Para quem vive na estrada, vacina de caminhoneiro é proteção na mesa de famílias
Hoje os trabalhadores do transporte em geral podem se vacinar, mas a faixa etária varia
A máscara de proteção facial não esconde o sorriso no olhar de caminhoneiros que puderam se vacinar contra a covid-19 nesta quinta-feira (27) em Campo Grande. Um deles, Arlindo Nunes do Santos, 66 anos, estava ansioso para receber a dose e ficou aliviado porque em breve estará mais protegido e protegerá outras pessoas.
Incluídos no cronograma vacinal de hoje, junto a outras categorias profissionais, os motoristas de caminhão não tiveram como fazer trabalho em home office, já que, conforme o próprio Arlindo, eles "moram" na estrada. Além disso, por irem a diversas cidades diariamente entregar produtos, que acabam parando nas mesas de consumidores em geral, o fluxo tem sido intenso.
Há 39 anos na estrada dirigindo carreta, o morador do Jardim Canguru, na Capital, não contraiu coronavírus ao longo da pandemia, mas sempre teve receio em levar para a própria família ou para outros lugares. Aliviado, ele diz que a vacina veio em boa hora, já que mesmo tendo idade superior a 60 anos, nunca teve tempo para receber a dose.
"Finalmente hoje deu certo. Trabalhamos com carga agendada e não podemos dispor de um tempo para ficar na cidade ou parar em outra cidade. Não doeu nada, pelo contrário, estava ansioso para vacinar", explica.
Ao descrever sua jornada de trabalho, ele brinca que já chegou a dormir em São Paulo, tomar café da manhã em Goiás, almoçar em Minas Gerais e jantar no Distrito Federal. "Não sei onde está o perigo, posso ser o 'mensageiro' da doença sem saber".
Aconselho meus parceiros de estrada a tomarem e a todo mundo tomar a vacina", diz.
Caminhoneiro há 20 anos, Rogério Berbet, 45 anos, chega a ficar metade do mês fora da cidade. Morador da Vila Dr. Albuquerque, ele teve covid em abril e teve de tomar soro na veia por dois dias. "Graças a Deus consegui me livrar porque passei dias ruins. Quantos hoje queriam estar tomando e não tiveram esse privilégio, mas Deus é bom de mais".
Feliz pelo momento, Rogério diz que vacina representa uma "continuidade da vida" para todas as pessoas que forem vacinadas, como também as pessoas que convivem com esses indivíduos. Além de estar ansioso pela segunda dose, que garante total eficácia prevista contra casos de covid, ele lembra que pode até vir a pegar a doença, mas com o imunizante a tendência é que os sintomas sejam leves.
Calendário - Na manhã de hoje, cerca de 100 pessoas foram vacinadas no ponto de imunização instalado no ginásio Guanandizão, na Avenida Ernesto Geisel, mas o local recebeu 2,4 mil imunizantes. Portanto, quem estiver incluso no cronograma deverá receber a aplicação com tranquilidade hoje.
A quinta-feira (27) de vacinação contra a covid-19 em Campo Grande será destinada a primeira dose dos caminhoneiros, a partir dos 45 anos, e também trabalhadores do transporte ferroviário, aéreo, aquaviário e portuários, com 18 anos ou mais.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) alerta que é necessária a apresentação do comprovante de vínculo empregatício e residência. Além disso, o dia de imunização também será destinado a segunda da Astrazeneca para pessoas que tomaram a primeira dose até 27 de março.
Campo Grande já chegou a 266.014 pessoas vacinadas com a primeira dose, 29,36% da população. Destas, 122.792 tomaram a segunda dose, 13,55%. Somente na quarta-feira foram imunizadas 1.540 pessoas.
O governo do Estado recebeu na noite de quarta-feira mais 8.190 doses da vacina da Pfizer. Os imunizantes devem ser destinados a pessoas com comorbidades, a partir de 45 anos, pessoas com deficiência ou limitação motora, gestantes e puérperas, todos a partir dos 18 anos.
