Prefeito tira do papel obra parada há 30 anos e lança o Centro de Belas Artes
Marquinhos Trad elogia iniciativa dos prefeitos anteriores, que fizeram de tudo para recuperar a obra
A prefeitura de Campo Grande assinou, na manhã desta sexta-feira (25), a ordem de serviço da construção do Centro de Belas Artes, obra parada há mais de 30 anos, no Bairro Cabreúva, na Capital.
A previsão é de que o projeto seja concluído até o segundo semestre de 2023, de acordo com a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos).
O local fica na Avenida Ernesto Geisel com a Rua Plutão e nasceu em 1991, inicialmente para ser a nova rodoviária de Campo Grande. A execução se arrastou por 16 anos, quando foi replanejado que fosse prédio cultural. Desde então, passou pela mão de diversas gestões, mas sempre sem sucesso.
Em cerimônia da assinatura, o prefeito, Marcos Trad (PSD), destacou que a construção sempre teve dificuldade e que outras prefeituras e governos tentaram fazer o que podiam, para que fosse terminada. “Todo mundo tentou concluir essa obra.”
Trad menciona que nenhum dos prefeitos anteriores - André Puccinelli (PMDB), Nelson Trad (então PMDB) e Alcides Bernal (PP) - deixaram a obra parada, bem como o ex-governador Pedro Pedrossian (PTB).
“Todos quiseram, todos tentaram, foram para Brasília, buscar recursos, mas houve muita burocracia. Reconheço a força de vontade, dos outros que me antecederam, todos tiveram boa fé.”
“De uma vez por todas, tomara Deus que essa obra seja entregue”, disse Trad, ao comentar que o atraso nas licitações pode provocar o aumento no preço de materiais de construção.
O titular da pasta, Rudi Fioresi, ressalta que o local abrigará repartições públicas do município, tais como auditórios, salas de dança ou espaços multiusos, vinculados à Sectur (Secretaria Municipal de Turismo). Ao todo, são mais de 2,9 mil metros quadrados de área construída.
“É um passo decisivo, porque aqui tem dinheiro público, investido desde a década de 1990. É uma obra que passou por inúmeros problemas.”
O secretário de Turismo, Max Freitas, comenta que a obra “não vai ser mais um elefante branco”, mas sim um “elefante colorido”, se referindo à cultura indiana, que acredita que o animal traz boa sorte e prosperidade.
A vice-prefeita, Adriane Lopes (Patriota), destacou que, quando a obra estiver concluída, haverá benefícios à população, relacionados ao acesso à cultura e ao bem-estar.
Histórico - A obra originalmente abrigaria o novo terminal rodoviário da Capital e foi iniciada em 1991, pelo governo de Mato Grosso do Sul. Após três anos, a execução estacionou.
Em 2006, na gestão de André Puccinelli (PMDB), a prefeitura recebeu a obra e decidiu que seria o Centro Municipal de Belas Artes.
Nesta nova fase, o projeto arquitetônico seria executado por partes - a primeira foi em 2008, a partir de contrato de mais de R$ 6 milhões com a Mark Engenharia.
Em 2013, com 80% executado, a empreiteira não concluiu por conta de atraso nos pagamentos das medições realizadas e a gestão Alcides Bernal (PP) paralisou a obra. A empresa recorreu ao Poder Judiciário para que os pagamentos fossem feitos.
Em 2017, a primeira gestão de Trad acordou com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), para continuar a construção. Nova licitação foi realizada em 2019 e em 2020, a empresa foi contratada.
Em maio de 2020, a Justiça suspendeu a obra ao descobrir que o município ainda devia à empresa que começou a execução. Então, a empresa licitada desistiu do contrato em função de defasagem dos valores, que ficaram mais caros.
Após meses de indefinição, uma nova licitação foi lançada em outubro de 2021, resultando na classificação da Orkan, em janeiro deste ano.
Projeto - Com a retomada de agora, prevê-se investir R$ 4.090.301,56 em intervenções no subsolo, onde em princípio, poderá funcionar o Arquivo Histórico Municipal, com espaço para o acervo do arquivo municipal e biblioteca.
A empresa Orkan Construtora, de Sidrolândia, venceu a licitação e o montante pelo serviço. As intervenções iniciais serão de desobstrução da canalização de água e esgoto. Em seguida, os trabalhos serão de reconstrução do que foi danificado, passadas três décadas de abandono.
No primeiro andar, deverá ser abrigada a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), com salas de dança, duas salas de multiuso, com até 650 lugares, e auditório com 124 lugares.
O projeto visa intervir 28% de toda a área da estrutura, que tem 16 mil metros quadrados. Além disso, a prefeitura estuda firmar parceria público-privada para conclusão e aproveitamento dos demais 12,4 mil metros quadrados.