No escuro e sem sinalização, exercício é risco noturno no Parque dos Poderes
Com todos os parques da cidade fechados, Parque dos Poderes é a única área verde liberada, mas sem estrutura
O lugar não tem estrutura, mas hoje é o único espaço verde aberto da Capital. Por isso, o Parque dos Poderes anda lotado nos últimos meses, Desde o início da pandemia, muita gente se arrisca fazendo caminhadas em calçadas quebradas, se exercitando em avenida sem iluminação e disputando o asfalto com carros em alta velocidade.
Mesmo após a flexibilização de atividades, por parte da Prefeitura de Campo Grande, praças e espaços públicos, como parques, seguem fechados na Capital. Com isso, quem não abre mão da atividade física, que gosta de caminhar, correr ou pedalar, enxerga no local uma alternativa para continuar ativo.
O problema é que, além da aglomeração – principalmente aos fins de semana - a falta de ciclovias e calçadas regulares coloca em risco pedestres e ciclistas, que são obrigados a dividir espaço com veículos. Entre as reclamações de frequentadores, também está à precariedade da iluminação pública, em trechos do parque.
Bianca Valério, de 28 anos, é agente de pesquisa e frequentadora assídua do local, há pelo menos 4 anos. Para ela, o aumento de pessoas na região é nítido, principalmente após o início da pandemia.
“Aqui, depois das 19h, o movimento é ainda maior. Antigamente era tranquilo andar de bicicleta no trecho que sai daqui e vai em direção à Avenida Afonso Pena. Mas hoje fica lotado”, explica.
Com um número grande de pessoas,na região, ficam evidentes as deficiências. “Falta sinalização, algo para separar ciclistas de pedestres, alguns motoristas não tem respeito, passam em alta velocidade e torna tudo perigoso”, argumenta Bianca.
No quesito velocidade, os motoristas que antes eram controlados por lombadas eletrônicas, hoje passam livremente pelas ruas do Parque, desde que os equipamentos pararam de funcionar, há um ano.
O serviço está desativado desde julho de 2019, após empresa responsável pelo suporte técnico dos equipamento alegar existência de dívidas por parte do governo do Estado. Ao todo, 12 lombadas, na Capital, foram desligadas.
Avaliações - Entre as pessoas que passaram a praticar atividades físicas no Parque dos Poderes, como alternativa pós-pandemia, é a servidora pública Priscila Guimarães, de 40 anos. Ela conta que antes frequentava academia e também fazia aulas de natação, mas decidiu suspender ambas as atividades. “Parei os dois porque falta coragem. Aqui acaba sendo o único espaço que a gente tem, com cuidado e distanciamento”, destaca.
Hoje, ela e a amiga, Joseli Resende, de 41 anos, caminham pela região ao menos três vezes na semana. Ambas acreditam que, se outras praças e parques estivessem abertas, a quantidade de pessoas na região seria menor. “As academias abriram. Não tem sentido você ter um parque, que tem ventilação, fechado”, opina Joseli.
Quanto a estrutura do parque, a situação das calçadas chama atenção. “Para quem corre, o chão tem desnível e tem lugares que não estão legais”, afirma Priscila.
O mesmo destaca o empresário Luciano, de 40 anos, que também passou a se exercitar na região. “Antes eu caminhava no Estoril, ou então no Parque das Nações Indígenas”, comenta. “Tem 4 meses que comecei a vir aqui, por ser perto de casa e ter uma área verde. As calçadas, se pudessem dar uma melhorada, seria bom. Porque, às vezes, a gente tem que andar na rua”, afirma.
Outro ponto levantado por ele é em relação à iluminação. “Também merece atenção, se colocassem aquelas de led, seria melhor”, opina.
O exemplo listado pelo empresário é facilmente exemplificado durante passeio pelo próprio parque. Pelas ruas, lâmpadas antigas dão um toque amarelado e mais escuro às noites. Mas, em uma das rotatórias do parque, onde lâmpadas e led já foram instaladas, é visível a claridade de melhor qualidade.
Quem também vê necessidade de investimentos em iluminação, no local, é o servidor público Hélio Mandetta Neto. “Com maior fluxo de pessoas, fica mais complicado até para desviar dos carros. Fica muita gente concentrada e uma melhor iluminação ajudaria”, pontua.
E, por falar em ter atenção com os veículos, dona Janete Antunes Higuera e o marido, Juan Carlos Higuera, de 65 e 66 anos, garantem ter atenção redobrado durante os passeios no fim de tarde, acompanhados do fiel escudeiro, Guri-Guri, cão de pouco mais de 1 anos.
“Andamos sempre devagar, eu na frente e meu marido atrás falando para eu ir na ‘beirinha’, tomando cuidado para evitar acidentes”, destaca Janete. Para Juan, os ciclistas merecem melhores condições. “Pelo menos uma ciclovia”, afirma.
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