 285 hectares. A reforma abriga nascentes de córregos, apresenta extensa área de vegetação nativa, com espécies preservadas da fauna e da flora.
O primeiro setor da região foi definido como Parque Ecológico. O setor dois foi destinado as secretarias do Executivo, Centro de Convenções e Palácio do Governo, que seria instalado na outra extremidade do Rubens Gil de Camillo, mas segue intacto até hoje.
O setor três foi reservado para as autarquias, empresas, tribunais de Justiça e de Contas, Assembleia Legislativa, creche e Prefeitura do Parque. Por fim, o setor quatro foi destinado as repartições federais, Academia de Polícia, Tribunal Regional Eleitoral e obras necessárias para atendimento médico, depósitos, bancos, laboratórios, garagens, oficinas, postos dos bombeiros e polícia.