Passageiros sofrem com cancelamentos e preços altos de corrida por aplicativo

Durante os últimos meses, solicitar corridas por aplicativo tem sido mais complicado e caro do que o normal. Tanto motoristas quanto usuários relatam que há menos profissionais nas ruas, gerando cancelamentos, preços dinâmicos em vários momentos do dia e demora para que os carros cheguem.

Usuária cotidiana dos aplicativos, Sandra Maria de Almeida Silva, de 48 anos, relata que há algum tempo vem sentindo as dificuldades. “Talvez pelo preço da gasolina tenha menos motoristas, mas antes era mais fácil mesmo de conseguir, mais rápido. Eu uso para tudo, até porque trabalho com vendas e preciso ficar fazendo entrega”, explica.

Sem muito o que fazer, ela diz que o jeito é torcer para dar sorte. “Tem momentos do dia que vem super rápido, já em outros demoram mais. Quem não tem carro fica assim, precisa dos aplicativos”.

Na mesma linha, Sheila Zorio Fernandes, de 60 anos, conta que corridas próximas que custavam R$ 5 chegam a triplicar de valor mesmo fora do horário de pico. "Em qualquer momento do dia tem esse valor dinâmico que aumenta o preço. É difícil porque fica ruim para o usuário", diz. Uma alternativa encontrada pela usuária tem sido retornar aos moto-taxistas.

Quando eu vou sozinha já vejo direto com eles se o preço estiver muito caro. Mas quando estou com minha mãe, já falo que precisamos pedir por aplicativo 1 hora antes porque vão cancelar, o preço muda e até chegar no destino demora”, Sheila relata.

Do outro lado das corridas, o presidente da Applic-MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transportes de Passageiros e Motoristas Autônomos), Paulo Pinheiro, conta que o aumento nos preços para manter os veículos é o principal fator problemático. “Acontece justamente por falta de carros nas vias, geram valores exorbitantes e demora. Estamos com menos motoristas”.

Conforme explicado por Paulo, uma corrida que custaria R$ 6,30 às 10h30min no bairro Universitário tem chegado a R$ 18,90. A justificativa da Associação é de que os valores gastos na locação de veículos somados ao constante aumento nos combustíveis levam os resultados aos usuários: preços altos e demora para chegada de motoristas.

Pensando apenas em gastos para locação, Paulo diz que um carro popular varia entre R$ 450 e R$ 500 semanais para que o motorista utilize 4 mil quilômetros livres. Passando dessa quilometragem, o valor aumenta conforme a distância percorrida.

“São preços acima do normal. Fizemos várias reuniões, manifestações, mas infelizmente nunca obtivemos sucessos em algumas pautas. É essa sem dúvidas a batalha mais difícil que estamos enfrentando”, Paulo diz.  Uma das saídas vista pelo representante dos motoristas é a nova opção da Uber que está em fase de cadastro.

Além da opção de carros, o aplicativo irá iniciar durante as próximas semanas o serviço de motos. "Acreditamos que o mercado de motos vai aquecer, provavelmente aumentar o números de oficinas especializadas em manutenção, precisamos levar algumas pautas para termos um diálogo", Paulo relata.

Enquanto a novidade não afeta o cotidiano, o presidente do Associação diz que o jeito é continuar lutando por mudanças tanto para os motoristas quanto para os usuários.

O Campo Grande News procurou as locadoras de veículos mais procuradas por motoristas de aplicativo na Capital através de ligações, presencialmente e por e-mail. Até o momento não houve retorno.