Paralisação na coleta de lixo gera impasse entre Solurb e prefeitura
Desde às 18 horas de ontem, 8, a coleta de lixo e a varrição de ruas em Campo Grande estão suspensas. A partir de hoje, se não houver o pagamento dos salários dos coletores, a população deve começar a sofrer com o acúmulo de resíduos nas ruas. Os trabalhadores não receberam o vencimento referente ao mês de agosto, que deveria ter sido pago até ontem.
Conforme o vice-presidente do Steac/MS (Sindicato dos Trabalhadores em Asseio e Conservação de Mato Grosso do Sul), Ton Jean Ramalho Ferreira, havia um acordo de a empresa Solurb iniciar o depósito dos salários no sábado e concluir nessa terça-feira. “No entanto, não houve o depósito dos salários, que é nosso direito e decidimos paralisar”, comentou.
Ton Ferreira disse que a empresa alegou que não fez o pagamento por não ter recebido da prefeitura, o que inviabilizou o cumprimento do acordo com os trabalhadores, feito no início do mês quando eles ameaçaram para por falta de recebimento do vale alimentação. Segundo o dirigente do sindicato, o valor da folha de pagamento corresponde a R$ 1,2 milhão, somando os encargos o valor chega a R$ 2,5 milhões. “Até o momento ninguém nos chamou para informar o dia do pagamento. Dessa forma, nossa paralisação deve continuar”, declarou.
Com a greve dos coletores, cerca de 35 caminhões que fariam a coleta de resíduos hospitalares e docimiliares não saíram da garagem, além de varrição de ruas que também não vai acontecer hoje. Os funcionários irão à empresa apenas registrar o ponto para não terem os dias descontados. “Sem receber o salário, o trabalhador fica desorientado”, lembrou Ton Ferreira, que espera uma solução o mais breve possível.
Solurb - Em nota de esclarecimento divulgada ontem à noite, a Solurb responsabiliza a prefeitura pelo atraso no pagamento dos seus funcionários. A empresa informa que a Prefeitura tem três faturas em aberto referentes aos serviços prestados, acumulando uma dívida de R$ 23 milhões. Ainda de acordo com a comunicação da Solurb, o pagamento dos funcionários e dos fornecedores, “depende exclusivamente do pagamento da Prefeitura de Campo Grande das faturas em atraso”.
A empresa reclama que os serviços não sofrem reajuste há 14 meses e conclui: “ O contrato inclui a coleta de lixo e outros 13 serviços (incluindo varrição, roçagem, capina). O custo mensal varia conforme o volume de serviço executado, cada qual com sua unidade de medida (tonelada, metro quadrado, quilômetro, quilograma, unidade)”.
Prefeitura – A assessoria da prefeitura também divulgou nota na manhã de hoje, informando que a Solurb já recebeu em 2015 o valor de R$ 56 milhões, sendo o último pagamento feito no dia 24 de agosto. “Não existem pagamentos em aberto com a Solurb, pois as despesas dos serviços dos meses de junho e julho ainda não foram liquidadas”, justifica a nota.
Conforme a prefeitura, o processo está em andamento para ser atestada a prestação de serviço e somente após a medição e conferência minuciosa é que novo pagamento será feito. A nota lembra ainda que, de acordo com o contrato assinado com a empresa, a administração municipal tem até 90 dias para realizar o pagamento.
A assessoria da prefeitura destaca ser “fundamental relembrar que os proprietários desta empresa estão envolvidos na lama Asfáltica e na Coffe Breack, operações da Polícia Federal e Gaeco, acusados de diversos crimes, inclusive o de tramar a cassação do nosso mandato.”
Conforme a assessoria da prefeitura, a Solurb deixou de pagar seus funcionários para “pressionar a administração municipal. Não aceitamos que esta situação se repita”, alerta a nota.
A prefeitura conclui a nota dizendo que todas as providências legais estão sendo tomadas, junto ao Ministério Público do Trabalho e a Justiça. “...não iremos permitir que os interesses individuais e escusos de quem quer que seja penalizem a nossa população.”
No meio desse impasse, 1.080 trabalhadores estão sem os salários e prejudicados no seu direito básico. De acordo com Jean Ferreira, hoje à noite a partir das 18 horas haverá uma assembleia com o pessoal que atua na varrição, e às 19 horas, outra com os trabalhadores da coleta, que ficam em bases separadas.