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Capital

Prefeitura diz que vai apurar caso de usuário intubado após sair de clínica

A unidade envolvida é conveniada ao município e opera com recursos públicos

Por Lucas Mamédio | 31/12/2024 18:44


A Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos de Campo Grande disse que está apurando o caso do dependente químico de 29 anos encontrado desacordado na porta de uma clínica de reabilitação localizada no Bairro Chácara Cachoeira. O paciente, que convulsionou após supostamente ingerir grandes quantidades de medicamentos controlados, encontra-se internado em estado grave no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.

Segundo a SDHU, a unidade envolvida é conveniada ao município e opera com recursos públicos por meio da Coordenadoria de Proteção à População em Situação de Rua e Políticas sobre Drogas. O órgão garantiu que uma visita será realizada na clínica para averiguar as circunstâncias relatadas, embora não tenha informado a data da inspeção.

“Caso sejam identificadas irregularidades ou descumprimento das normativas estabelecidas, as medidas cabíveis serão adotadas, podendo incluir notificações, penalidades administrativas e, em última instância, o descredenciamento da instituição”, afirmou a Subsecretaria.

Família acusa negligência - O caso ganhou destaque após a família do paciente denunciar o abandono. O pai, Rogério, relatou que a clínica ligou no último sábado (28) para informar que não manteria mais o paciente, alegando que ele não colaborava com a rotina. Rogério pediu que aguardassem até o final do dia, quando ele poderia buscá-lo, mas, ao chegar ao local, encontrou o filho do lado de fora, com seus pertences enrolados em um lençol.

“Entreguei meu filho nas mãos da administração da clínica com tudo documentado e o mínimo que esperava era que ele fosse entregue de volta nas minhas mãos, não largado na porta como foi. Meu filho tem seus defeitos, mas merecemos respeito”, desabafou Rogério.

Pouco tempo depois de entrar no carro, o paciente começou a convulsionar e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leblon, sendo posteriormente transferido ao HRMS. Ele está entubado com suspeita de pneumonia grave e sob efeito de medicamentos controlados que ingeriu em excesso.

Embora a Prefeitura não tenha definido uma data para a visita à clínica, o caso segue sendo apurado. Caso sejam confirmadas irregularidades, a instituição pode ser penalizada ou mesmo descredenciada do sistema municipal de atendimento.

Outro lado - Enfermeiro e advogado na instituição, Cleronio Nóbrega, conversou com o Campo Grande News e contou o que aconteceu naquele sábado. Segundo ele, o interno nunca colaborou com a organização do ambiente que vivia e não obedecia às ordens impostas para todos.

“Imagina manter o controle de 20 pessoas sem ordens? É impossível! Por isso, a gente mantém uma rotina com os pacientes e esse rapaz não colaborou com nada. Nesse dia em questão, ele estava escalado para ajudar na cozinha, mas não quis. Então, ligamos para o pai e a madrasta para que ele se retirasse”, explica Cleronio.

O gestor confirma que houve o combinado de esperar até o fim da tarde, mas o rapaz insistiu em sair para fumar e, uma vez fora da instituição, não poderia voltar mais. “A gente não segura ninguém aqui dentro. Se a pessoa não quiser ficar, deixamos ir. Ele não quis esperar, devolvemos os pertences dele, as receitas médicas, os remédios e ele saiu. O que ele fez do lado de fora não é nossa responsabilidade”.

Na entrada principal da clínica de reabilitação há um banner, que diz "aqui tem vagas de acolhimento financiadas pelo Governo Federal". Porém, durante a conversa com a reportagem, Cleronio informou que todos os trabalhadores do local são voluntários.

Para deixar claro: o vídeo gravado na porta da clínica foi feito por um dos funcionários. É possível ver que há comprimidos soltos pelo chão e várias cartelas violadas. A reportagem optou por silenciar os nomes de remédios citados por quem fazia a filmagem, mas são os mesmos presentes no receituário do paciente.

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