Cassino no Guanandi era administrado por policial penal aposentado, diz polícia
Equipe foi acionada para atender um disparo de arma de fogo, mas se deparou com espaço de jogos de azar
Quatro pessoas envolvidas com jogos de azar no Bairro Guanandi foram conduzidas até a delegacia, na noite desta quarta-feira (29), após denúncia anônima levar ao descobrimento de mais um cassino em Campo Grande. O proprietário do espaço, segundo Boletim de Ocorrência, é um policial penal aposentado de 42 anos, também foi encaminhado à Depac Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) para prestar mais esclarecimentos. O filho dele chegou a se alterar com a presença da guarnição e foi detido por resistência.
Conforme apurado pela reportagem, as quatro pessoas atuavam em ações distintas. Um rapaz que não teve o nome divulgado à imprensa fazia anotações em cadernos com os gastos e lucros do dia. Já uma mulher ensinava os apostadores no manuseio das máquinas.
A equipe da PM resumiu que foi acionada para atender um disparo de arma de fogo, mas se deparou com os equipamentos escondidos em uma segunda sala, atrás das mesas de bilhar.
Três senhoras jogavam no momento da apreensão. Elas foram ouvidas e liberadas, mas posteriormente serão qualificadas pelo crime de contravenção. A reportagem também ouviu vizinhos, que descreveram a movimentação como "entra e sai".
Até o fechamento desta matéria, a Polícia Civil fazia diligências no local e não tinha a quantidade estimada de dinheiro apreendido junto às máquinas.
O caso - No fim de tarde desta quarta-feira (29), cassino foi descoberto no local - que funciona ainda como buffet para eventos, conforme letreiro. Após denúncia anônima, policiais militares apreenderam 16 máquinas caça-níqueis.
Esta é a segunda casa de jogos ilegais fechadas esta semana em Campo Grande após a polícia ser comunicada por fonte anônima. Na noite de segunda-feira (27), policiais da Força Tática da 6ª Companhia Independente da Polícia Militar fecharam um cassino que funcionava na calma Rua Luiz Dodero, no Bairro Jardim São Bento. No local, 14 equipamentos eletrônicos foram encontrados.
A equipe policial recebeu uma denúncia similar, dizendo que duas pessoas, supostamente armadas, estariam discutindo em frente a uma casa de jogos. A guarnição foi averiguar a situação e, ao chegar à residência, encontrou um funcionário que disse apenas zelar pelo espaço.
A reportagem teve acesso ao ambiente. As máquinas avaliadas entre R$ 30 mil a 40 mil acompanhadas de cadeiras almofadadas, em um ambiente escuro, equipavam o cassino, instalado em área nobre, na rua que conecta o bairro com a Avenida Eduardo Elias Zahran.
O que diz a lei? - Cassinos ou qualquer atividade que inclua jogos de fortuna ou azar não são autorizados no Brasil. Os anos anteriores a 1946 são considerados “era de ouro” da jogatina no País, quando o presidente Getúlio Vargas legalizou a prática para fomentar o turismo.
O artigo 50 da Lei de Contravenções Penais, restaurado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra em 46, proíbe “estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele” e prevê pena de prisão para quem descumprir essa regra.
Até 1993, apostas ficaram totalmente proibidas no Brasil até que, durante o governo Itamar Franco, a Lei nº 8.672, conhecida como “Lei Zico”, autorizou o retorno dos bingos promovidos por entidades esportivas, apenas para arrecadar recursos para fomentar os esportes no País. A liberação foi derrubada em 1998.
Desde então, várias tentativas de legalizar os cassinos passaram pelo Congresso Nacional.
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