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Capital

Patrimônio, rotunda terá cara nova e seminário discute memórias do trem

Cotada para se tornar espaço cultural, área exige estudo sobre história e danos para ser revitalizada

Aline dos Santos | 28/09/2017 12:27
Rotunda vista do alto em Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)
Rotunda vista do alto em Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)
Segundo Maria Clara, maior desafio é dar uso para o espaço. (Foto: Marina Pacheco)
Segundo Maria Clara, maior desafio é dar uso para o espaço. (Foto: Marina Pacheco)

Retrato do passado e atual expoente do abandono, a rotunda, localizada na Esplanada Ferroviária de Campo Grande, deu um passo nesta quinta-feira (dia 28) para ganhar cara nova.

De acordo com superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Mato Grosso do Sul, Maria Clara Mascarenhas Scardini, foi assinado o contrato de R$ 78 mil para elaboração de projeto executivo. Agora, começa o debate com a prefeitura, que faz a gestão do complexo ferroviário, e entidades sobre a destinação do local.

“Vamos envolver as outras entidade para decidir o que vai ser, projetar já com um Norte. O mais importante é você dar uso para o espaço. Porque a tendência dele se degradar é muito menor. Torço, independente do que seja, que tenha bom uso para a sociedade”, afirma Maria Clara.

Cotada para se tornar espaço cultural, a revitalização da área exige um estudo complexo. Conforme a arquiteta Tatyane Sangalli, da empresa TS2 Arquitetura e Construções, que vai realizar o projeto, é preciso fazer pesquisa histórica e levantamento de danos.

A saga da rotunda é acompanhada pelo Campo Grande News. Apesar de ser patrimônio histórico, o local não tem uma destinação específica. Numa rotina aberta ao vandalismo, usuários de drogas, “favelinha” e, por vezes, vira estacionamento e cenário de ensaios fotográficos.

No passado, o local era a oficina dos trens que passavam pela cidade. A historiadora Maria Madalena Dib Mereb Greco, autora do livro “A Menina e o Trem”, explica que na estrutura circular eram colocados os trens para o conserto, cada um em sua baia. Nos serviços, entrava por exemplo reparos na caixa de areia, acoplada na frente da locomotiva. A areia era espalhada para garantir aderência ao enfrentar trilhos escorregadios.

Localizada do prolongamento da rua 14 de Julho, no bairro São Francisco, a rotunda de Campo Grande, uma das três tombadas no Brasil, foi construída entre 1941 e 1943.

Rotunda era a oficina dos trens que passavam pela cidade
Rotunda era a oficina dos trens que passavam pela cidade

Memória - Hoje e amanhã, a esplanada sedia o “I Seminário Nacional de Memória e Preservação do Patrimônio Ferroviário em Mato Grosso do Sul”. A programação inclui palestras, exposição e apresentação teatral.

Representante do Iphan de Brasília, o arquiteto Fábio Guimarães Rolim destaca que o debate tem um objetivo alvissareiro. “É promissor. Não só quando se fala de patrimônio cultural. Temos uma série de normativos, leis. Mas a articulação é a tônica da gestão. Não pode desanimar. O desafio tem que ser maior do que o desânimo”, diz.

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Paulo Cabral afirma que a esplanada convive com desafios, como uma construção irregular ao lado do próprio instituto.

“Mas poderia ser pior também. É preciso ocupar e dar vitalidade para esse espaço. A memória é algo que se constrói. Não é uma coisa que está pronta”, afirma. O seminário acontece no Instituto Histórico e Geográfico, localizado na avenida Calógeras, 504, Centro.

Seminário sobre preservação do patrimônio ferroviário acontece hoje e amanhã. (Foto: Marina Pacheco)
Seminário sobre preservação do patrimônio ferroviário acontece hoje e amanhã. (Foto: Marina Pacheco)
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